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REFORMA MINISTERIAL
Presidente se irrita com especulações sobre mudanças e chama de "fofoca' a disputa por cargos
FHC diz que decisão sobre cargos é sua
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso se irritou ontem ao
responder a jornalistas sobre os
próximos passos da reforma ministerial.
FHC disse que está ouvindo pessoas e partidos para escolher os
novos ministros, mas que isso não
significa que acatará o que eles decidirem.
"Ministério é uma decisão pessoal do presidente da República.
Essa é uma decisão minha. Tudo
será decidido por mim. O nosso
sistema é assim: a responsabilidade é minha", disse FHC.
"Eu acho que essas perguntas
não têm cabimento", reclamou.
O presidente se irritou especialmente com a pergunta sobre a
possibilidade de o atual presidente
da Caixa Econômica Federal, Sérgio Cutolo, ser nomeado para o
Ministério da Habitação e Saneamento, caso a pasta seja criada.
"Acho que é muito ruim a cada
dia ficar criando ministério, derrubando ministro, fazendo não sei
o quê. Isso não é procedimento
que tem o meu acolhimento", disse FHC.
"Quando eu tomar a decisão, eu
vou anunciar. Peço aos senhores
que poupem o trabalho de perguntar se confirmo ou não confirmo, porque não tem nada a ser
confirmado. Quando eu tiver convicção melhor do que vou fazer, eu
vou informar. Eu não estou nesse
momento para confirmar ou não
confirmar nada."
Base rebelde
A irritação de FHC veio à tona
no momento em que os partidos
da base governista estão brigando
por espaço no ministério.
Os pefelistas, por exemplo, não
gostaram da escolha do senador
José Serra (PSDB-SP) para o Ministério da Saúde, por considerar
que isso amplia o poder dos tucanos no governo.
Dias antes da confirmação de
Serra, o PFL e outros partidos aliados tinham entregue ao ex-ministro Carlos Albuquerque um abaixo-assinado de apoio a sua permanência no cargo.
O PPB, por sua vez, quer mais
uma pasta além da que já controla
(Indústria, Comércio e Turismo).
O partido quer indicar o ocupante
do Ministério do Trabalho.
O presidente disse que, nas conversas que vem mantendo com os
líderes de partidos, não está discutindo detalhes da distribuição de
cargos. "Estou apenas ouvindo
pessoas."
Fofoca de corredor
Pouco antes, durante solenidade
em que conheceu a proposta da
CNI (Confederação Nacional da
Indústria) de melhorar o nível
educacional dos industriários,
FHC criticou a briga dos partidos
pelos cargos no governo.
"Política não pode ser simplesmente conversa de corredor nem
destruição de uns pelos outros.
Nem fofocas a respeito de cargos,
nem busca de vantagens a qualquer custo. Política tem de ser entendida como uma devoção à causa pública, com apoio às causas
que são corretas", afirmou.
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