São Paulo, domingo, 26 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Prestes a deixar o cargo, governador aguarda volta de Tasso dos EUA para compor estrutura de campanha de ampla aceitação

Disputas no PSDB dificultam formação de equipe "alckmista"

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL

A menos de uma semana de deixar o Palácio Bandeirantes para se lançar na corrida presidencial, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ainda não montou estrutura de campanha. À espera do presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati -que volta amanhã dos Estados Unidos- para a organização de um comitê, o governador dedicou os últimos dias à conclusão e inauguração de obras.
Hoje Alckmin deverá definir quais colaboradores ficam no governo ou deixam o Palácio para se engajar na campanha. A montagem exige precisão cirúrgica. Alguns dos cotados sofrem seqüelas da briga entre Alckmin e o prefeito de São Paulo, José Serra, pela preferência do partido na escolha do candidato. É o caso do secretário Gabriel Chalita (Educação).
Até por sua atuação em defesa de Alckmin, Chalita coleciona desafetos. Na disputa entre Serra e Alckmin, foi ele quem expressou um argumento saído do Palácio dos Bandeirantes: que o prefeito não poderia entregar o cargo a outro partido, o PFL, a três anos do fim do mandato.
Na segunda, durante um seminário promovido pelo PFL, a cúpula do partido avaliava, numa sala, os potenciais candidatos do PSDB ao governo do Estado. À mesa, o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), dizia que o partido não faria objeção a nenhum dos nomes indicados pelo PSDB. Foi interrompido pelo presidente da Assembléia, Rodrigo Garcia: "Com Chalita, difícil".
O isolamento de Chalita pode ser medido pela quantidade de secretários presentes à sua posse na Academia Paulista de Letras: um, Arnaldo Madeira (Casa Civil).
A exposição do secretário acabou pavimentando o caminho do secretário de Ciência e Tecnologia, João Carlos Meirelles, para a coordenação do comitê. Meirelles, porém, contrariou o estilo discreto de Alckmin na semana passada, ao anunciar compromissos de campanha antes da chegada de Tasso e divulgar os próximos passos do governador.
Com a sinalização de escolha de Meirelles foi José Henrique Lobo, amigo de Alckmin, que teria rejeitado a hipótese de integrar a campanha. Segundo tucanos, eles tiveram um desentendimento em 2002. Hoje secretário particular de Serra, Lobo teria alegado afinidade com o prefeito para recusar o convite. À Folha, negou ter sido convidado. "Nego que tenha sido chamado pelo governador. E, se for convidado para a coordenação financeira, não vou aceitar."
Segundo um aliado de Alckmin, ele enfrenta dificuldades para escolher um tesoureiro de campanha. Além de nada dispostos a encarnar o papel exercido por Delúbio Soares no PT, tucanos sondados estariam rejeitando até a idéia de voltar à cena política.
Uma das preocupações de Alckmin seria a de fazer um contraponto ao PT da crise, oferecendo uma imagem de austeridade. Por isso, embora Alckmin esteja disposto a investir na sua "despaulistização", o comitê deverá ocupar só uma sala da sede do PSDB, em Brasília, até a convenção.
Só em junho será montado o novo comitê. Até lá, o Instituto Teotônio Vilela será encarregado da consolidação de propostas para um programa de governo.
Na semana que vem, Alckmin vai a Brasília discutir a campanha com Tasso e parlamentares do partido. Sua intenção é confiar a coordenação ao PSDB. A chamada "república de Pinda" (alusão a Pindamonhangaba, cidade do governador) ficaria encarregada da parte operacional.

Serra
Prestes a disputar o governo, Serra mudará o secretariado. A Folha apurou que Alberto Goldman vai para a Secretaria de Governo, no lugar de Aloysio Nunes Ferreira. Andrea Matarazzo sairá da Secretaria de Serviços e ocupará o lugar de Walter Feldman na Coordenação das Subprefeituras.


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