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Governo tenta adiar decisão em Furnas
Reunião foi agendada para discutir substituição na diretoria do fundo de pensão proposta pelo PMDB; membro do conselho contesta ação
Partido pressiona por troca de presidente e diretor do Real Grandeza; protesto de funcionários hoje contra a mudança está mantido
DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após reunião do ministro de
Minas e Energia, Edison Lobão
(PMDB-MA), com o presidente
Lula, ficou decidido que não
haverá hoje reunião do conselho deliberativo do fundo de
pensão Real Grandeza, dos funcionários da estatal Furnas. O
encontro decidiria a substituição do presidente do fundo,
Sérgio Wilson Ferraz Fontes, e
do diretor de investimentos,
Ricardo Gurgel Nogueira. Eles
têm mandato até outubro.
A pressão pela troca é atribuída ao PMDB. Em mensagem aos empregados, na semana passada, o presidente de
Furnas, Carlos Nadalutti Filho,
disse que a estatal não está sendo tratada pela administração
do fundo com o merecido respeito e que, por isso, Lobão
orientou pela mudança na diretoria. Nadalutti é funcionário
de carreira de Furnas e foi indicado pelo PMDB.
Antes de decidir sobre a
substituição na diretoria, a estatal deverá tentar resolver os
problemas com a atual gestão.
Segundo a Folha apurou, Lobão informou a Lula dois problemas: 1) o atual conselho mudou o prazo de mandato dos diretores de três para quatro
anos e criou a possibilidade de
reeleição, em uma reunião que,
na visão da estatal, aconteceu
"na surdina"; 2) Furnas pediu,
em outubro, informações sobre
o desempenho das aplicações
financeiras do fundo e, até o
momento, não recebeu.
Pela regulamentação do fundo, Furnas não tem o poder de,
unilateralmente, decidir se haverá ou não reuniões do conselho. Mas como a estatal indica
pelo menos 3 dos 6 membros
do conselho e era ela a interessada na reunião, bastará que
recue, ainda que temporariamente, da intenção de modificar os diretores.
Um dos integrantes do conselho, o representante dos aposentados, Geovah Machado,
contesta a validade do cancelamento proposto pelo governo.
Segundo ele, deve haver maioria entre os conselheiros.
A Folha apurou que dificilmente a proposta seria aprovada hoje, porque o parecer dos
advogados da fundação é o de
que ela fere o regimento interno do fundo de pensão.
Mesmo com o suposto adiamento, está confirmado o protesto dos sindicatos na manhã
de hoje contra as mudanças no
fundo. Funcionários em vários
Estados devem parar as atividades administrativas, sem
prejuízos à produção e distribuição de energia.
As entidades farão protesto
em frente às sedes da estatal e
do fundo de pensão. Até ontem,
11 sindicatos haviam aprovado
a paralisação desta manhã.
Furnas é a maior geradora
estatal de energia elétrica do
país. Com uma carteira de investimentos de R$ 6,5 bilhões e
12.500 associados, o Real Grandeza é o 11º maior fundo brasileiro de previdência privada fechada. A estatal tem 4.576 empregados efetivos.
Funcionários e aposentados
avaliam que os atuais gestores
obtiveram bons resultados. No
ano passado, apesar da crise
econômica, o Real Grandeza
teve rentabilidade de 2,4%
contra a média de 0,7% negativo do setor. A rentabilidade
acumulada nos últimos três
anos foi de 80%.
Esta é a terceira tentativa de
substituição dos dois dirigentes, em 15 meses. As duas anteriores aconteceram em novembro de 2007 e em setembro de
2008, na gestão do antecessor
de Nadalutti, o ex-prefeito do
Rio de Janeiro Luiz Paulo Conde (PMDB-RJ). A primeira foi
rejeitada por unanimidade pelo conselho. Após a derrota, os
dois conselheiros nomeados
por Furnas renunciaram e foram substituídos.
(ELVIRA LOBATO E HUMBERTO MEDINA)
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