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São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 2003

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NARCOTRÁFICO

Deputado é acusado de vender habeas corpus; comissão da Câmara havia apontado relação entre parlamentar e o tráfico

Landim renuncia pela 2ª vez em 41 dias

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quarenta e um dias depois de renunciar ao seu antigo mandato devido a acusações de envolvimento com o narcotráfico, o deputado federal Pinheiro Landim (sem partido-CE) apresentou ontem à Mesa da Câmara novo pedido de renúncia como forma de evitar um processo de cassação que poderia lhe deixar inelegível por um período de oito anos.
A renúncia foi recebida pela Mesa simultaneamente ao relatório feito por uma comissão de sindicância da própria Câmara que o investigou por 20 dias e que concluiu que, "sem sombra de dúvida, há inteira relação entre o crime de tráfico e a acusação de venda de habeas corpus que recai sobre o deputado".
A comissão aprovou por unanimidade a sugestão de abertura de processo de cassação por quebra de decoro parlamentar, o que não deve ocorrer devido à renúncia do deputado federal.
Landim é acusado pela Polícia Federal de vender habeas corpus para traficantes, esquema que contaria com a conivência de membros do Judiciário. A principal prova contra o parlamentar são gravações feitas pela PF por meio de autorização judicial.
Segundo o relator da comissão de sindicância, deputado Patrus Ananias (PT-MG), as degravações das conversas "apontam vigorosamente" no sentido de que Landim realmente negociava habeas corpus para traficantes.
Ananias acrescenta ainda que há "sombras de suspeição muito sérias sobre o Judiciário de Brasília", que estaria devendo, segundo o deputado, uma resposta mais "ética e convincente à sociedade".
Os deputados solicitaram realização da comprovação de que a voz nas fitas era mesmo de Landim, o que foi atestado pelo perito Ricardo Molina.
"O tráfico de influência exercido pelo parlamentar, no afã de garantir a libertação dos traficantes, fazia parte da própria estrutura da quadrilha", diz o relatório. Nas gravações, há vários diálogos entre Landim e Leonardo Dias Mendonça, apontado pela PF com um dos maiores traficantes do país.


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