São Paulo, quinta-feira, 26 de março de 2009

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Barrados, empregados confundiram operação com assalto e incêndio

ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Por volta das 6h, quando os policiais federais chegaram ao prédio da Camargo Corrêa em São Paulo, poucos funcionários estavam no local -a maioria trabalhava na limpeza. Enquanto os portões permaneciam trancados pela PF, os empregados do lado de dentro eram instruídos a descer até o térreo e esperar.
A partir das 8h, uma aglomeração se formou na frente da empresa. Impedidos de entrar, os funcionários não entendiam o que ocorria -uns achavam se tratar de um assalto; outros, de um incêndio.
A entrada no prédio foi autorizada, e os trabalhadores se dirigiram à chamada "área de convivência". Ali, foram tomando pé da situação. Segundo relatos de quem aceitou falar, sob a condição de não ser identificado, o ar era de estupefação. Afora algumas reações indignadas dirigidas à PF -"tanta empresa desonesta e vocês vêm parar aqui"-, a comunicação era feita aos cochichos. Houve quem se assustou ao ver policiais vestidos de preto e com armas na cintura. Cadeiras para as grávidas foram providenciadas.
Cerca de 40 policiais participaram da ação em São Paulo. Passado o susto, uma secretária contava com excitação que a cena parecia de "um filme da Swat" (polícia especializada dos EUA). Ao saber que falava com uma repórter, virou o crachá do avesso e pediu para não ser identificada.
Uma recepcionista que chegou por volta das 10h achou que a aglomeração era uma reunião de funcionários. Em seguida, viu muitos deles sendo dispensados. Ela, lamentava, teria que ficar até as 19h30 "sem fazer nada", porque visitantes tinham acesso negado.
O empregado vestido de bombeiro que barrava a todos no portão dizia a visitantes que não havia ninguém na empresa. Era também ele quem respondia aos funcionários que deixavam o prédio no início da tarde com a gravata na mão, como em fim de expediente, questionando como seria o dia seguinte. "Tudo normal", ouviam.
A polícia só deixou o local no final da tarde.


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