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São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2003

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VÔO CEGO

Após destituir curadores, companhia quer US$ 100 mi do governo

Varig vai ao BNDES negociar aval

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Varig, Roberto Macedo, conversa hoje com técnicos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para buscar um aval financeiro de US$ 100 milhões.
Esse dinheiro é essencial para que a Varig continue operando até setembro, data prevista para sua eventual fusão com a TAM.
O contato ocorre dois dias depois da destituição dos curadores da Fundação Ruben Berta, controladora da Varig.
Ao serem empossados no sábado, os novos curadores prometeram facilitar as relações da empresa aérea com o governo e avançar o processo de fusão.
O processo estava emperrado pelos antigos controladores da fundação, liderados pelo ex-presidente do conselho curador, Yutaka Imagawa.
Na próxima quinta-feira, representantes da Varig e do banco Fator - encarregado do processo de fusão com a TAM - vão definir os detalhes de como será redigido o contrato de comprometimento da união das duas companhias aéreas.
O documento é uma das exigências do governo para que o BNDES libere o dinheiro, que servirá de garantia para o alongamento de dívidas da Varig com a BR Distribuidora e com o Banco do Brasil.
"Vamos aprofundar a discussão. O problema é que a TAM não aceita especificar qual será sua participação na nova companhia. Para a Varig já está estabelecida uma participação de 5%", disse à Folha Gilberto Rigoni, presidente da FRB-par.
No entanto a troca dos curadores do conselho da fundação, que incluiu a saída do próprio Rigoni, deve forçar a Varig a aceitar assinar um compromisso irreversível com a TAM, mesmo que não seja especificado o percentual de participação desta última na futura companhia.
A mudança dos membros do conselho da Fundação Ruben Berta foi uma vitória do governo.
Imagawa era um empecilho para a fusão. O novo presidente, Norberto Hoffman, deve ser mais flexível nas negociações.
Espera-se que Rigoni, também crítico à fusão, seja em breve demitido. "Meu cargo é de confiança. É natural que queiram me substituir", disse Rigoni. O executivo afirmou que não recebeu nenhum comunicado sobre sua saída da FRB-par até ontem.
O governo tem pressionado a Varig a aceitar a fusão, mesmo que a Fundação Ruben Berta fique com apenas 2,5% da nova companhia (outros 2,5% ficariam com outros acionistas da Varig).
As saídas de Imagawa e de Rigoni do conselho curador da Fundação Ruben Berta fortalecem a estratégia do governo de fazer com que a fundação aceite as atuais condições impostas para a fusão.
A expectativa na Varig é a de que o ex-presidente Manoel Guedes, que se demitiu em abril, após desentendimentos com Imagawa, volte para a companhia aérea ou para a FRB-par.


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