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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O MARQUETEIRO
Quebra de sigilo da Dusseldorf revela operação realizada em 2003; defesa diz que transações foram feitas para "pagamentos a terceiros"
Conta de Duda enviou US$ 730 mil à Suíça
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A conta Dusseldorf, que o publicitário Duda Mendonça abriu no
BankBoston de Miami (EUA) para receber recursos do caixa dois
do PT, mandou US$ 730,34 mil
para o Credit Suisse, banco com
sede em Zurique, na Suíça.
O comprovante da operação indica que o dinheiro seguiu para
uma conta do banco suíço no
BankBoston e de lá para um beneficiário na Suíça não identificado.
A operação foi realizada em 19
de setembro de 2003 e seu registro
está entre as 15 mil folhas de papel
que constituem a quebra do sigilo
bancário da Dusseldorf. Na última quinta-feira, a Justiça americana permitiu o acesso da CPI dos
Correios aos papéis.
Os documentos, que deverão
ser consultados por parlamentares da comissão na sede do DRCI
(Departamento de Recuperação
de Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional) em Brasília a partir
da próxima quinta, registram
também remessas da Dusseldorf
para as contas Bankhaus Carl e
Prudential Securities Inc..
Essas contas pertenceriam a
bancos homônimos. Nas bases de
dados que contêm a quebra de sigilo de bancos americanos suspeitos de lavagem de dinheiro -obtidas pela CPI do Banestado
(2003-2004)- constam duas referências à Bankhaus, que recebeu da Dusseldorf US$ 473,87 mil
em 19 de dezembro de 2003. É a
última movimentação expressiva
da Dusseldorf, que passou a registrar, naquela data, um saldo aproximado de US$ 1.000, quantia
consumida posteriormente com
pagamento de taxas à agência do
BankBoston de Miami.
Conforme dados da CPI do Banestado, a Bankhaus poderia ser
uma instituição financeira com
sede em Bremen (Bankhaus Carl
F. Plum and Co.), na Alemanha,
ou operadora de conta no banco
Chase Manhattan de Miami.
Já a empresa Prudential Securities Inc., sobre a qual as investigações não têm maiores detalhes,
recebeu US$ 100 mil em 16 de dezembro de 2003. A remessa que
saiu da Dusseldorf foi creditada
numa conta do Chase Manhattan
de Nova York.
O advogado Tales Castelo Branco, que defende Duda e seus sócios, afirmou que as transações
foram feitas para "pagamentos a
terceiros" e que cabe ao BankBoston explicar o caminho utilizado
para movimentar o dinheiro.
Na quarta-feira passada, a Folha revelou que a Dusseldorf
mandou dinheiro para as empresas "offshore" Raspberry e
Strongbox, que têm sede nas
Bahamas e apresentam como endereço uma mesma caixa postal,
em Nassau, no Caribe. As remessas somaram US$ 632,7 mil.
A Dusseldorf operou entre março e dezembro de 2003. Segundo
Duda disse à CPI dos Correios no
ano passado, a empresa e a conta
bancária no BankBoston de Miami foram abertas por orientação
do publicitário Marcos Valério de
Souza. Seria esse o caminho para
que Duda recebesse por serviços
prestados ao PT em campanhas
em 2002, quando Luiz Inácio Lula
da Silva se elegeu presidente.
Em seu segundo depoimento à
PF, em Salvador, dia 2 de fevereiro, Duda foi questionado a respeito das remessas feitas para as contas relacionadas à Raspberry e à
Strongbox. O publicitário negou
conhecer tais contas. Disse repetidas vezes que a soma de R$ 10,5
milhões recebida pela Dusseldorf
teve como destino "gastos [pessoais] e parte [foi] incorporada ao
seu patrimônio".
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