São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 2001

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SÃO PAULO

Governador licenciado passa por terceira sessão de quimioterapia pela manhã e, à tarde, participa de solenidade

Covas inaugura obra e reage a protestos

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de se submeter à terceira sessão de quimioterapia, o governador licenciado de São Paulo, Mário Covas (PSDB), 70, reagiu ontem com gestos de desaprovação a um grupo de manifestantes contrários à cobrança de pedágio na nova marginal da rodovia Castelo Branco, em Barueri.
Acompanhado do governador interino, Geraldo Alckmin, do ministro José Serra (Saúde) e de vários secretários de governo, no final da manhã, Covas fez vistoria e inaugurou a primeira etapa da obra (sentido capital), que foi realizada com investimentos da Viaoeste (concessionária do sistema Castelo Branco-Raposo Tavares). A solenidade aconteceu em tenda montada no local.
Cerca de 20 pessoas se posicionaram ao lado do palanque em que estavam as autoridades, com faixas de protesto, apitos e narizes de plástico de palhaço para se manifestar contra o pedágio de R$ 3,50 que terão que pagar para utilizar a marginal inaugurada ontem. Covas, que subiu no palanque de cadeira de rodas, ajudado pelo filho, Mário Covas Neto - o Zuzinha-, não gostou.
Às 12h19, o governador licenciado começou seu discurso elevando o braço esquerdo com a mão fechada em direção aos manifestantes. Momentos antes, enquanto Alckmin discursava, Covas gesticulava demonstrando irritação. Ele chegou a apontar para os manifestantes enquanto falava baixinho com o secretário dos Transportes, Michael Zeitlin.
Covas disse que os pobres não têm que pagar por uma obra que vai beneficiar os moradores de Alphaville, condomínio de classe média alta localizada nos municípios de Barueri e Jandira. É que, segundo ele, os usuários terão a opção de utilizar a antiga Castelo Branco sem pagar pedágio.
"Quem quer pagar paga, quem não quer pagar não paga. Passou naquela guarita, vai ter que morrer no dinheiro. Todo mundo pode escolher alternativa para não passar por ali. Não quer pagar, não paga. Pega a estrada e vai dando a volta. Desde moleque, quando eu estava na escola, ouvi que o dinheiro do povo era para ser usado prioritariamente para o povo."
Quando a segunda marginal da Castelo Branco (sentido São Paulo-Barueri) estiver concluída, em março ou abril, a capacidade total será ampliada de 5.400 veículos por hora para 12.600, incluindo as duas marginais.
Ao discursar antes de Covas, Alckmin disse que é mais "justo" que os usuários paguem pelas novas marginais da Castelo Branco.
"Não nos preocupamos com atitudes isoladas de alguém que, às vezes, não entende o interesse coletivo. Mas esse governo tem compromisso com o bem comum, com o interesse do cidadão", afirmou Alckmin.
Covas disse ainda que a obra vai reduzir os congestionamentos na Castelo Branco. Ele afirmou que o Rodoanel (sistema rodoviário que visa desafogar o trânsito na capital paulista) deverá ser uma outra opção para quem quiser evitar o pagamento de pedágio nas marginais da Castelo.
"É muito fácil dizer que o dinheiro do povo é para ser aplicado para o povo e na hora H aplicar para o mais rico. Não se pode dizer que essa é uma região pobre, não é uma região pobre. Alphaville não é uma região pobre. Entre botar dinheiro aqui e botar em outro lugar, eu ponho em outro lugar, onde precise mais", disse.
O governador licenciado citou como exemplo de obra que beneficia pobre a reurbanização da favela México 70, no município de São Vicente. O local foi visitado por Covas na última quarta-feira.
"O que a gente tem que discutir é se o que está sendo feito é a melhor aplicação. A minha impressão é que aqui foi. Eu fico muito satisfeito porque estou vendo uma obra que sonhei com ela. Essa foi uma obra que eu acarinhei tanto nos meus sonhos, eu tenho tanta convicção de sua necessidade", disse Covas.
Para o presidente da Associação dos Residentes em Alphaville 2, Arnaldo Menck, o problema é o valor do pedágio, de R$ 3,50, considerado elevado. Segundo o presidente da Sociedade Inter-Alphaville (SIA), Francisco Hermano Pereira Lima, os moradores da região estão tentando reverter na Justiça o valor do pedágio. Ele disse que os maiores prejudicados não vão ser os moradores de Alphaville, e sim as pessoas que moram nos municípios da região e trabalham na capital.


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