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São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2003

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Para Lula, "guerra" por reformas não acabou

DO ENVIADO A BUENOS AIRES

Em conversa com o governador Germano Rigotto (RS), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que ainda não considera ganha a "guerra da comunicação" pelas reformas, especialmente a previdenciária.
O relato da conversa, ocorrida no vôo entre Porto Alegre e Buenos Aires, foi feito pelo governador do PMDB, partido que deve formalizar amanhã o apoio oficial ao governo na votação das reformas. Lula e Rigotto estiveram ontem na posse do novo presidente da Argentina, Néstor Kirchner.
Isso indica que deve prosseguir a campanha de mídia promovida pelo governo para tentar assegurar apoio aos pontos polêmicos das reformas, principalmente no que se refere à mudança nas regras para servidores públicos.
"O presidente me disse que acha natural haver oposição às reformas. Disse que há formadores de opinião que se acham prejudicados, e isso influencia a sociedade", declarou Rigotto. "Mas o Lula me pareceu muito determinado e disposto a ir para o debate", prosseguiu o governador gaúcho.
Rigotto, um dos principais entusiastas da unificação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na reforma tributária, propôs a Lula uma fórmula para neutralizar temores de que haja aumento da carga tributária nesse processo.
A idéia seria, paralelamente à tramitação da emenda constitucional que faria a unificação, iniciar o detalhamento da questão, como a definição das cinco faixas de alíquotas em que seriam enquadrados os produtos pelos Estados. "Isso mostrará que não haverá aumento da carga tributária. O presidente gostou da idéia e pedirá a sua equipe para que a estude", declarou o governador.
O presidente voltou a defender a decisão do Banco Central de manter inalteradas as taxas de juros, argumentando que uma redução de "1% ou coisa parecida" não traria benefício nenhum para a população. "A decisão do BC foi correta. Não adianta abaixar em 1% ou coisa parecida a taxa básica, porque isso não se reflete em mudança nos juros para o consumidor, que é o mais importante", disse Lula, segundo Rigotto.
O presidente voltou a dizer, ainda de acordo com o peemedebista, que os juros cairão de forma sustentada no futuro. Ele não especificou quando, no entanto. Anteontem, em Cuzco (Peru), Lula afirmou que não se deve fazer reduções de forma "estabanada".
"Vai haver o momento da redução, vai haver o momento da queda", disse Lula ao governador.

Desbloqueio
Também presente na comitiva de Lula, o ministro das Cidades, Olívio Dutra, disse que recebeu do presidente a promessa de que o descontingenciamento dos gastos do ministério, feito em fevereiro, começará em breve.
Foram congelados R$ 14,1 bilhões do orçamento dos ministérios. "Será liberado, em um primeiro momento, R$ 1 bi", disse Olívio, cuja pasta sofreu um congelamento de 96% na verba.
(FÁBIO ZANINI)


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