São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2004

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MEMÓRIA

Viagem começou em Buenos Aires

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando conheceu o brasileiro Walter Salles, que ele chama de "Guálter", Alberto Granado já tinha assistido a um curta do diretor, sobre o músico negro Adão Xalebaradã. Achou que ele teria a "sensibilidade social" necessária para adaptar sua obra mais preciosa, que viraria o filme "Diários de Motocicleta". "No final, tive sorte com ele", disse don Alberto.
A viagem dos dois amigos, registrada tanto por Granado quanto por Che Guevara em diários, começa em 4 de janeiro de 1952 em Buenos Aires, a bordo de "La Poderosa", uma motocicleta Norton modelo 18 de 500 cilindradas e fabricada em 1939.
O veículo resistiria até o trecho entre Lautauro e Los Angeles, no Chile. Com a moto quebrada e vendida, a dupla segue viagem de carona, passa por Antofogasta, Cuzco e chega até um leprosário no rio Amazonas.
É lá, segundo o filme e o próprio Granado, que o então estudante de medicina Ernesto Guevara de La Serna, primogênito de uma família de classe média argentina, faria a opção definitiva pela militância nos movimentos sociais, ao atravessar a nado, e bêbado, o rio que separava o alojamento dos médicos (onde estava) do alojamento dos doentes de lepra e comemorar seu aniversário com estes.
Ainda voltaria a Buenos Aires para terminar seus estudos de medicina, mas logo lutaria contra os invasores na Guatemala, conheceria Fidel Castro no exílio no México e se engajaria de vez na Revolução Cubana.
Os dois amigos se vêem pela última vez em 26 de julho de 1952. Vão se reencontrar 8 anos depois, com Che já presidindo o banco central cubano. Ele morreria em 8 de outubro de 1967, fuzilado na selva boliviana. (SD)


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