São Paulo, domingo, 26 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Partido envolve pré-candidato tucano em episódios negativos para o governo federal

PT lançará campanha para colar Serra a FHC

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT decidiu priorizar o esforço de carimbar em José Serra o rótulo de candidato governista.
Para isso, o partido prepara uma campanha em que buscará reforçar a ligação do presidenciável tucano com políticas de Fernando Henrique Cardoso.
Estão em fase de preparação panfletos e cartazes com o mote "45 medidas contra o povo brasileiro que Serra apoiou". É uma referência clara ao PSDB, já que 45 é o número da legenda.
As medidas a que se refere a campanha petista abrangem políticas do governo criticadas pela oposição e denúncias de corrupção durante os dois mandatos.
No primeiro grupo, estão, por exemplo, a crise de energia elétrica, o aumento no preço da gasolina e a elevação da dívida interna. No segundo, casos como o socorro aos bancos Marka e FonteCindam, supostas irregularidades na venda da Vale e da telefonia, a compra de votos para a reeleição, o caixa 2 na campanha de FHC e as atividades do ex-secretáro-geral da Presidência Eduardo Jorge.
Muitas dessas denúncias resultaram em pedidos de CPIs pela oposição, raramente concretizadas. O PT também destacará as "operações-abafa" do governo para evitar as investigações.
"O Serra vai ter de assumir o ônus da política econômica recessiva dos dois mandatos de FHC e também da falta de transparência e interesse em esclarecer acusações", afirma o líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), que organiza a campanha. O formato dos panfletos e cartazes está sendo definido. A idéia é que a distribuição do material em todo o país seja feita já no mês de junho.
Líderes do PT, inclusive Luiz Inácio Lula da Silva, têm apontado a "contradição inerente" à campanha de Serra. Em tom irônico, mencionam o "dilema hamletiano" do tucano, que "não sabe se é governo ou oposição".
É uma referência à tentativa do tucano de colocar-se como herdeiro de FHC em algumas questões, como a estabilidade macroeconômica e a responsabilidade fiscal, ao mesmo tempo em que busca se distanciar evidenciando que ainda "falta muito a fazer" na área social. Para os lulistas, a ambiguidade é um flanco aberto no campo adversário.
A indicação da deputada Rita Camata (PMDB-ES) como vice na chapa tucana, segundo os petistas, acentua essa contradição. Rita, antes de pular para o barco governista, alinhava-se aos partidos de oposição em todas as votações importantes no Congresso.
"Não dá para o Serra querer ser as duas coisas ao mesmo tempo, governo e oposição. E não dá para ele disfarçar e achar que não tem nada a ver com o que está acontecendo hoje no país", diz Cunha.


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