São Paulo, quinta, 26 de março de 1998

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REFORMA MINISTERIAL
Presidente se irrita com especulações sobre mudanças e chama de "fofoca' a disputa por cargos
FHC diz que decisão sobre cargos é sua

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso se irritou ontem ao responder a jornalistas sobre os próximos passos da reforma ministerial.
FHC disse que está ouvindo pessoas e partidos para escolher os novos ministros, mas que isso não significa que acatará o que eles decidirem.
"Ministério é uma decisão pessoal do presidente da República. Essa é uma decisão minha. Tudo será decidido por mim. O nosso sistema é assim: a responsabilidade é minha", disse FHC.
"Eu acho que essas perguntas não têm cabimento", reclamou.
O presidente se irritou especialmente com a pergunta sobre a possibilidade de o atual presidente da Caixa Econômica Federal, Sérgio Cutolo, ser nomeado para o Ministério da Habitação e Saneamento, caso a pasta seja criada.
"Acho que é muito ruim a cada dia ficar criando ministério, derrubando ministro, fazendo não sei o quê. Isso não é procedimento que tem o meu acolhimento", disse FHC.
"Quando eu tomar a decisão, eu vou anunciar. Peço aos senhores que poupem o trabalho de perguntar se confirmo ou não confirmo, porque não tem nada a ser confirmado. Quando eu tiver convicção melhor do que vou fazer, eu vou informar. Eu não estou nesse momento para confirmar ou não confirmar nada."
Base rebelde
A irritação de FHC veio à tona no momento em que os partidos da base governista estão brigando por espaço no ministério.
Os pefelistas, por exemplo, não gostaram da escolha do senador José Serra (PSDB-SP) para o Ministério da Saúde, por considerar que isso amplia o poder dos tucanos no governo.
Dias antes da confirmação de Serra, o PFL e outros partidos aliados tinham entregue ao ex-ministro Carlos Albuquerque um abaixo-assinado de apoio a sua permanência no cargo.
O PPB, por sua vez, quer mais uma pasta além da que já controla (Indústria, Comércio e Turismo). O partido quer indicar o ocupante do Ministério do Trabalho.
O presidente disse que, nas conversas que vem mantendo com os líderes de partidos, não está discutindo detalhes da distribuição de cargos. "Estou apenas ouvindo pessoas."
Fofoca de corredor
Pouco antes, durante solenidade em que conheceu a proposta da CNI (Confederação Nacional da Indústria) de melhorar o nível educacional dos industriários, FHC criticou a briga dos partidos pelos cargos no governo.
"Política não pode ser simplesmente conversa de corredor nem destruição de uns pelos outros. Nem fofocas a respeito de cargos, nem busca de vantagens a qualquer custo. Política tem de ser entendida como uma devoção à causa pública, com apoio às causas que são corretas", afirmou.



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