São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juíza culpa o governo pela crise

free-lance para a Folha


A vice-presidente da Associação de Juízes Federais da 2ª Região (Rio e Espírito Santo), Simone Schreiber, disse ontem que a greve dos magistrados, marcada para a próxima segunda-feira, é uma reação "à política deliberada do governo federal de enfraquecimento do Poder Judiciário".
Para ela, isso acontece porque o governo federal avalia que as decisões do Judiciário "inviabilizam a solução do problema do déficit público". A juíza citou como exemplo decisões contrárias à instituição da contribuição dos inativos e liminares contra privatizações de empresas públicas.
Está havendo, segundo a juíza, uma "desconsideração do poder Executivo e do Legislativo em relação ao Judiciário".
Schreiber disse que essa "desconsideração" é demonstrada por meio da Reforma do Judiciário e pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dedicada à investigação desse poder.

Salários
De acordo com a juíza, um delegado de polícia em início de carreira ganha um salário líquido de R$ 5.700, enquanto um magistrado com o mesmo tempo de serviço recebe R$ 3.600.
A principal reivindicação da magistratura é a aprovação de um teto salarial para o servidor público federal no valor de R$ 12.720. Isso provocaria um aumento "em cascata", proporcional para todos os magistrados, que estão com seus salários congelados desde fevereiro de 1995.
O presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho do Rio, Evandro Valadão, disse que os juízes trabalhistas e federais vão continuar despachando casos como risco de vida, liberdade e aposentadorias.

Advogados
O sindicato de advogados do Rio apoiou as reivindicações da magistratura, mas é contrário à greve de segunda-feira. O presidente do sindicato, Wadih Damous Filho, disse que o movimento "prejudica a população e os advogados que precisam desmarcar suas audiências".
Damous Filho, no entanto, não soube explicar como os magistrados poderiam reivindicar a questão salarial.
Na segunda-feira, as magistrados federais e trabalhistas no Rio vão fazer um ato público na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) para explicar a sociedade os motivos de sua mobilização.
(FERNANDA PONTES)


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Presidente do TST diz que greve é ilegal
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.