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Grupo tem contrato no PAC e no metrô de SP
Beneficiária de empréstimos do BNDES, Camargo Corrêa é suspeita de superfaturar obra de refinaria em PE orçada em R$ 23 bi
Em Minas, empresa constrói centro administrativo de Aécio ao custo de R$ 1,2 bi; fundado há 70 anos, grupo faturou R$ 16 bi em 2008
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Beneficiário de empréstimos
milionários do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), o grupo
Camargo Corrêa é parceiro do
governo federal em algumas
das principais obras do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) e integra consórcios responsáveis pela expansão do metrô de São Paulo e do
Rodoanel. A empresa também
detém a concessão de serviços
públicos em vários Estados, como administração de rodovias,
transmissão de energia e limpeza urbana.
"Menina dos olhos" do governo Lula, a Refinaria do Nordeste S/A, conhecida como
Abreu e Lima, foi incluída pela
Polícia Federal no inquérito da
Operação Castelo de Areia, por
suspeita de superfaturamento
por parte da Camargo Corrêa.
Localizada no porto de Suape,
em Pernambuco, a usina foi
lançada em 2005 pelos presidentes Lula e Hugo Chávez
(Venezuela) como símbolo da
integração entre os países.
Segundo a Petrobras, a construção está atrasada em cerca
de um ano e poderá custar mais
que o dobro do previsto -cerca
de R$ 23 bilhões.
Pesquisa feita pela ONG
Contas Abertas mostra que a
Camargo Corrêa ficou em 19º
lugar no ano passado no ranking das empreiteiras que mais
tiveram verbas federais do
PAC, ao receber R$ 102,6 milhões. Nos primeiros dois meses e meio de 2009, a empresa
recebeu R$ 6,3 milhões.
A empreiteira participa do
consórcio Energia Sustentável
do Brasil, responsável pela
construção e operação da usina
de Jirau, no rio Madeira (RO),
que receberá R$ 7,2 bilhões do
BNDES -maior empréstimo já
realizado a um único projeto.
Outra hidrelétrica do PAC, a
usina de Estreito, também sob
a responsabilidade da Camargo
Corrêa, recebeu R$ 116,2 milhões em financiamento.
No final do ano passado, o
grupo desistiu de participar da
transposição do rio São Francisco, orçado em R$ 6,8 bilhões,
outro dos pilares do PAC. O Ministério da Integração Nacional multou a empresa em R$ 1,6
milhão por quebra de contrato.
Fora do PAC, o maior negócio da Camargo Corrêa com o
governo federal foram as obras
de infraestrutura dos jogos do
Pan do Rio, em 2007. Também
foi uma das 20 empresas que
patrocinaram a reforma do Palácio da Alvorada, há cinco
anos, com R$ 920 mil.
Rodoanel
O grupo participa de grandes
obras do governo José Serra
(PSDB), em São Paulo. Integra
o consórcio Via Amarela, responsável pela obra da linha 4 do
metrô, onde um acidente em
2007 deixou sete mortos, e o
consórcio Via Permanente, que
venceu o leilão para a expansão
da linha 2 do metrô. E está no
lote 4 do trecho sul do Rodoanel e da ponte sobre a represa
de Guarapiranga.
Em Minas Gerais, o grupo
constrói o Centro Administrativo do governo Aécio Neves
(PSDB-MG). A obra, na divisa
entre Belo Horizonte e Santa
Luzia, custará R$ 1,2 bilhão,
26% a mais do que o orçado.
A Camargo Corrêa também
administra o estacionamento
do aeroporto de Congonhas e
tem concessões de rodovias nos
Estados de São Paulo (Anhanguera-Bandeirantes e Castello
Branco-Raposo Tavares), Rio
de Janeiro (Dutra, Rodovia dos
Lagos e ponte Rio-Niterói) e
Paraná (RodoNorte).
Em 2008, a Camargo Corrêa
faturou R$ 16 bilhões, cerca de
R$ 3,6 bilhões (22,5%) a mais
que no ano anterior. Aumento
liderado pelas divisões de engenharia e construção, cimento,
têxteis e siderurgia. No portfólio de obras da empresa há dez
hidrelétricas (quatro em Santa
Catarina), três termelétricas,
50,5 km de metrô, 654 km de
rodovias e 40 km de ferrovias.
A Camargo Corrêa está presente em 20 países. No Peru,
constrói a rodovia Transoceânica, que possibilitará o acesso
do Brasil a três portos do oceano Pacífico (Ilo, Matarani e San
Juan). Na Colômbia, o grupo
está à frente das obras da hidrelétrica de Porce III.
Fundada há 70 anos por Sebastião Camargo (1909-94), a
construtora teve seu crescimento apoiado na execução de
obras públicas. Participou da
construção de Brasília, da ponte Rio-Niterói, da usina nuclear
de Angra 1 e das hidrelétricas
de Itaipu, Ilha Solteira e Tucuruí.
(CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA, MARTA SALOMON e SIMONE IGLESIAS)
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