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Diplomata tem fama de comprar briga
DA COLUNISTA DA FOLHA
Diplomatas têm fama,
especialmente os do Brasil, de serem cidadãos cordatos, delicados, que adoram coquetéis e detestam
entrar em confusão. Pois o
secretário-geral do Itamaraty, segundo cargo da Casa, Samuel Pinheiro Guimarães, nascido em 1939,
é o oposto disso. Comprar
briga é com ele mesmo.
Especialmente quando os
EUA estão na arena.
Foi afastado duas vezes
de seus cargos no regime
militar. Sempre por falar
demais e reagir.
No governo Castelo
Branco, acabou demitido
da Sudene (a superintendência que cuidava do
Nordeste) por resistir à interferência da Usaid, a
agência norte-americana
para o desenvolvimento.
No governo Figueiredo,
era vice-presidente da estatal que promovia o cinema, a Embrafilme, na época presidida pelo também
diplomata Celso Amorim.
Acabaram caindo depois da crise gerada pelo
filme "Pra frente Brasil",
que criticava a ditadura.
As idiossincrasias e dissabores de Pinheiro Guimarães atravessaram a ditadura e resistiram à abertura: ao criticar a Alca
(Área de Livre Comércio
das Américas) no governo
Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ele foi exonerado da direção do IPRI
(Instituto de Pesquisas em
Relações Internacionais).
E caiu simultaneamente
nas graças do PT.
Diplomata de carreira,
advogado com mestrado
em economia em Boston
(EUA), onde serviu seis
anos como cônsul, ele é
autor do livro "Quinhentos Anos de Periferia", cujo título diz tudo.
Sua personalidade é cercada de curiosidades, como o hábito de receber as
pessoas em seu gabinete
com uma ampulheta marcando o tempo e a mania
de anotar suas conversas
com duas cópias. O original fica com ele, e a outra
cópia fica com a secretária.
Para eventualidades.
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