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"MENSALÃO"/PARTIDO RACHADO
Candidatos ao governo de SP, Marta Suplicy e Aloizio Mercadante
disputam preferência e base política do ex-presidente da Câmara
Na mira, João Paulo usa cassação a fim de negociar apoio no PT
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na busca por apoio de lideranças do PT que possam ajudar a
conquistar os votos dos militantes
para a prévia de 7 de maio, a ex-prefeita Marta Suplicy e o líder do
governo no Senado, Aloizio Mercadante, têm um alvo em comum:
o ex-presidente da Câmara João
Paulo Cunha.
Mas a ansiedade de Marta e
Mercadante vai ter de esperar até
abril. João Paulo, que corre o risco
de perder o mandato sob acusação de ter recebido R$ 50 mil do
esquema Marcos Valério, já avisou que só decidirá sobre quem
apoiará depois que seu processo
for julgado no plenário da Câmara, o que deve acontecer somente
no final de março.
E não será apenas ele quem externará sua predileção em abril.
Todo seu grupo de apoio assim o
fará. João Paulo tem forte influência sobre a região de Osasco (SP),
que abrange 19 cidades. Além disso, quando era um dos pré-candidatos do partido ao governo do
Estado, também amealhou
apoios pelo interior. São essas lideranças que Marta e Mercadante
querem conquistar.
Pelas contas dos grupos da ex-prefeita e do líder do governo no
Senado, a disputa está equilibrada. De acordo com esses cálculos,
Marta ganharia na capital e dividiria votos na Grande São Paulo.
Mercadante tem boa votação no
interior. E é aí que o grupo de João
Paulo pode fazer a diferença e
funcionar como fiel da balança.
Alguns petistas ligados tanto a
Marta quanto a Mercadante acreditam que o prazo anunciado pelo
ex-presidente da Câmara segue a
lógica de sobrevivência.
Segundo esses petistas, João
Paulo aguarda demonstrações
práticas em favor de seu mandato.
Espera que os dois líderes o ajudem a conseguir votos na Câmara
para evitar sua cassação, o que o
deputado federal nega.
Em dezembro do ano passado,
os dois postulantes a candidato
do partido ao governo do Estado
foram a um ato público em defesa
de João Paulo. Na sexta-feira,
questionada se defendia a absolvição, Marta disse, por meio de sua
assessoria de imprensa: "Sou contra a cassação porque ele agiu
com total boa-fé no pressuposto
de que o recurso era do PT." A Folha não conseguiu falar com Mercadante. Sua assessoria disse que
ele estava em um sítio em São
Paulo, incomunicável.
João Paulo já conversou com os
dois postulantes. A Mercadante,
com quem teve rusgas por causa
da postura do líder contra a reeleição do deputado para a presidência da Câmara, disse que não faria
sua escolha baseado em "desavenças pretéritas", definição usada por ele. Estava disposto a esquecer o desentendimento.
Com a ex-prefeita João Paulo
conversou há cerca de um mês e
disse que estava ouvindo líderes
de sua região. Antes da eclosão do
"mensalão", havia um acordo entre ambos de que se um deles passasse para o segundo turno nas
prévias do partido contra Mercadante receberia o apoio do outro.
Cabresto
Um petista com experiência em
prévias no partido avalia que, embora importantes, os apoios de lideranças não são cruciais para a
vitória de um candidato entre a
militância. Esse petista lembra
que são os filiados quem escolhem o candidato e não apenas
quem tem cargo eletivo. Segundo
ele, é comum um pré-candidato
sair-se melhor que outro nos debates, porém, na hora da escolha,
os militantes costumam optar por
quem, na avaliação deles, tem
mais votos. Ele afirma que, no PT,
não há "voto de cabresto".
Foi assim, por exemplo, em
1996 na disputa interna entre
Mercadante e a ex-prefeita Luiza
Erundina (hoje no PSB) para a indicação de quem seria o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. Mercadante teve apoios expressivos, como o de Lula e de José Dirceu, mas a indicada acabou
sendo Erundina.
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