|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUDICIÁRIO
Para Wagner Pimenta, juízes "ficarão muito mal" para julgar se outras paralisações são abusivas
Presidente do TST diz que greve é ilegal
da Sucursal de Brasília
O presidente do TST (Tribunal
Superior do Trabalho), ministro
Wagner Pimenta, disse que os juízes trabalhistas que entrarem em
greve a partir de segunda-feira
"ficarão muito mal", pois farão
uma greve ilegal e depois decidirão se paralisações de outros trabalhadores são abusivas ou não.
"Greve de qualquer juiz é ilegal,
porque não há lei regulamentando esse direito para os servidores", afirmou. "Uma greve ilegal é
algo muito mais grave do que
uma paralisação abusiva."
Ele fez essa avaliação porque a
Constituição prevê o direito de
greve, mas os tribunais, particularmente o STF (Supremo Tribunal Federal) que decidiria essa
questão em última instância, consideram que é preciso haver lei regulamentando os parâmetros para o exercício desse direito.
Pimenta disse que "a greve de
magistrados é totalmente indesejável" e que "trará grandes prejuízos não apenas ao conceito da
Justiça como também à imagem
do país no exterior".
O TST é o órgão da cúpula da
Justiça trabalhista, que reúne
2.900 magistrados, dos quais 500
são aposentados. Os juízes trabalhistas, por meio da Anamatra
(Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho) são um dos
setores que organizam a greve,
junto aos federais.
Pimenta reforçou avaliação do
presidente do STF, ministro Carlos Velloso, de que o movimento,
inédito, poderá afastar investidores internacionais. A paralisação
provocaria a impressão de falta de
segurança jurídica no Brasil e a
suposição de que os magistrados
brasileiros vêm recebendo tratamento injusto do governo federal.
Os organizadores da greve
questionam o entendimento do
Supremo sobre a ilegalidade da
greve. Afirmam que a situação salarial tornou-se insustentável
após cinco anos sem reajustes.
Os trabalhadores em geral podem fazer paralisações dentro de
limites estabelecidos por lei. Se
extrapolam esses limites, a Justiça
do Trabalho declara o movimento abusivo.
No caso dos servidores em geral, o STF não reconhece o direito
de greve por inexistência de lei
complementar disciplinando em
que casos podem parar.
A possibilidade de realização da
primeira greve nacional é vista
por ministros do STF como ainda
mais grave, porque o serviço da
Justiça é considerado essencial.
Se houver um pedido de declaração da ilegalidade da greve, a
questão será decidida pelo STF
porque envolve grande parte da
magistratura. Dos 11 ministros, 9
não reconhecem esse direito
quando envolve servidor público.
O líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), disse que em
princípio não é contra o aumento
para juízes. Ele proporá uma reunião dos líderes partidários na
próxima terça-feira para tratar do
projeto. "O prazo para votação é
muito curto. Para aprovarmos,
terá de haver consenso entre os líderes", afirmou Aécio.
O presidente do TRF (Tribunal
Regional Federal) da 3ª Região
em São Paulo, José Kallás, disse
ser contra a greve, mas admitiu a
"angústia" dos juízes. Segundo
ele, a magistratura está desprestigiada. "O maior prejuízo não será
para questões individuais, mas
para o Estado de Direito", disse.
Para o vice-presidente da Ajufe
(Associação dos Juízes Federais),
Wilson Zauhy, há um processo de
"desmonte" do Judiciário que ultrapassa a questão salarial. "Todos os canais estão fechados. O
STF se recusou a enviar um projeto, o presidente está desconfortável para editar uma medida provisória e há má vontade do Legislativo", disse.
(SILVANA DE FREITAS)
Com Reportagem Local
Texto Anterior: Juíza culpa o governo pela crise Próximo Texto: Líderes devem acelerar abono Índice
|