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MEMÓRIA
Viagem começou em Buenos Aires
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando conheceu o brasileiro Walter Salles, que ele
chama de "Guálter", Alberto
Granado já tinha assistido a
um curta do diretor, sobre o
músico negro Adão Xalebaradã. Achou que ele teria a
"sensibilidade social" necessária para adaptar sua obra
mais preciosa, que viraria o
filme "Diários de Motocicleta". "No final, tive sorte com
ele", disse don Alberto.
A viagem dos dois amigos,
registrada tanto por Granado quanto por Che Guevara
em diários, começa em 4 de
janeiro de 1952 em Buenos
Aires, a bordo de "La Poderosa", uma motocicleta Norton modelo 18 de 500 cilindradas e fabricada em 1939.
O veículo resistiria até o
trecho entre Lautauro e Los
Angeles, no Chile. Com a
moto quebrada e vendida, a
dupla segue viagem de carona, passa por Antofogasta,
Cuzco e chega até um leprosário no rio Amazonas.
É lá, segundo o filme e o
próprio Granado, que o então estudante de medicina
Ernesto Guevara de La Serna, primogênito de uma família de classe média argentina, faria a opção definitiva
pela militância nos movimentos sociais, ao atravessar
a nado, e bêbado, o rio que
separava o alojamento dos
médicos (onde estava) do
alojamento dos doentes de
lepra e comemorar seu aniversário com estes.
Ainda voltaria a Buenos
Aires para terminar seus estudos de medicina, mas logo
lutaria contra os invasores
na Guatemala, conheceria
Fidel Castro no exílio no México e se engajaria de vez na
Revolução Cubana.
Os dois amigos se vêem
pela última vez em 26 de julho de 1952. Vão se reencontrar 8 anos depois, com Che
já presidindo o banco central cubano. Ele morreria em
8 de outubro de 1967, fuzilado na selva boliviana.
(SD)
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