São Paulo, quinta-feira, 26 de março de 2009

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Grupo tem contrato no PAC e no metrô de SP

Beneficiária de empréstimos do BNDES, Camargo Corrêa é suspeita de superfaturar obra de refinaria em PE orçada em R$ 23 bi

Em Minas, empresa constrói centro administrativo de Aécio ao custo de R$ 1,2 bi; fundado há 70 anos, grupo faturou R$ 16 bi em 2008


DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Beneficiário de empréstimos milionários do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o grupo Camargo Corrêa é parceiro do governo federal em algumas das principais obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e integra consórcios responsáveis pela expansão do metrô de São Paulo e do Rodoanel. A empresa também detém a concessão de serviços públicos em vários Estados, como administração de rodovias, transmissão de energia e limpeza urbana.
"Menina dos olhos" do governo Lula, a Refinaria do Nordeste S/A, conhecida como Abreu e Lima, foi incluída pela Polícia Federal no inquérito da Operação Castelo de Areia, por suspeita de superfaturamento por parte da Camargo Corrêa. Localizada no porto de Suape, em Pernambuco, a usina foi lançada em 2005 pelos presidentes Lula e Hugo Chávez (Venezuela) como símbolo da integração entre os países.
Segundo a Petrobras, a construção está atrasada em cerca de um ano e poderá custar mais que o dobro do previsto -cerca de R$ 23 bilhões.
Pesquisa feita pela ONG Contas Abertas mostra que a Camargo Corrêa ficou em 19º lugar no ano passado no ranking das empreiteiras que mais tiveram verbas federais do PAC, ao receber R$ 102,6 milhões. Nos primeiros dois meses e meio de 2009, a empresa recebeu R$ 6,3 milhões.
A empreiteira participa do consórcio Energia Sustentável do Brasil, responsável pela construção e operação da usina de Jirau, no rio Madeira (RO), que receberá R$ 7,2 bilhões do BNDES -maior empréstimo já realizado a um único projeto.
Outra hidrelétrica do PAC, a usina de Estreito, também sob a responsabilidade da Camargo Corrêa, recebeu R$ 116,2 milhões em financiamento.
No final do ano passado, o grupo desistiu de participar da transposição do rio São Francisco, orçado em R$ 6,8 bilhões, outro dos pilares do PAC. O Ministério da Integração Nacional multou a empresa em R$ 1,6 milhão por quebra de contrato.
Fora do PAC, o maior negócio da Camargo Corrêa com o governo federal foram as obras de infraestrutura dos jogos do Pan do Rio, em 2007. Também foi uma das 20 empresas que patrocinaram a reforma do Palácio da Alvorada, há cinco anos, com R$ 920 mil.

Rodoanel
O grupo participa de grandes obras do governo José Serra (PSDB), em São Paulo. Integra o consórcio Via Amarela, responsável pela obra da linha 4 do metrô, onde um acidente em 2007 deixou sete mortos, e o consórcio Via Permanente, que venceu o leilão para a expansão da linha 2 do metrô. E está no lote 4 do trecho sul do Rodoanel e da ponte sobre a represa de Guarapiranga.
Em Minas Gerais, o grupo constrói o Centro Administrativo do governo Aécio Neves (PSDB-MG). A obra, na divisa entre Belo Horizonte e Santa Luzia, custará R$ 1,2 bilhão, 26% a mais do que o orçado.
A Camargo Corrêa também administra o estacionamento do aeroporto de Congonhas e tem concessões de rodovias nos Estados de São Paulo (Anhanguera-Bandeirantes e Castello Branco-Raposo Tavares), Rio de Janeiro (Dutra, Rodovia dos Lagos e ponte Rio-Niterói) e Paraná (RodoNorte).
Em 2008, a Camargo Corrêa faturou R$ 16 bilhões, cerca de R$ 3,6 bilhões (22,5%) a mais que no ano anterior. Aumento liderado pelas divisões de engenharia e construção, cimento, têxteis e siderurgia. No portfólio de obras da empresa há dez hidrelétricas (quatro em Santa Catarina), três termelétricas, 50,5 km de metrô, 654 km de rodovias e 40 km de ferrovias.
A Camargo Corrêa está presente em 20 países. No Peru, constrói a rodovia Transoceânica, que possibilitará o acesso do Brasil a três portos do oceano Pacífico (Ilo, Matarani e San Juan). Na Colômbia, o grupo está à frente das obras da hidrelétrica de Porce III.
Fundada há 70 anos por Sebastião Camargo (1909-94), a construtora teve seu crescimento apoiado na execução de obras públicas. Participou da construção de Brasília, da ponte Rio-Niterói, da usina nuclear de Angra 1 e das hidrelétricas de Itaipu, Ilha Solteira e Tucuruí. (CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA, MARTA SALOMON e SIMONE IGLESIAS)


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