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Sem votos, oposição aceita que CPI dos Bingos tenha fim antecipado
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Bingos caminha para
um fim antecipado. Ontem, a falta
de quórum inviabilizou uma reunião e o presidente da comissão,
Efraim Morais (PFL-PB), disse
que a oposição não vai mais brigar para aprovar requerimentos
polêmicos, como a reconvocação
do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso.
"Não precisamos ouvir o Mattoso sobre a quebra de sigilo do
caseiro [Francenildo Costa]. A
Polícia Federal já fez isso. É só fazer uma cópia do depoimento e
juntar com o que ele havia dito
antes à CPI", disse o senador.
O prazo final para o término da
CPI é 24 de junho, mas há duas semanas Morais cogita encerrar os
trabalhos no fim de maio. A proposta tem o apoio do relator, senador Garibaldi Alves Filho
(PMDB-RN), e a simpatia do senador Tião Viana (PT-AC), articulador do governo na CPI.
A hipótese de término antecipado ganhou mais força ontem. Por
falta de quórum, o depoimento
do subprocurador da República,
Márcio Guimarães, foi adiado para amanhã porque não havia senadores suficientes na sessão.
Calendário eleitoral
Há dois motivos para o encerramento antecipado da CPI. O primeiro é o calendário das eleições.
Tanto Morais quanto Alves Filho
defendem que, em junho, as reuniões da CPI deverão ser esvaziadas por conta da participação dos
senadores nas convenções partidárias. "Além disso, este ano ainda tem Copa do Mundo em junho", disse Alves Filho.
O segundo motivo é que o governo tem trabalhado contra a
aprovação de convocações e quebras de sigilo. Desde 15 de março,
Morais não coloca em votação requerimentos polêmicos. Teme
que sejam derrubados.
A vitória oposicionista depende
do voto do vice-presidente da
CPI, senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que não aparece
em Brasília há duas semanas: está
representando o Senado nas negociações sobre a retirada das famílias da reserva indígena Raposa
Serra do Sol, em Roraima. Porém,
Morais afirmou que não esperará:
"Na semana que vem, eu coloco
todos os requerimentos em votação, mesmo que para perder".
A falta de votos na oposição
coincide com a rearticulação dos
governistas liderados pelo senador Tião Viana. Além do embate
político, ele iniciou uma batalha
jurídica ao ingressar com um
mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal. Na ação, ele
diz que a CPI "fugiu do seu objeto
de investigação".
"No começo, o governo não
acreditava na CPI. Depois, com o
nosso trabalho sério e os resultados apresentados, eles passaram a
se preocupar mais e a trabalhar
mais também", disse Morais. Porém, ele acha difícil a CPI aprovar
a quebra de sigilo do presidente
do Sebrae, Paulo Okamotto, já
que outro pedido ainda encontra-se sob análise no STF.
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