São Paulo, terça-feira, 25 de dezembro de 2007

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Com avanço da ciência, religião perde sentido, afirmam os ateus

DA REPORTAGEM LOCAL

O conhecimento é o assassino de Deus, definem os ateus brasileiros. Para eles, à medida que a ciência avança e as pessoas estudam mais, as religiões perdem o sentido e deixam à vista seu caráter opressivo.
"Qual o critério científico para se ensinar a existência de um Deus?", questiona o juiz gaúcho Roberto Lorea, que em 2005 provocou polêmica ao pedir a retirada de crucifixos dos tribunais do país.
O argumento é semelhante ao de Leôncio Martins Rodrigues, professor titular aposentado de ciência política da USP e da Unicamp, ao explicar os motivos que alçam os livros que questionam a existência de Deus a boas vendagens no Brasil. "A grande maioria dos crentes é composta por pessoas de baixa renda e baixa escolaridade que, habitualmente, não figuram entre os principais clientes de livrarias", afirma Rodrigues.
"Geralmente, os ateus e os agnósticos são de escolaridade mais alta do que a massa de crentes, o que não exclui o fato da existência de muitas pessoas com formação educacional elevada que acreditam na existência de um Deus."
O biólogo Aldo Malavasi, secretário-geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, tem 57 anos e foi católico praticante até os 30 anos. Hoje, é ateu. "Minha descrença tem uma forte base no que ocorreu quando minha filha, concluindo o curso de medicina, costumava se chocar na clínica de oncologia infantil."
Malavasi e Rodrigues contam que já desafiaram Deus: pediram que um raio caísse sobre eles se Deus existisse. Nada aconteceu.
O cantor Lobão, 50, teve esse certeza antes. Aos cinco anos de idade, durante as aulas de catequese, se revoltou contra o mandamento que obriga o fiel a amar a Deus sobre todas as coisas. "Como me pedem para amar mais um cara que eu não conheço do que meu pai e minha mãe? É um baita absurdo", diz ele. "O problema no Brasil é que ser ateu é quase sinônimo de ser mau caráter."
Malavasi explica a persistência da religião e a visão negativa dos ateus no Brasil a partir da teoria da evolução. "A religião está mais entranhada em culturas mais primitivas. À medida que a ciência progride e consegue respostas para esses fenômenos, a religião passa a ser secundária", afirma.


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