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Ex-gerente de marketing denuncia pressões do governo em relatório
DA REPORTAGEM LOCAL
Sentindo-se o "bode expiatório" por irregularidades que também envolveriam outros funcionários e diretores, o ex-gerente de
marketing da Nossa Caixa, Jaime
de Castro Júnior, entregou ao Comitê de Disciplina e Ética do banco relatório em que faz denúncias
e cita pressões que recebeu do Palácio dos Bandeirantes.
Ele narra, por exemplo, que, de
maio a outubro de 2004, "período
das últimas eleições municipais",
a Contexto coordenou uma campanha publicitária intitulada "O
que faz a diferença", com verba de
R$ 30 milhões, distribuída entre
empresas estatais, cabendo à Nossa Caixa a fatia de R$ 5 milhões.
Castro Júnior diz que, na campanha, houve "atendimento a veículos de comunicação que apoiavam as candidaturas do PSDB e a
bases aliadas do governo".
Em junho de 2005, num e-mail a
Carlos Eduardo Monteiro, presidente da Nossa Caixa, Castro Júnior confirma que os anúncios e
patrocínios para os veículos de
Wagner Salustiano -revista "De
Fato" e "Entrevista de Fato", na
televisão- foram programados
para um período longo e envolveram também a Sabesp. O plano de
mídia da estatal previa anúncios
de página dupla (R$ 42.600) e 25
comerciais de televisão de 30 segundos (R$ 91.487,50), no período de maio a dezembro de 2004.
Castro Júnior narra episódio
ocorrido em março de 2005, na
época em que os tucanos tentaram eleger presidente da Assembléia Legislativa o deputado estadual Edson Aparecido (PSDB),
preferido de Alckmin.
O ex-gerente diz que recebeu telefonema da área de marketing da
Secretaria de Comunicação do
Estado, "informando sobre a necessidade política do governo do
Estado patrocinar", através da
Nossa Caixa, com R$ 70 mil, a décima edição do "Troféu Talento
Música Cristã", no Credicard
Hall, evento da Rede Aleluia de
Rádio (da Igreja Universal).
Esse patrocínio foi considerado
"um compromisso assumido pelo governador com deputado estadual da base aliada do governo,
que estava exercendo fortíssima
pressão sobre o Palácio, visto a
votação iminente na Assembléia
Legislativa, de projeto de extremo
interesse do governo do Estado".
A condição: "o pagamento deveria ser feito imediatamente, antecipadamente". O ex-gerente diz
que o presidente da Nossa Caixa
pediu-lhe que o pagamento fosse
feito "o quanto antes, se possível,
imediatamente". Mesmo tendo
reduzido o valor negociado, de
R$ 70 mil para R$ 40 mil, Castro
Júnior diz que o pagamento foi
feito três dias antes do evento.
O ex-gerente narrou que "o projeto inicial para uma política de
patrocínios foi encomendado pela presidência da Nossa Caixa a
uma empresa de consultoria, a
Articultura Comunicação Ltda.,
com custo final de R$ 80 mil, sem
qualquer cotação ou consulta de
custos a outras empresas".
Disse que conseguiu reduzir o
preço, pagando R$ 62,7 mil. E que
o projeto foi "descartado", "esquecido" pela diretoria.
(FV)
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