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São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 2003

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Governo decide acelerar trabalho de conselho para reformar Previdência

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo decidiu acelerar o ritmo de trabalho do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e apresentou ontem pesquisa feita com os seus 84 integrantes sobre a reforma previdenciária em que os principais pontos defendidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberam aprovação maciça.
O resultado foi apresentado pelo ministro Tarso Genro, secretário-executivo do CDES, como evidência de que a instância poderá trabalhar mais rápido do que o previsto anteriormente na aprovação da proposta de reforma. O ritmo de trabalho agora será duplicado -as próximas reuniões tomarão a manhã e a tarde, em vez de meio dia, como ontem.
O CDES tem até maio para enviar a Lula uma proposta fechada, que deve ser encampada pelo presidente -na prática, como mostra a pesquisa, o conselho não deve criar dificuldades para Lula.

Aceleração
De posse dos dados do levantamento, feito pelo portal do CDES na internet, o ministro admitiu que é provável que o ritmo de trabalho acabe sendo acelerado, para que seja apresentada mais cedo uma proposta ao presidente.
"Não é impossível que na próxima reunião [daqui a 15 dias] os conselheiros já digam que estão em condições de apresentar as diretrizes fundamentais", disse.
O governo mantém a promessa de negociar a reforma primeiro no CDES, mas não quer que isso atrase o envio da proposta ao Congresso.
Lula também não quer perder o momento político favorável à reforma, após a reunião de governadores no final de semana, em que vários pontos de consenso foram alcançados.
Mesmo uma das questões mais polêmicas, a cobrança de contribuição dos servidores inativos, foi admitida pela maioria absoluta dos conselheiros. São favoráveis sem ressalvas 29,33% dos entrevistados, e parcela idêntica admite a cobrança em alguns casos. Apenas 26,67% se manifestaram contra a proposta, que é bombardeada por diversos sindicatos.
Outro dos pilares da proposta de reforma do governo, a criação de um sistema único de Previdência Social, também tem amplo respaldo no CDES. De acordo com os dados divulgados, 72% se mostram favoráveis.
"A pesquisa mostra claramente que algumas maiorias políticas estão se formando de maneira rápida em pontos importantes", disse Tarso. A concordância dos conselheiros com várias teses defendidas pelo governo não chega a surpreender. Quase 60% do CDES tem alguma afinidade política com o PT ou com Lula.
A maioria dos conselheiros aprovou a reunião, mas com algumas ressalvas. O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, se mostrou contrário à cobrança de servidores já aposentados. "Descontar de quem já se aposentou é muito complicado. Daqui para a frente, sim", disse.
Já a reitora da Universidade Federal de Minas Gerais, Ana Lúcia Gazzola, diz que o calendário das reuniões era "aflitivo". "Por isso, resolvemos aumentar o tempo da reunião, para debater com mais profundidade." (FÁBIO ZANINI, MÁRCIO PACELLI E RICARDO WESTIN)


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