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NARCOTRÁFICO
Deputado é acusado de vender habeas corpus; comissão da Câmara havia apontado relação entre parlamentar e o tráfico
Landim renuncia pela 2ª vez em 41 dias
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quarenta e um dias depois de
renunciar ao seu antigo mandato
devido a acusações de envolvimento com o narcotráfico, o deputado federal Pinheiro Landim
(sem partido-CE) apresentou ontem à Mesa da Câmara novo pedido de renúncia como forma de
evitar um processo de cassação
que poderia lhe deixar inelegível
por um período de oito anos.
A renúncia foi recebida pela
Mesa simultaneamente ao relatório feito por uma comissão de sindicância da própria Câmara que o
investigou por 20 dias e que concluiu que, "sem sombra de dúvida, há inteira relação entre o crime de tráfico e a acusação de venda de habeas corpus que recai sobre o deputado".
A comissão aprovou por unanimidade a sugestão de abertura de
processo de cassação por quebra
de decoro parlamentar, o que não
deve ocorrer devido à renúncia do
deputado federal.
Landim é acusado pela Polícia
Federal de vender habeas corpus
para traficantes, esquema que
contaria com a conivência de
membros do Judiciário. A principal prova contra o parlamentar
são gravações feitas pela PF por
meio de autorização judicial.
Segundo o relator da comissão
de sindicância, deputado Patrus
Ananias (PT-MG), as degravações das conversas "apontam vigorosamente" no sentido de que
Landim realmente negociava habeas corpus para traficantes.
Ananias acrescenta ainda que
há "sombras de suspeição muito
sérias sobre o Judiciário de Brasília", que estaria devendo, segundo
o deputado, uma resposta mais
"ética e convincente à sociedade".
Os deputados solicitaram realização da comprovação de que a
voz nas fitas era mesmo de Landim, o que foi atestado pelo perito
Ricardo Molina.
"O tráfico de influência exercido pelo parlamentar, no afã de garantir a libertação dos traficantes,
fazia parte da própria estrutura da
quadrilha", diz o relatório. Nas
gravações, há vários diálogos entre Landim e Leonardo Dias Mendonça, apontado pela PF com um
dos maiores traficantes do país.
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