|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ALIADOS EM CRISE
Senador afirma que conversa comprometeria interlocutor
ACM desafia procurador a
divulgar gravação inteira
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) desafiou ontem
o procurador da República Luiz
Francisco de Souza a divulgar a
"fita completa" contendo a conversa dele com três procuradores
do Distrito Federal e não apenas
trechos das declarações. Segundo
o senador, a conversa toda não foi
divulgada porque isso "comprometeria" os procuradores.
Segundo ACM, Souza propôs a
ele, no encontro, que apresentasse
"várias ações para pegar pessoas
do governo", inclusive uma ação
cautelar com procuradores do Pará contra o presidente do Senado,
Jader Barbalho (PMDB-PA).
"Mas eu não aceitei. Meus consultores acharam errado", disse.
O senador poupou os outros
procuradores que participaram
do encontro, Guilherme Schelb e
Eliana Torelly, que teriam sido
"muito corretos" com ele.
De Miami (Estados Unidos),
onde passa o feriado do Carnaval,
ACM disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso foi
"vingativo e mesquinho" ao demitir os ministros ligados a ele,
Waldeck Ornélas (Previdência
Social) e Rodolpho Tourinho
(Minas e Energia). Mesmo assim,
o senador se mostrou menos raivoso em relação a FHC.
Disse que "não é propósito" seu
atingir o presidente com as denúncias de corrupção no governo
que fará quando retornar a Brasília e negou que seu rompimento
com o governo seja total.
"Eu sou um homem independente para dizer as coisas boas e
ruins do governo. Vou dar preferência às ruins", afirmou.
Segundo o senador, "não há hipótese de desestabilização" do governo por causa das denúncias
que irá apresentar, mas garante
que elas serão suficientes para
derrubar o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, peemedebista que já foi chamado por ACM
de Eliseu "Quadrilha".
Mágoa
ACM disse que, nesse episódio
todo, FHC só teve a "devida resposta" de Ornélas. "O Waldeck
foi duro com ele (o presidente),
mostrando que ele prefere ladrão
a homens corretos", disse.
Embora não tenha admitido, o
senador demonstrou certa mágoa
em relação a outros aliados seus
que não partiram em sua defesa.
"Não estou decepcionado com
ninguém, porque eu conheço o
caráter humano. E sei as pessoas
que não podem viver sem as benesses do poder", disse, sem
apontar nomes.
O senador afirmou que, ao contrário de Tourinho, indicado por
ele para o governo, Ornélas foi indicado por Bornhausen. Segundo
ele, o presidente do partido o indicou para impedir a nomeação do
senador Vilson Kleinubing, também catarinense e hoje morto, então cotado para ser ministro.
"Waldeck foi uma atuação do
Bornhausen para evitar o Kleinubing", disse ACM.
Três dias após a divulgação de
supostas declarações suas a procuradores da República no Distrito Federal, que causaram seu
rompimento com o governo e levaram à demissão dos dois ministros, ACM disse estar "satisfeito"
com a repercussão das supostas
declarações, porque acha estar
"na tese certa".
Além disso, o senador acha que
que não está isolado, ao contrário
do que a imprensa tem publicado.
Diz receber apoio de muita gente
por telefone, fax e e-mail. "Não estou isolado porque toda a opinião
pública está comigo", disse
PFL
O senador não quer tomar nenhuma atitude contra o governo
antes da reunião da Executiva Nacional do PFL, dia 8 de março, na
qual será definida a posição do
partido em relação ao Planalto.
Ele irá à reunião para cobrar posição de independência do partido.
"Vou à reunião pedir que o PFL
tome uma linha de decência. Que
o Bornhausen faça aquilo que me
prometeu que ia fazer: propor a
independência", disse. Se a decisão não for essa, ACM disse que
será um dissidente do PFL, mas
não deixará o partido.
"Eu sou o homem forte do partido, por que iria sair? As vitórias
que tenho no PFL me autorizam a
lutar no PFL", disse.
O senador considerou "bobagem" a iniciativa da oposição de
pedir a cassação do seu mandato.
"Não estou levando a sério."
Segundo ele, o povo irá reagir se
a oposição insistir no processo e
conseguir o apoio dos governistas. "Não se pode tentar impedir a
presença de um homem de bem
só para facilitar o roubo. Eu não
cometi nenhum pecado. Os pecadores são outros", afirmou.
ACM disse que as duas medidas
adotadas por FHC junto à demissão de Ornélas e Tourinho
-afastamento da diretoria do
DNER (Departamento Nacional
de Estradas de Rodagem) e pressa
na extinção da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento
da Amazônia)- provam que ele
estava certo ao apontar corrupção
nos dois órgãos.
"Eles (o governo) diziam que
não tinha nada, mas vão acabar
com a Sudam por causa da roubalheira. Demitem a diretoria do
DNER por causa da roubalheira.
Então, tinha ou não tinha? Esses
atos provam que eu estava certo e
eles, errados", disse.
ACM reafirmou seu apoio a
uma candidatura de Tasso Jereissati, governador cearense, a presidente da República em 2002 "se o
PFL não tiver candidato próprio".
O senador afirmou que o Palácio
do Planalto vai fortalecer Tasso
por causa de sua importância no
PSDB.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Carlistas devem manter ataques Índice
|