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São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 2003

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Doação ao Fome Zero serve de vitrine

EVANDRO SPINELLI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

De Gisele Bündchen a criadores de gado guzerá, o programa Fome Zero, já anunciado, mas ainda não lançado oficialmente, já recebeu pelo menos sete grandes doações ou promessas de doação.
O problema é que o governo não quer recolher essas doações e, para isso, vai lançar em fevereiro um mutirão de combate à fome, que até vai estimular a sociedade civil a participar, mas não vai se responsabilizar pelas adesões.
Enquanto isso, os doadores voluntários vão usando o programa para tentar conseguir algum tipo de favor do governo ou espaço na mídia, na onda do apoio popular ao Fome Zero e ao novo governo.
Um grupo de perueiros do Rio de Janeiro, por exemplo, esteve nesta semana em Brasília para pedir que o governo federal proibisse as polícias estaduais de apreenderem vans que estivessem transportando passageiros.
Para conseguir a atenção do governo, os perueiros espalharam cerca de 2,5 toneladas de alimentos na praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto, e declararam apoio ao Fome Zero, propondo-se inclusive a ajudar a recolher doações e distribuí-las no Rio de Janeiro.
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Segurança Alimentar e Combate à Fome, os alimentos estão sendo distribuídos a entidades assistenciais do Distrito Federal.
Ainda na primeira semana do ano, a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) anunciou que vai doar 24 toneladas de alimentos ao Fome Zero.
O anúncio foi feito após uma audiência com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que declarou que o governo vai ampliar os recursos destinados ao cooperativismo de crédito para facilitar o acesso dos pequenos e médios produtores ao financiamento agrícola.
Na ocasião, o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, declarou que o cooperativismo, ao se engajar no Fome Zero, estava "apenas cumprindo um de seus princípios, que é o de contribuir com a comunidade".
A modelo Gisele Bündchen anunciou que vai doar o seu cachê de US$ 150 mil dólares pela participação no São Paulo Fashion Week, que começa na segunda-feira, ao programa.

Leilão
O criador Roberto Neszlinger, de Barra Bonita (SP), fará um leilão de gado guzerá em 15 de fevereiro e parte da renda do evento será destinada ao Fome Zero.
A multinacional Nestlé informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que pretende colaborar com o programa, mas que os detalhes ainda estão sendo estudados. Já o Instituto Ethos de Responsabilidade Social, presidido por Oded Grajew, atual assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informou que vai lançar uma campanha para explicar às empresas como colaborar com o Fome Zero.
O Ministério da Segurança Alimentar informou que, à exceção dos alimentos doados pelos perueiros, a pasta não recebeu nenhuma doação formal ao Fome Zero. Promessa de doação, apenas a das cooperativas agrícolas.


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