São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 2006

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Sem votos, oposição aceita que CPI dos Bingos tenha fim antecipado

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Bingos caminha para um fim antecipado. Ontem, a falta de quórum inviabilizou uma reunião e o presidente da comissão, Efraim Morais (PFL-PB), disse que a oposição não vai mais brigar para aprovar requerimentos polêmicos, como a reconvocação do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso.
"Não precisamos ouvir o Mattoso sobre a quebra de sigilo do caseiro [Francenildo Costa]. A Polícia Federal já fez isso. É só fazer uma cópia do depoimento e juntar com o que ele havia dito antes à CPI", disse o senador.
O prazo final para o término da CPI é 24 de junho, mas há duas semanas Morais cogita encerrar os trabalhos no fim de maio. A proposta tem o apoio do relator, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), e a simpatia do senador Tião Viana (PT-AC), articulador do governo na CPI.
A hipótese de término antecipado ganhou mais força ontem. Por falta de quórum, o depoimento do subprocurador da República, Márcio Guimarães, foi adiado para amanhã porque não havia senadores suficientes na sessão.

Calendário eleitoral
Há dois motivos para o encerramento antecipado da CPI. O primeiro é o calendário das eleições. Tanto Morais quanto Alves Filho defendem que, em junho, as reuniões da CPI deverão ser esvaziadas por conta da participação dos senadores nas convenções partidárias. "Além disso, este ano ainda tem Copa do Mundo em junho", disse Alves Filho.
O segundo motivo é que o governo tem trabalhado contra a aprovação de convocações e quebras de sigilo. Desde 15 de março, Morais não coloca em votação requerimentos polêmicos. Teme que sejam derrubados.
A vitória oposicionista depende do voto do vice-presidente da CPI, senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que não aparece em Brasília há duas semanas: está representando o Senado nas negociações sobre a retirada das famílias da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Porém, Morais afirmou que não esperará: "Na semana que vem, eu coloco todos os requerimentos em votação, mesmo que para perder".
A falta de votos na oposição coincide com a rearticulação dos governistas liderados pelo senador Tião Viana. Além do embate político, ele iniciou uma batalha jurídica ao ingressar com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal. Na ação, ele diz que a CPI "fugiu do seu objeto de investigação".
"No começo, o governo não acreditava na CPI. Depois, com o nosso trabalho sério e os resultados apresentados, eles passaram a se preocupar mais e a trabalhar mais também", disse Morais. Porém, ele acha difícil a CPI aprovar a quebra de sigilo do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, já que outro pedido ainda encontra-se sob análise no STF.


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