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outro lado
Empreiteira nega acusações; doação é legal, dizem políticos
Construtora critica ação da PF e afirma que cumpre todas as suas obrigações legais
DA REPORTAGEM LOCAL
A construtora Camargo Corrêa negou ontem, por meio de
nota, as irregularidades das
quais é acusada pela Polícia Federal. Os senadores citados na
investigação -Agripino Maia
(DEM-RN) e Flexa Ribeiro
(PSDB-PA)- afirmaram que as
doações recebidas foram transparentes, legais e registradas
conforme determina a lei.
Os presidentes dos partidos
políticos que, segundo a PF, receberam dinheiro da empresa,
também negaram irregularidades nas doações. Agripino enviou à Folha o que seria o recebido da doação (veja ao lado).
"A Camargo Corrêa vem a
público manifestar sua perplexidade diante dos fatos ocorridos hoje pela manhã, quando a
sua sede em São Paulo foi invadida e isolada pela Polícia Federal, cumprindo mandado da
Justiça. Até o momento, a empresa não teve acesso ao teor
do processo que autoriza essa
ação", diz a nota da empresa.
O advogado da empresa Antônio Cláudio Mariz de Oliveira afirmou que entrará hoje
com o pedido de habeas corpus
para os funcionários presos.
Segundo ele, a construtura foi
surpreendida pela operação.
"As investigações estão em
curso há mais de um ano, e a
Camargo Corrêa, seus diretores e funcionários, foram absolutamente surpreendidos. [A
empresa] jamais havia sido notificada. Vou preparar os habeas corpus para tentar reverter as prisões, especialmente as
preventivas, que consideramos
deploráveis por não entendermos qual a necessidade delas."
Segundo a Procuradoria da
República, quatro diretores da
empreiteira tiveram a prisão
preventiva decretada. Duas secretárias, a prisão temporária
-com duração de cinco dias,
renováveis por mais cinco.
"Apesar de tudo, confiamos
no trabalho da Justiça e temos
certeza de que ao final será
comprovada a inocência da
empresa", afirmou Mariz.
A construtora também criticou a atuação da PF no caso. "O
grupo reafirma que confia em
seus diretores e funcionários e
que repudia a forma como foi
constituída a ação", diz o texto.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), também por meio de nota,
negou irregularidades (leia texto nesta página).
Partidos
O gabinete do senador José
Agripino Maia enviou à Folha a
cópia de um recibo da doação
de R$ 300 mil recebida pelo
DEM-RN datado de 15 de setembro de 2008. "Foi tudo
transparente, publicado no balanço do diretório, do qual eu
sou o presidente. Acho muita
estranha essa operação", disse.
Flexa Ribeiro, senador e presidente do PSDB do Pará, confirmou ter recebido doação de
R$ 200 mil da Camargo Corrêa. De acordo com ele, o valor
foi dividido em duas parcelas
de R$ 100 mil.
"Não há nada de ilegal, prestamos conta da doação conforme determina a lei. Tudo está
registrado", afirmou ele.
O presidente do PMDB do
Pará, Jader Barbalho, disse que
não saberia precisar o valor da
doação nem qual empresa teria
feito a contribuição. Mas afirmou: "O PMDB do Pará recebeu legalmente. Não tem o menor fundamento".
O presidente nacional do
PSDB, o senador Sérgio Guerra
(PE), disse que a Camargo Corrêa é uma grande empresa e,
como todas as do ramo de
construção, tem tradição de
contribuir com o partido.
"O que tem isso de mais?
Qual é o problema? Se a Camargo Corrêa ajudou o PSDB
nacional, estadual ou municipal, não há ilegalidade nisso."
O presidente nacional do
DEM, Rodrigo Maia (RJ), alega
que precisa conhecer o conteúdo das investigações antes de
se manifestar. "Vamos esperar
o decorrer das investigações."
Roberto Freire (PE), deputado federal e presidente nacional do PPS, negou o recebimento de recursos de forma
ilegal e chamou de "leviano" o
"vazamento de nomes dos partidos". "Isso é uma irresponsabilidade. Onde estão as provas?
Essa polícia política do Tarso
Genro não merece credibilidade." O partido irá entrar na
Justiça. A assessoria do PDT
nacional afirma que o partido
não recebeu nenhuma contribuição da Camargo Corrêa na
eleição passada. Toda doação,
afirma, está registrada.
O tesoureiro do PSB, deputado Marcio França (SP), afirma
que não há registro de doação
da Camargo Corrêa para a sigla
no âmbito nacional. "Se houve ,
foi nos Estados. Mas tudo feito
oficialmente", disse.
A assessoria do PP divulgou
nota em que "informa que toda
doação recebida pelo partido
está na prestação de contas.
O relatório também cita um
PS como beneficiário de doações. No Brasil, existe um Partido Social em fase de gestação,
que ainda não tem registro na
Justiça Eleitoral.
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG E CATIA SEABRA)
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