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Doação ao Fome Zero serve de vitrine
EVANDRO SPINELLI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
De Gisele Bündchen a criadores
de gado guzerá, o programa Fome
Zero, já anunciado, mas ainda
não lançado oficialmente, já recebeu pelo menos sete grandes doações ou promessas de doação.
O problema é que o governo
não quer recolher essas doações e,
para isso, vai lançar em fevereiro
um mutirão de combate à fome,
que até vai estimular a sociedade
civil a participar, mas não vai se
responsabilizar pelas adesões.
Enquanto isso, os doadores voluntários vão usando o programa
para tentar conseguir algum tipo
de favor do governo ou espaço na
mídia, na onda do apoio popular
ao Fome Zero e ao novo governo.
Um grupo de perueiros do Rio
de Janeiro, por exemplo, esteve
nesta semana em Brasília para pedir que o governo federal proibisse as polícias estaduais de apreenderem vans que estivessem transportando passageiros.
Para conseguir a atenção do governo, os perueiros espalharam
cerca de 2,5 toneladas de alimentos na praça dos Três Poderes, em
frente ao Palácio do Planalto, e declararam apoio ao Fome Zero,
propondo-se inclusive a ajudar a
recolher doações e distribuí-las
no Rio de Janeiro.
De acordo com a assessoria de
imprensa do Ministério da Segurança Alimentar e Combate à Fome, os alimentos estão sendo distribuídos a entidades assistenciais
do Distrito Federal.
Ainda na primeira semana do
ano, a OCB (Organização das
Cooperativas Brasileiras) anunciou que vai doar 24 toneladas de
alimentos ao Fome Zero.
O anúncio foi feito após uma
audiência com o ministro da
Agricultura, Roberto Rodrigues,
que declarou que o governo vai
ampliar os recursos destinados ao
cooperativismo de crédito para
facilitar o acesso dos pequenos e
médios produtores ao financiamento agrícola.
Na ocasião, o presidente da
OCB, Márcio Lopes de Freitas, declarou que o cooperativismo, ao
se engajar no Fome Zero, estava
"apenas cumprindo um de seus
princípios, que é o de contribuir
com a comunidade".
A modelo Gisele Bündchen
anunciou que vai doar o seu cachê
de US$ 150 mil dólares pela participação no São Paulo Fashion
Week, que começa na segunda-feira, ao programa.
Leilão
O criador Roberto Neszlinger,
de Barra Bonita (SP), fará um leilão de gado guzerá em 15 de fevereiro e parte da renda do evento
será destinada ao Fome Zero.
A multinacional Nestlé informou, por meio de sua assessoria
de imprensa, que pretende colaborar com o programa, mas que
os detalhes ainda estão sendo estudados. Já o Instituto Ethos de
Responsabilidade Social, presidido por Oded Grajew, atual assessor do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, informou que vai lançar
uma campanha para explicar às
empresas como colaborar com o
Fome Zero.
O Ministério da Segurança Alimentar informou que, à exceção
dos alimentos doados pelos perueiros, a pasta não recebeu nenhuma doação formal ao Fome Zero. Promessa de doação, apenas a das cooperativas agrícolas.
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