São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2000


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JUDICIÁRIO
Planalto avalia que julgamento da greve poderia acirrar confronto entre Poderes e espera solução
Governo descarta pedir ilegalidade

MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília

O governo não quer caracterizar um confronto com os juízes que reclamam reajustes salariais e afastou ontem a possibilidade de pedir a decretação da ilegalidade da greve, caso ela venha mesmo a ser deflagrada na segunda-feira.
A estratégia do governo durante todo o dia de ontem foi apostar num novo entendimento com os juízes para evitar a greve. A alternativa para um acordo, segundo interlocutores do presidente Fernando Henrique Cardoso, teria de partir do próprio Judiciário.
Segundo o secretário-geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira, o presidente está disposto a encarar qualquer solução para evitar a greve, inclusive editar uma medida provisória para atender à reivindicação dos juízes, diante de um novo sinal de disposição para negociar.
Em outras palavras, FHC está disposto a assumir o ônus da iniciativa de aumentar os salários dos juízes. A assessores, o presidente avaliou que já fizera ""o possível e o impossível" para atender às reivindicações dos juízes. Ele espera até segunda-feira um aceno do Judiciário.
O Planalto estimulou o pedido de trégua feito pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Carlos Velloso. Também apoiou a iniciativa do presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministro Wagner Pimenta, de tentar evitar a greve.
Segundo avaliação feita a interlocutores, FHC está bastante preocupado com as repercussões da eventual greve dos juízes para o prestígio do próprio Judiciário.
A hipótese de o governo pedir a decretação da ilegalidade da greve foi considerada ""surrealista" no Planalto, já que o pedido teria de ser apresentado contra os mesmos personagens que julgam a abusividade de outras greves.
Desde o início da negociação de reajustes salariais para o Poder Judiciário, FHC tem cedido às pressões dos juízes.
Em junho de 1998, por exemplo, sancionou projeto de lei que garante o pagamento retroativo a janeiro daquele ano do reajuste salarial correspondente ao novo teto salarial do funcionalismo.
Depois da promulgação da emenda constitucional que manda fixar o valor desse teto, FHC concordou com os R$ 12.720 pleiteados pelos ministros do STF.
Diante das resistências, FHC concordou em ceder às pressões dos parlamentares: aceitou o pagamento de até seis salários extras por ano aos deputados e senadores e o acúmulo de aposentadorias acima do valor do teto.
O acordo não prosperou porque o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), achou inoportuno conceder reajuste antes da definição do novo mínimo.


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