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Para Lula, "guerra" por
reformas não acabou
DO ENVIADO A BUENOS AIRES
Em conversa com o governador
Germano Rigotto (RS), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
disse que ainda não considera ganha a "guerra da comunicação"
pelas reformas, especialmente a
previdenciária.
O relato da conversa, ocorrida
no vôo entre Porto Alegre e Buenos Aires, foi feito pelo governador do PMDB, partido que deve
formalizar amanhã o apoio oficial
ao governo na votação das reformas. Lula e Rigotto estiveram ontem na posse do novo presidente
da Argentina, Néstor Kirchner.
Isso indica que deve prosseguir
a campanha de mídia promovida
pelo governo para tentar assegurar apoio aos pontos polêmicos
das reformas, principalmente no
que se refere à mudança nas regras para servidores públicos.
"O presidente me disse que acha
natural haver oposição às reformas. Disse que há formadores de
opinião que se acham prejudicados, e isso influencia a sociedade",
declarou Rigotto. "Mas o Lula me
pareceu muito determinado e disposto a ir para o debate", prosseguiu o governador gaúcho.
Rigotto, um dos principais entusiastas da unificação do ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) na reforma tributária, propôs a Lula uma
fórmula para neutralizar temores
de que haja aumento da carga tributária nesse processo.
A idéia seria, paralelamente à
tramitação da emenda constitucional que faria a unificação, iniciar o detalhamento da questão,
como a definição das cinco faixas
de alíquotas em que seriam enquadrados os produtos pelos Estados. "Isso mostrará que não haverá aumento da carga tributária.
O presidente gostou da idéia e pedirá a sua equipe para que a estude", declarou o governador.
O presidente voltou a defender
a decisão do Banco Central de
manter inalteradas as taxas de juros, argumentando que uma redução de "1% ou coisa parecida"
não traria benefício nenhum para
a população. "A decisão do BC foi
correta. Não adianta abaixar em
1% ou coisa parecida a taxa básica, porque isso não se reflete em
mudança nos juros para o consumidor, que é o mais importante",
disse Lula, segundo Rigotto.
O presidente voltou a dizer, ainda de acordo com o peemedebista, que os juros cairão de forma
sustentada no futuro. Ele não especificou quando, no entanto.
Anteontem, em Cuzco (Peru), Lula afirmou que não se deve fazer
reduções de forma "estabanada".
"Vai haver o momento da redução, vai haver o momento da queda", disse Lula ao governador.
Desbloqueio
Também presente na comitiva
de Lula, o ministro das Cidades,
Olívio Dutra, disse que recebeu
do presidente a promessa de que
o descontingenciamento dos gastos do ministério, feito em fevereiro, começará em breve.
Foram congelados R$ 14,1 bilhões do orçamento dos ministérios. "Será liberado, em um primeiro momento, R$ 1 bi", disse
Olívio, cuja pasta sofreu um congelamento de 96% na verba.
(FÁBIO ZANINI)
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