|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ACM controla 14 cargos federais
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cinco meses após o início do
governo Lula, o senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA) mantém sob sua influência pelo menos 14 cargos relevantes em órgãos do governo federal. Todos
estão ocupados ou prestes a ser
por afilhados políticos de ACM.
Levantamento feito pela Folha
na semana passada mostra que
dez cargos já eram ocupados por
carlistas no governo Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002) e
foram mantidos por Lula. Outros
quatro aliados de ACM foram nomeados já em 2003 ou aguardam
a nomeação pelo atual governo.
Há dois anos, a Folha obteve a
lista oficial de cargos de ACM no
governo FHC. À época, ele tinha
29 afilhados em postos importantes da máquina federal.
O principal cargo nas mãos de
carlistas é a direção geral da Aneel
(Agência Nacional de Energia Elétrica), ocupada por José Mário
Abdo, indicado no governo FHC
pelo deputado José Carlos Aleluia
(PFL-BA). Abdo tem mandato e
fica no cargo ao menos até 2005,
caso não seja reconduzido por
Lula.
Outros cargos importantes sob
influência de ACM são a chefia do
Departamento Jurídico do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a gerência na Bahia da Dataprev (Empresa de Processamento
de Dados da Previdência Social) e
a direção nacional de Recursos
Humanos dos Correios.
Tradicional adversário do PT,
ACM começou a se aproximar do
partido ao apoiar Lula, no segundo turno da eleição presidencial,
contra o tucano José Serra. Recentemente, o senador escapou de
um processo político por envolvimento em grampos telefônicos na
Bahia e ficou grato ao Planalto.
Lula ordenou a seus comandados
que não interferissem no processo, o que resultou em uma grande
ajuda para ACM não ser cassado.
Como prova de gratidão, o senador baiano iniciou um trabalho
para levar parte do PFL a votar
com o governo federal. Apesar
disso, ACM continua sendo o
maior adversário do PT na Bahia,
que tem em seus quadros o líder
do partido na Câmara, Nelson Pellegrino, e os ministros Jaques
Wagner (Trabalho) e Waldir Pires (Controladoria).
Para ampliar sua área de influência no governo Lula, ACM
espalhou alguns deputados de seu
grupo político por partidos da base governista, como PL, PTB e PP.
Com isso, esses parlamentares
conseguiram indicar oficialmente
os ocupantes de alguns cargos.
Aliados
É o caso de Félix Mendonça
(PTB), que tem um cargo nos
Correios e outro no Codevasf
(Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco), e de
Mário Negromonte, filiado recentemente ao PP, que indicará o gerente regional do Banco do Nordeste na Bahia.
Já o deputado João Leão, que se
filiou ao PL já em 2003, indicou o
ex-deputado Eujácio Simões para
o DNIT (Departamento Nacional
de Infra-Estrutura de Transportes) e Galdino Leite para a diretoria administrativa e financeira da
Codeba (Companhia das Docas
da Bahia). O PT resiste aos nomes
e tenta reverter as escolhas.
Outros casos são mais explícitos
de indicações feitas pelo próprio
senador ou por políticos pefelistas. É o caso de Herbert Drumond, diretor de engenharia da
Codevasf, que esteve no Senado
na semana passada sendo apresentado a políticos nordestinos
por ACM, responsável por sua
nomeação.
A influência do carlismo no governo Lula divide os petistas. Pellegrino, rival local de ACM, nega
o poder do adversário: "Se houver
indicação do ACM, é residual. O
PFL-BA não faz parte da base do
nosso governo, que está em um
processo de substituição dos cargos herdados do governo passado". Questionado se tal processo
não estaria sendo muito lento, o
líder do partido desconversou:
"Não está levando muito tempo.
Ainda há três anos e sete meses de
governo Lula pela frente".
Já o ministro Ricardo Berzoini
(Previdência) admite a manutenção de afilhados de ACM, desde
que eles tenham competência:
"Não há critério político-partidário. O que prevalece é a qualidade
da gestão. Se receber indicação de
alguém que é competente e honesto, não tem problema".
Berzoini manteve na gerência
do Dataprev na Bahia um indicado de Waldeck Ornélas (PFL-BA), um carlista que foi ministro
da Previdência Social durante
parte do governo FHC.
Texto Anterior: Planejamento libera R$ 1 bi da verba retida Próximo Texto: Outro lado: Preenchimento é feito por critério técnico, diz Dirceu Índice
|