São Paulo, domingo, 26 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Governador deixará o cargo na quinta-feira, um dia antes do previsto

Alckmin escolherá procurador-geral antes de renunciar

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que deve deixar o cargo quinta-feira para concorrer à Presidência, disse ontem que não repassará para seu sucessor, Cláudio Lembo (PFL), a escolha do próximo procurador-geral de Justiça do Estado, cuja eleição ocorreu ontem. A expectativa é que Rodrigo César Re- bello Pinho, 49, seja o mais votado e, por isso, reconduzido ao cargo para outros dois anos.
Promotores e procuradores aventavam a hipótese de Alckmin deixar a escolha para o sucessor, o que ele garantiu que não ocorrerá. O secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, que é promotor afastado, e o procurador-geral em exercício, Fernando José Marques, anunciaram que repassariam a lista com os três candidatos mais votados ainda ontem para o governador.
A votação ocorreu na capital e em 11 regionais. Eram esperados 1.694 promotores e procuradores com direito a voto. Duas urnas, a de Ribeirão Preto e a de Franca, deveriam chegar à sede do Ministério Público somente às 21h, o que atrasaria a apuração. O resultado da votação pode ser conferido no site www3.mp.sp.gov.br/eleicaopgj/index.htm.

Tradição
Os quatro candidatos acompanharam a votação na sede do Ministério Público. Carlos Mund, que faz oposição a Pinho, disse a promotores que estava convicto de que será o escolhido por Alckmin, mesmo que não seja o mais votado. Pela tradição, o governador opta pelo mais votado. Mas essa regra já foi quebrada no passado pelo governador Mario Covas. Ontem, Alckmin evitou afirmar se escolheria o mais votado. "Vou esperar a lista", disse.
Além de Pinho e de Mund, deverá integrar a lista tríplice o ex-diretor da Escola Superior do Ministério Público Luís Daniel Cintra. O quarto candidato é René Pereira de Carvalho, associado mais ao grupo de Pinho.

Palocci
Alckmin informou ontem que deixará o cargo na quinta-feira, um dia antes do previsto, para que sua renúncia seja publicada na sexta no "Diário Oficial" -o jornal não circula no sábado. A sexta é o último dia para que candidatos nas próximas eleições se desincompatibilizem.
Alckmin também comentou a declaração do ministro Antonio Palocci de que a atual crise política se deve às eleições. "Entendo que a braveza, ela deve ser não com a oposição, deve ser com o fato, que é grave. Mais do que a quebra de sigilo [do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que contradisse Palocci na CPI dos Bingos], foi a violação de dados de um cidadão, de um caseiro que representa todo o povo brasileiro", afirmou.
Sobre a possível candidatura do prefeito José Serra ao governo, afirmou que "o clima é muito positivo" e que a decisão deve sair na próxima semana.
Alckmin visitou ontem três partes da capital, concedeu autógrafos e recolheu todo o lixo que encontrou pelo caminho. O tucano pegou o metrô para ir do parque Villa-Lobos ao parque da Água Branca. Na estação Santa Cruz, se encontrou com Serra. O prefeito anunciou ontem a implantação do bilhete único em mais oito estações de metrô.
Durante inauguração de túnel ontem em Itaquera, zona leste de São Paulo, Serra criticou o governo federal. "Nós somos servidores públicos, prefeito, governador, presidente da República, precisa ser servidor do povo. Infelizmente isso não acontece na esfera federal, mas sim acontece na esfera estadual e no município. Nós somos servidores da população de São Paulo e de Itaquera", disse. Quando o prefeito entrou no túnel, ouvia-se gritos de "Serra governador" de seus apoiadores.


Colaboraram FABIANE LEITE, JOSÉ ERNESTO CREDENDIO E LETÍCIA DE CASTRO, da Reportagem Local

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