|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rabino, xeque, bispo e comunista dizem em que Deus acreditam
DA REPORTAGEM LOCAL
A fé do rabino Michel Schlesinger, 30, da CIP (Congregação Israelita Paulista), só é abalada quando vê uma criança sofrer. O xeque Jihad Hammadeh, vice-presidente da Assembléia Mundial da Juventude Islâmica na América Latina, diz
que só abraçou a religião aos 15
anos -ele tem 42.
D. Odilo Scherer, 58, arcebispo de São Paulo, diz nunca ter
"duvidado seriamente da existência de Deus". O deputado
Aldo Rebelo, do PC do B, 51,
acreditou em Deus quando se
recuperou de uma doença.
O rabino diz ter certeza de
que Deus existe quando vê o
nascimento de uma criança,
mas já se perguntou onde Ele
estava durante a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945),
quando sua avó foi presa em
um campo de concentração.
O Deus no qual ele crê "é bom
e está disponível para escutar
tudo o que nós temos para escutar mesmo que nós digamos
coisas difíceis, não apenas louvores e elogios".
"Uma pessoa que normalmente se classifica como crente
é uma pessoa que, na maior
parte do tempo, crê. Às vezes eu
acredito mais, às vezes eu acredito menos", diz o rabino.
O xeque Jihad nasceu na Síria e chegou ao Brasil com sete
anos. Sua família era muçulmana, mas não tinha resposta a
suas perguntas. Como queria
saber os porquês de sua fé, obteve, aos 15 anos, uma bolsa de
estudos sobre o islamismo na
Arábia Saudita. "É natural do
ser humano procurar o seu
criador. Até o ateu, que tenta
buscar algo físico para isso."
Para o xeque, livros que questionam a existência de Deus
mostram um certo comodismo
das pessoas. "O materialismo
leva os indivíduos ao vazio, e o
vazio provoca a curiosidade.
Esses livros servem como desculpa porque as pessoas querem preencher esse vazio sem
pagar muito. Ter uma religião
exige disciplina."
Aldo Rebelo nasceu em Alagoas e sofreu de esquistossomose (doença conhecida como
barriga-d'água) aos 11 anos.
"Minha mãe fez promessa, rezou, eu também pedi", diz o deputado cujo partido prega o
materialismo histórico e o
ateísmo. "Mesmo no partido,
nunca deixei de acreditar."
O maior momento de dúvida
de Aldo é o futebol - ele torce
para o Palmeiras. "Quando rezo
para o meu time ganhar e ele
perde, por alguns segundos
penso que Deus não existe."
Texto Anterior: Igreja lança ofensiva contra valores ateus Próximo Texto: Com avanço da ciência, religião perde sentido, afirmam os ateus Índice
|