São Paulo, quinta, 26 de março de 1998

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QUESTÃO INDÍGENA
Prefeitura está cadastrando as famílias e pede verba para a construção de casas populares
Na fuga, expulsos carregam até fogão

da Agência Folha, em Banzaê (BA)

Expulsos de suas casas pelos índios, os moradores dos povoados de Banzaê lembram os retirantes da seca. Eles caminham quilômetros carregando seus pertences nas mãos e na cabeça até encontrar o local designado pela prefeitura.
"Os índios queriam ocupar a minha casa imediatamente e só deu tempo de carregar o fogão", disse Elenilda Silva Moraes, 19.
Durante três horas ontem, Elenilda e seu filho Redinelson Moraes, 3, caminharam sob uma temperatura de 35 graus até a área onde foram erguidas as barracas pelo Exército.
O agricultor Antonio Dantas de Jesus, 33, teve mais sorte. Ele conseguiu levar para um abrigo provisório geladeira, televisão, panelas e sua cama. "Gastei R$ 7.000 para construir a casa, e a Funai estabeleceu uma indenização máxima de R$ 4.000. Só quero saber quem vai bancar meu prejuízo."
Cadastramento
A Prefeitura de Banzaê espera concluir até amanhã o cadastramento de todas as famílias que foram obrigadas a abandonar suas casas.
"Vamos assentar prioritariamente as famílias que têm filhos pequenos e em idade escolar", disse a prefeita Jailma Alves Dantas.
A prefeita encaminhou ontem um ofício ao governador Paulo Souto (PFL), 54, pedindo a liberação de uma verba emergencial para a construção de 200 casas populares no município.
O coronel da Polícia Militar Aloysio Campos Filho disse ontem que os índios não serão retirados das áreas invadidas. "O governo federal já demarcou a área há 16 anos e agora tem de cumprir a promessa de pagar as indenizações aos antigos moradores", disse. (LUIZ FRANCISCO)


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