São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

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Diplomata tem fama de comprar briga

DA COLUNISTA DA FOLHA

Diplomatas têm fama, especialmente os do Brasil, de serem cidadãos cordatos, delicados, que adoram coquetéis e detestam entrar em confusão. Pois o secretário-geral do Itamaraty, segundo cargo da Casa, Samuel Pinheiro Guimarães, nascido em 1939, é o oposto disso. Comprar briga é com ele mesmo. Especialmente quando os EUA estão na arena.
Foi afastado duas vezes de seus cargos no regime militar. Sempre por falar demais e reagir.
No governo Castelo Branco, acabou demitido da Sudene (a superintendência que cuidava do Nordeste) por resistir à interferência da Usaid, a agência norte-americana para o desenvolvimento.
No governo Figueiredo, era vice-presidente da estatal que promovia o cinema, a Embrafilme, na época presidida pelo também diplomata Celso Amorim.
Acabaram caindo depois da crise gerada pelo filme "Pra frente Brasil", que criticava a ditadura.
As idiossincrasias e dissabores de Pinheiro Guimarães atravessaram a ditadura e resistiram à abertura: ao criticar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ele foi exonerado da direção do IPRI (Instituto de Pesquisas em Relações Internacionais). E caiu simultaneamente nas graças do PT.
Diplomata de carreira, advogado com mestrado em economia em Boston (EUA), onde serviu seis anos como cônsul, ele é autor do livro "Quinhentos Anos de Periferia", cujo título diz tudo.
Sua personalidade é cercada de curiosidades, como o hábito de receber as pessoas em seu gabinete com uma ampulheta marcando o tempo e a mania de anotar suas conversas com duas cópias. O original fica com ele, e a outra cópia fica com a secretária. Para eventualidades.


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