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São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 2003

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Lula "apaga" críticas a governo FHC

DA REPORTAGEM LOCAL

A mensagem de abertura dos trabalhos legislativos lida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso no último dia 17 continha alterações que substituíram a palavra "desenvolvimento" -que aparecia na primeira versão do texto- por "estabilidade" e amenizaram críticas ao governo Fernando Henrique Cardoso.
A versão preliminar foi descoberta pelo jornal "Valor Econômico", ao copiar o texto distribuído por correio eletrônico pela Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência. Na cópia distribuída, apenas o texto final é visível. Ao copiá-lo para outro arquivo, a versão anterior aparece com correções anotadas.
Após citar as primeiras medidas do PT à frente do governo federal, o texto original dizia: "Esse trabalho, tanto na área econômica quanto na área social, é uma precondição para que o Brasil reencontre o caminho do desenvolvimento". Na versão corrigida, o "desenvolvimento" foi substituído por "estabilidade".
Ao justificar uma "transição criteriosa e segura" no campo econômico, o presidente leu que o Brasil "viveu, no ano passado, uma crise econômica de grande vulto, resultando num quadro de difícil reversão".
Poderia ter lido, caso seguisse a versão sem as correções, o seguinte: "O Brasil foi levado nos últimos anos a uma situação econômica de extrema vulnerabilidade. Herdamos um quadro difícil, muito grave".
O esforço do governo no campo econômico, diz o texto, resultou na queda do dólar e do risco Brasil e na reabertura das linhas de créditos internacionais. Pela versão editada, esse crédito havia sido reduzido "praticamente a zero no final do ano passado". No texto original, lê-se "governo anterior" no lugar das duas últimas palavras do trecho anterior.
A aparente preocupação dos redatores do discurso do presidente em bater na tecla da estabilidade levou-os a acrescentar o seguinte trecho, ausente do texto original: "Para nós, a estabilidade econômica não é um fim em si, é precondição para o crescimento da economia em bases sustentadas".
Foi tomado ainda o cuidado de omitir os nomes dos EUA e da Grã-Bretanha, citados no texto original como tendo uma "determinação de guerra" contra o Iraque. A referência ao possível conflito e suas consequências para a economia foi mantida.


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