|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula e Chávez voltam a discutir refinaria
Projeto em Pernambuco é alardeado desde 2005 como o maior entre os países na área energética; encontro ocorre hoje em Recife
Pauta inclui a segurança nas fronteiras e a tentativa de adesão da Venezuela ao Mercosul; estão previstos acordos na área agrícola
LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A RECIFE
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Os presidentes Luiz Inácio
Lula da Silva e Hugo Chávez farão hoje em Recife uma terceira rodada de conversas na tentativa de formalizar o acordo
sobre a refinaria Abreu e Lima,
anunciado desde 2005 como o
maior projeto energético entre
Brasil e Venezuela, mas até hoje não assinado entre as partes
interessadas -a Petrobras e a
PDVSA, a estatal venezuelana.
A pauta dos mandatários,
ambos acompanhados de uma
grande comitiva ministerial, é
ampla. Será o primeiro encontro dos dois desde o atrito que
ocorreu entre Equador e Colômbia após a morte de um dirigente das Farc, processo que
elevou a tensão na região e colocou Lula e Chávez em campos retóricos opostos.
Hoje, em Recife, eles deverão
tratar sobre a segurança nas
fronteiras, a idéia da criação de
um conselho de defesa regional
e a polêmica tentativa de adesão da Venezuela ao Mercosul,
processo pendente de aprovação pelo Congresso brasileiro.
Ontem, em Caracas, Chávez
disse que este é o momento
mais "cálido e frutífero" das relações bilaterais. "Em cinco
anos e alguns meses que coincidimos como presidentes, nunca antes o diálogo entre nós esteve tão cálido e tão frutífero."
Estão previstas assinaturas
de acordos nas áreas agrícola,
industrial e comercial. No campo da educação, Lula e Chávez
devem assinar um memorando
de entendimento para formação de estudantes brasileiros
em cursos de medicina comunitária da Venezuela.
No entanto, a questão energética é o cerne da visita. O porta-voz da Presidência, Marcelo
Baumbach, foi otimista ao ser
questionado sobre Abreu e Lima. "A expectativa é que se possa finalizar essas negociações e,
nessa reunião entre os presidentes, presenciar a assinatura
do contrato de associação entre
a Petrobras e a PDVSA", disse.
Logo depois, entretanto, ele
mesmo ponderou: "Mas as negociações ainda estão ocorrendo, e existem alguns detalhes
que têm que ser acertados".
Lula e Chávez se encontraram em setembro de 2007 em
Manaus e não chegaram a um
consenso sobre a refinaria. Em
dezembro, num novo encontro
em Caracas, foi anunciado um
acordo sobre Abreu e Lima,
prevendo, como era esperado,
que a Petrobras terá 60% de
participação no projeto e a
PDVSA, 40%. Porém, não se
avançou, à época, sobre o projeto complementar, de exploração de petróleo pesado na Venezuela, em Carabobo 1.
Por essa e outra série de indefinições, que vão do campo
financeiro ao político, o acordo
ainda não foi assinado pelos
países. Mesmo assim, a Petrobras deu início à obra e o governo diz que até 2010 a refinaria
entrará em operação.
Apesar dos visíveis desacertos entre as duas empresas, Lula e Chávez insistem no empreendimento por considerá-lo uma "manifestação concreta" da integração energética regional, algo que ambos pregam.
Hoje Lula também deve assinar ordens de serviço para o
início de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em Pernambuco, no valor de R$ 307 milhões.
Colaborou FABIANO MAISONNAVE ,
de Caracas
Texto Anterior: Elio Gaspari: O espectro do blog ronda o comunismo Próximo Texto: Venezuelano afirma que países vivem diálogo "cálido e frutífero" Índice
|