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DIPLOMACIA
Empresa da Itália processa Brasil e Faap por dívidas
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
A construtora italiana Aless está
processando o governo brasileiro,
a Embaixada do Brasil em Roma e
a Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) para cobrar dívidas da reforma de fachadas do
histórico Palácio Pamphili, na
Piazza Navona, onde funciona a
sede da embaixada. A obra foi feita entre 1999 e 2001, no governo
Fernando Henrique Cardoso.
São dois processos, no valor
aproximado de 400 mil
(R$ 1 milhão), que correm na Justiça italiana. Um é contra o governo brasileiro e a embaixada, de
300 mil, e o outro, contra os dois
mais a Faap, de cerca de 100 mil.
A questão surge em mau momento, quando o Brasil acaba de
quitar dívidas históricas com organismos internacionais, como a
Organização das Nações Unidas e
a FAO (agência da ONU para alimentação), justamente para fugir
da marca de mau pagador.
O Brasil enviou para Roma, na
última segunda-feira, a advogada
Teresa Marluce Távora Maia,
coordenadora de direito administrativo do Itamaraty, para atuar
na defesa brasileira junto com o
advogado da embaixada, o italiano Ferdinando Cappabianca.
As audiências estão marcadas
para 7 de março, no caso da Faap,
e para 6 de abril, para o do processo da Aless contra o governo brasileiro e a embaixada.
Os advogados a serviço do Itamaraty contestam a existência de
qualquer crédito pendente no caso da ação contra o governo e a
embaixada. Dizem que todos os
valores previstos em contrato foram pagos e não reconhecem o
acréscimo cobrado pela empresa
por supostos serviços adicionais.
Esses acréscimos teriam sido
feitos por "acordos verbais" durante a gestão do embaixador
Paulo Tarso Flecha de Lima em
Roma, mas não são reconhecidos
pela atual administração do Itamaraty nem pelo próprio Flecha
de Lima, ouvido pela Folha.
Quanto à ação contra a Faap, a
alegação dos advogados é a de que
se tratou de "contrato de natureza
privada celebrado com a Faap".
Assim, a embaixada não assume
obrigação em relação a eles.
O contrato para a reforma do
Palácio Pamphili foi assinado entre a embaixada, a Faap e a Aless
em 1º de outubro de 1999, prevendo a restauração das fachadas externas, especialmente a que dá para a Piazza Navona, e a das internas, que dão para os jardins, mais
a revisão da instalação elétrica.
"A situação do palácio era ruinosa. O resultado ficou uma beleza", disse Flecha de Lima.
O valor do contrato era de perto
de 7 bilhões de liras (antiga moeda italiana), correspondendo, na
época, a 3,6 milhões. Segundo o
Itamaraty e a Faap, todas as dívidas foram quitadas. O diretor da
fundação, Américo Fialdini Jr.,
disse, por telefone, que estava sendo informado dos processos pela
própria Folha. Enviou, por fax,
cópias de termo que, segundo ele,
confirma o fim do contrato, da
prestação dos serviços e dos pagamentos. O atual embaixador em
Roma, Adhemar Bahadian, preferiu não se manifestar.
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