|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com avanço da ciência, religião perde sentido, afirmam os ateus
DA REPORTAGEM LOCAL
O conhecimento é o assassino de Deus, definem os ateus
brasileiros. Para eles, à medida
que a ciência avança e as pessoas estudam mais, as religiões
perdem o sentido e deixam à
vista seu caráter opressivo.
"Qual o critério científico para se ensinar a existência de um
Deus?", questiona o juiz gaúcho
Roberto Lorea, que em 2005
provocou polêmica ao pedir a
retirada de crucifixos dos tribunais do país.
O argumento é semelhante
ao de Leôncio Martins Rodrigues, professor titular aposentado de ciência política da USP
e da Unicamp, ao explicar os
motivos que alçam os livros que
questionam a existência de
Deus a boas vendagens no Brasil. "A grande maioria dos crentes é composta por pessoas de
baixa renda e baixa escolaridade que, habitualmente, não figuram entre os principais
clientes de livrarias", afirma
Rodrigues.
"Geralmente, os ateus e os
agnósticos são de escolaridade
mais alta do que a massa de
crentes, o que não exclui o fato
da existência de muitas pessoas
com formação educacional elevada que acreditam na existência de um Deus."
O biólogo Aldo Malavasi, secretário-geral da Sociedade
Brasileira para o Progresso da
Ciência, tem 57 anos e foi católico praticante até os 30 anos.
Hoje, é ateu. "Minha descrença
tem uma forte base no que
ocorreu quando minha filha,
concluindo o curso de medicina, costumava se chocar na clínica de oncologia infantil."
Malavasi e Rodrigues contam que já desafiaram Deus:
pediram que um raio caísse sobre eles se Deus existisse. Nada
aconteceu.
O cantor Lobão, 50, teve esse
certeza antes. Aos cinco anos
de idade, durante as aulas de
catequese, se revoltou contra o
mandamento que obriga o fiel a
amar a Deus sobre todas as coisas. "Como me pedem para
amar mais um cara que eu não
conheço do que meu pai e minha mãe? É um baita absurdo",
diz ele. "O problema no Brasil é
que ser ateu é quase sinônimo
de ser mau caráter."
Malavasi explica a persistência da religião e a visão negativa
dos ateus no Brasil a partir da
teoria da evolução. "A religião
está mais entranhada em culturas mais primitivas. À medida
que a ciência progride e consegue respostas para esses fenômenos, a religião passa a ser secundária", afirma.
Texto Anterior: Rabino, xeque, bispo e comunista dizem em que Deus acreditam Próximo Texto: Despedida: Na última sessão do Senado, só 8 dos 81 parlamentares estavam no plenário Índice
|