|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
foco
Barrados, empregados confundiram operação com assalto e incêndio
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Por volta das 6h, quando os
policiais federais chegaram ao
prédio da Camargo Corrêa em
São Paulo, poucos funcionários estavam no local -a
maioria trabalhava na limpeza. Enquanto os portões permaneciam trancados pela PF,
os empregados do lado de
dentro eram instruídos a descer até o térreo e esperar.
A partir das 8h, uma aglomeração se formou na frente
da empresa. Impedidos de entrar, os funcionários não entendiam o que ocorria -uns
achavam se tratar de um assalto; outros, de um incêndio.
A entrada no prédio foi autorizada, e os trabalhadores se
dirigiram à chamada "área de
convivência". Ali, foram tomando pé da situação. Segundo relatos de quem aceitou falar, sob a condição de não ser
identificado, o ar era de estupefação. Afora algumas reações indignadas dirigidas à PF
-"tanta empresa desonesta e
vocês vêm parar aqui"-, a comunicação era feita aos cochichos. Houve quem se assustou
ao ver policiais vestidos de
preto e com armas na cintura.
Cadeiras para as grávidas foram providenciadas.
Cerca de 40 policiais participaram da ação em São Paulo. Passado o susto, uma secretária contava com excitação que a cena parecia de "um
filme da Swat" (polícia especializada dos EUA). Ao saber
que falava com uma repórter,
virou o crachá do avesso e pediu para não ser identificada.
Uma recepcionista que chegou por volta das 10h achou
que a aglomeração era uma
reunião de funcionários. Em
seguida, viu muitos deles sendo dispensados. Ela, lamentava, teria que ficar até as 19h30
"sem fazer nada", porque visitantes tinham acesso negado.
O empregado vestido de
bombeiro que barrava a todos
no portão dizia a visitantes
que não havia ninguém na
empresa. Era também ele
quem respondia aos funcionários que deixavam o prédio
no início da tarde com a gravata na mão, como em fim de expediente, questionando como
seria o dia seguinte. "Tudo
normal", ouviam.
A polícia só deixou o local
no final da tarde.
Texto Anterior: Após Satiagraha, PF e juiz mudam estilo Próximo Texto: Grupo tem contrato no PAC e no metrô de SP Índice
|