São Paulo, terça-feira, 26 de janeiro de 2010

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Acuado, deputado da meia deixa chefia da Câmara do DF

Com manobra, aliados de Arruda devem manter o controle do Legislativo local

Apesar de ter recuado em relação ao funcionamento da CPI, base do governador conseguiu adiar a ida de Durval Barbosa à comissão


Leonardo Carvalho/Folha Imagem
Manifestante favorável ao governador José Roberto Arruda em frente à Câmara Legislativa

FILIPE COUTINHO
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após semanas de pressão, a base que apoia o governador José Roberto Arruda (ex-DEM, hoje sem partido) conseguiu ontem tirar da presidência da Câmara Legislativa do DF o deputado Leonardo Prudente (ex-DEM, hoje sem partido), que foi flagrado em vídeo colocando dinheiro nas meias.
Como a Justiça tinha afastado Prudente do comando da Casa, o deputado do PT Cabo Patrício tinha assumido a presidência da Câmara interinamente. Agora, com a renúncia de Prudente, novas eleições terão de ser feitas, e os governistas vão aproveitar a maioria na Câmara para pôr outro aliado de Arruda no lugar de Patrício.
Desde o início do escândalo conhecido como mensalão do DEM, Prudente resistia a entregar o cargo de presidente da Câmara. Nos últimos dias, a pressão cresceu, e a tropa de choque do governador passou a falar publicamente que Prudente deveria renunciar. Agora, a Câmara terá novas eleições em no máximo uma semana. Dois aliados de Arruda são os mais cotados: Eliana Pedrosa (DEM) e Wilson Lima (PR).
Lima era cotado para uma vaga no Tribunal de Contas do DF, mas quem ficou no cargo foi Domingos Lamoglia, ex-chefe de gabinete de Arruda, filmado recebendo dinheiro. Haverá outra vaga neste ano, mas Lima nega um acordo.
O atual presidente da Câmara, Cabo Patrício, disse que a eleição será feita "o mais rápido possível". "É importante que alguém da base assuma logo a presidência da Câmara Legislativa, enterre todas as investigações e aí faça o serviço que o governador Arruda pretende fazer, que é empurrar tudo para baixo do tapete", afirmou.
Depois da tentativa de enterrar a CPI da Corrupção na semana passada, os governistas recuaram ontem e afirmaram que os trabalhos da comissão não haviam sido encerrados.
De acordo com a deputada Eliana Pedrosa, os trabalhos só foram encerrados "naquele dia", referindo-se à última quinta-feira, quando a CPI foi anulada com base em uma decisão da Justiça local. Após essa declaração, a maioria dos presentes à sessão começou a rir. "Pode rir quem quiser, mas as notas taquigráficas comprovam", disse a deputada.
Apesar de terem recuado quanto ao funcionamento da CPI, os governistas tiveram outra vitória: Durval Barbosa, que revelou o mensalão do DEM, enviou uma nota à Casa pedindo o adiamento de seu depoimento à CPI, que seria hoje.
O depoimento de Barbosa é considerado o mais importante, e desde o início da CPI os aliados de Arruda tentam empurrá-lo para o fim dos trabalhos. Barbosa argumentou que ele não sabe ainda em quais inquéritos terá o benefício da delação premiada e, por isso, "receia ofertar respostas prejudiciais à sua defesa". A CPI poderia forçá-lo a comparecer, mas os governistas preferem evitar o desgaste de novas denúncias. Não há nova data para ouvi-lo.


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