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JUDICIÁRIO
Velloso já aceita edição de MP instituindo um abono salarial
Supremo não convence
juízes a adiar paralisação
Jorge Araújo - 24.fev.2000/Folha Imagem
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O presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Velloso |
SILVANA DE FREITAS
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Carlos Velloso, fracassou ontem na
tentativa de obter uma trégua dos
organizadores da primeira greve
nacional de juízes em nome de
uma suposta saída para garantir o
aumento salarial da magistratura.
Três ministros do STF, Velloso,
Marco Aurélio de Mello e Nelson
Jobim, articulam uma última tentativa de solução para evitar a greve de juízes federais e trabalhistas
a partir de segunda-feira.
A Folha apurou que a alternativa em estudo é a edição de uma
medida provisória, dois dias após
essa iniciativa ser sepultada porque os ministros do STF recusaram-se a dar aval à assinatura da
MP pelo presidente.
O presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP), que acompanha essa articulação, disse que a
edição de uma MP é possível, particularmente no caso dos juízes
trabalhistas, porque o TST (Tribunal Superior do Trabalho) já
enviou ao Congresso projeto de
lei criando o abono.
Velloso transferiu para o presidente do STJ (Superior Tribunal
de Justiça), ministro Pádua Ribeiro, a responsabilidade pelo envio
de um projeto de lei que representaria solução semelhante para os
juízes federais.
Um dos juízes recebidos ontem
pelo presidente do STF confirmou, em caráter reservado, que
disse que o ministro estava disposto a insistir para que FHC editasse uma medida provisória.
A solução é juridicamente polêmica, porque o Supremo tem o
entendimento consolidado de
que as MPs não podem ser usadas
para disciplinar questões relativas
a salários do Poder Judiciário.
Velloso procurou ontem demonstrar esperança de que a mobilização seja suspensa, mas confirmou a perspectiva de grande
adesão. "A maioria dos juízes vai
para a greve como boi para o matadouro", disse, ao comentar o
clima de mobilização que observou anteontem durante um encontro de juízes de São Paulo.
Os três ministros que estudam
uma saída para evitar a greve foram vencidos na reunião em que
o STF recusou-se a sinalizar ao
presidente Fernando Henrique
Cardoso a constitucionalidade de
uma medida provisória instituindo o abono. Eles se recusaram a
confirmar a alternativa da MP e
disseram que esperam apresentar
uma proposta até amanhã.
Velloso recebeu ontem à tarde,
em encontros separados, os presidentes da Associação dos Juízes
Federais do Brasil, Tourinho Neto, e da Associação Nacional dos
Magistrados do Trabalho, Gustavo Tadeu Alkmim.
O presidente do TST, ministro
Wagner Pimenta, que participou
da reunião com Alkmim, fez um
apelo para que os juízes trabalhistas suspendam o movimento.
Após conversarem com o ministro, Tourinho e Alkmim confirmaram a paralisação a partir de
segunda-feira, porque só haveria
até aquele momento promessas
de concessão de um abono.
"Ele não me deu nenhum dado
concreto que pudesse promover a
desmobilização. Não podemos
suspender só com base em promessas. Ele nos pediu trégua, mas
não haverá", disse Tourinho.
Ele classificou como "picuinha"
a polêmica entre o Supremo e o
STJ sobre o envio de projeto de lei
instituindo o abono para juízes.
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