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ELEIÇÕES-2002
Serristas vêem contradição no comportamento de pefelista e criticam "plantação" de versões sobre telefonema
Encontro de Roseana e Serra está sob risco
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As provocações feitas pela governadora Roseana Sarney (PFL-MA) um dia após haver solicitado
uma conversa com José Serra, o
pré-candidato do PSDB à Presidência, colocaram em risco o encontro entre eles previsto para a
próxima semana.
A equipe de Serra considerou
contraditório o comportamento
da virtual candidata do PFL: num
dia, ela ligou pedindo um encontro; no outro, condicionou a conversa ao crescimento do ministro
da Saúde nas pesquisas.
"Já que dizem que minha propaganda parece comercial de cerveja, vou imitar a propaganda da
Embratel: Serra, faça primeiro um
21 e depois a gente conversa", disse Roseana anteontem, numa referência aos 21% que obteve na última pesquisa Datafolha.
"Das duas, uma: ou o pedido
para uma conversa foi jogo de cena para atrair a atenção, ou ela se
arrependeu do pedido, o que parece mais provável", disse um tucano ligado à campanha de Serra.
Entre os tucanos, a queixa é que
Roseana e sua equipe têm "plantado" versões incorretas sobre o
telefonema que ela deu ao ministro e sobre a conversa da governadora com o presidente Fernando
Henrique Cardoso no Palácio da
Alvorada, na quarta passada.
A conversa com Serra pelo telefone teria sido breve, e os dois teriam se limitado a falar sobre a
possibilidade de um encontro na
próxima semana. Mas anteontem, em São Paulo, Roseana disse
que conversou sobre as condições
necessárias para governar.
A equipe de campanha de Serra
atribui também à pefelista a informação de que, na conversa com
FHC, ela teria reclamado de discriminação na liberação de verbas
federais para o Maranhão. O assunto não teria sido abordado.
Ao saber da notícia, Serra falou
a um interlocutor: "Posso até me
imolar em praça pública, se for
para melhorar os índices sociais
do Maranhão".
Problemas
As queixas, na realidade, são recíprocas, o que dificulta ainda
mais a realização do encontro. A
governadora, por exemplo, atribui a Serra a versão segundo a
qual teria procurado o ministro
para preparar o terreno a eventual
desistência de sua candidatura.
Foi por esse motivo, de acordo
com interlocutores de Roseana,
que a pefelista provocou Serra na
entrevista à Folha. Com isso ela
esperaria inviabilizar de vez a
conversa acertada para a próxima
semana. No futuro, ela poderia dizer que quis a união, que procurou o tucano para conversar e que
ele se recusou.
A agenda de Serra também
conspira contra a conversa dos
dois pré-candidatos. O ministro,
que passa o fim de semana em São
Paulo, vai na segunda-feira a Pernambuco. No dia seguinte, cumpre uma extensa programação em
Maceió e no sertão de Alagoas.
Na quarta-feira, Serra estará em
Sinop (a 500 km de Cuiabá), em
Mato Grosso.
Em todos os Estados, cumprirá
uma dupla jornada de ministro e
candidato.
Em Pernambuco, Serra cumprirá agenda ao lado do presidente
da República, que apóia a sua candidatura. Na conversa que teve
com Roseana, FHC disse à governadora maranhense que, como
presidente de honra do PSDB,
apoiará José Serra, mas, como
presidente da República, tem todo o interesse em manter a unidade da coalizão dos partidos que
apóiam o governo.
Colaborou OTÁVIO CABRAL, do Painel
em Brasília
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