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Juíza culpa o governo pela crise
free-lance para a Folha
A vice-presidente da Associação
de Juízes Federais da 2ª Região
(Rio e Espírito Santo), Simone
Schreiber, disse ontem que a greve dos magistrados, marcada para a próxima segunda-feira, é
uma reação "à política deliberada
do governo federal de enfraquecimento do Poder Judiciário".
Para ela, isso acontece porque o
governo federal avalia que as decisões do Judiciário "inviabilizam
a solução do problema do déficit
público". A juíza citou como
exemplo decisões contrárias à
instituição da contribuição dos
inativos e liminares contra privatizações de empresas públicas.
Está havendo, segundo a juíza,
uma "desconsideração do poder
Executivo e do Legislativo em relação ao Judiciário".
Schreiber disse que essa "desconsideração" é demonstrada por
meio da Reforma do Judiciário e
pela CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) dedicada à investigação desse poder.
Salários
De acordo com a juíza, um delegado de polícia em início de carreira ganha um salário líquido de
R$ 5.700, enquanto um magistrado com o mesmo tempo de serviço recebe R$ 3.600.
A principal reivindicação da
magistratura é a aprovação de um
teto salarial para o servidor público federal no valor de R$ 12.720.
Isso provocaria um aumento "em
cascata", proporcional para todos
os magistrados, que estão com
seus salários congelados desde fevereiro de 1995.
O presidente da Associação dos
Magistrados do Trabalho do Rio,
Evandro Valadão, disse que os
juízes trabalhistas e federais vão
continuar despachando casos como risco de vida, liberdade e aposentadorias.
Advogados
O sindicato de advogados do
Rio apoiou as reivindicações da
magistratura, mas é contrário à
greve de segunda-feira. O presidente do sindicato, Wadih Damous Filho, disse que o movimento "prejudica a população e
os advogados que precisam desmarcar suas audiências".
Damous Filho, no entanto, não
soube explicar como os magistrados poderiam reivindicar a questão salarial.
Na segunda-feira, as magistrados federais e trabalhistas no Rio
vão fazer um ato público na Associação Brasileira de Imprensa
(ABI) para explicar a sociedade os
motivos de sua mobilização.
(FERNANDA PONTES)
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