São Paulo, terça-feira, 25 de dezembro de 2007

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Rabino, xeque, bispo e comunista dizem em que Deus acreditam

DA REPORTAGEM LOCAL

A fé do rabino Michel Schlesinger, 30, da CIP (Congregação Israelita Paulista), só é abalada quando vê uma criança sofrer. O xeque Jihad Hammadeh, vice-presidente da Assembléia Mundial da Juventude Islâmica na América Latina, diz que só abraçou a religião aos 15 anos -ele tem 42.
D. Odilo Scherer, 58, arcebispo de São Paulo, diz nunca ter "duvidado seriamente da existência de Deus". O deputado Aldo Rebelo, do PC do B, 51, acreditou em Deus quando se recuperou de uma doença.
O rabino diz ter certeza de que Deus existe quando vê o nascimento de uma criança, mas já se perguntou onde Ele estava durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando sua avó foi presa em um campo de concentração.
O Deus no qual ele crê "é bom e está disponível para escutar tudo o que nós temos para escutar mesmo que nós digamos coisas difíceis, não apenas louvores e elogios".
"Uma pessoa que normalmente se classifica como crente é uma pessoa que, na maior parte do tempo, crê. Às vezes eu acredito mais, às vezes eu acredito menos", diz o rabino.
O xeque Jihad nasceu na Síria e chegou ao Brasil com sete anos. Sua família era muçulmana, mas não tinha resposta a suas perguntas. Como queria saber os porquês de sua fé, obteve, aos 15 anos, uma bolsa de estudos sobre o islamismo na Arábia Saudita. "É natural do ser humano procurar o seu criador. Até o ateu, que tenta buscar algo físico para isso."
Para o xeque, livros que questionam a existência de Deus mostram um certo comodismo das pessoas. "O materialismo leva os indivíduos ao vazio, e o vazio provoca a curiosidade. Esses livros servem como desculpa porque as pessoas querem preencher esse vazio sem pagar muito. Ter uma religião exige disciplina."
Aldo Rebelo nasceu em Alagoas e sofreu de esquistossomose (doença conhecida como barriga-d'água) aos 11 anos. "Minha mãe fez promessa, rezou, eu também pedi", diz o deputado cujo partido prega o materialismo histórico e o ateísmo. "Mesmo no partido, nunca deixei de acreditar."
O maior momento de dúvida de Aldo é o futebol - ele torce para o Palmeiras. "Quando rezo para o meu time ganhar e ele perde, por alguns segundos penso que Deus não existe."


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