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VÔO CEGO
Após destituir curadores, companhia quer US$ 100 mi do governo
Varig vai ao BNDES negociar aval
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Varig, Roberto
Macedo, conversa hoje com técnicos do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social) para buscar um aval financeiro de US$ 100 milhões.
Esse dinheiro é essencial para
que a Varig continue operando
até setembro, data prevista para
sua eventual fusão com a TAM.
O contato ocorre dois dias depois da destituição dos curadores
da Fundação Ruben Berta, controladora da Varig.
Ao serem empossados no sábado, os novos curadores prometeram facilitar as relações da empresa aérea com o governo e avançar
o processo de fusão.
O processo estava emperrado
pelos antigos controladores da
fundação, liderados pelo ex-presidente do conselho curador, Yutaka Imagawa.
Na próxima quinta-feira, representantes da Varig e do banco Fator - encarregado do processo
de fusão com a TAM - vão definir os detalhes de como será redigido o contrato de comprometimento da união das duas companhias aéreas.
O documento é uma das exigências do governo para que o
BNDES libere o dinheiro, que servirá de garantia para o alongamento de dívidas da Varig com a
BR Distribuidora e com o Banco
do Brasil.
"Vamos aprofundar a discussão. O problema é que a TAM não
aceita especificar qual será sua
participação na nova companhia.
Para a Varig já está estabelecida
uma participação de 5%", disse à
Folha Gilberto Rigoni, presidente
da FRB-par.
No entanto a troca dos curadores do conselho da fundação, que
incluiu a saída do próprio Rigoni,
deve forçar a Varig a aceitar assinar um compromisso irreversível
com a TAM, mesmo que não seja
especificado o percentual de participação desta última na futura
companhia.
A mudança dos membros do
conselho da Fundação Ruben
Berta foi uma vitória do governo.
Imagawa era um empecilho para a fusão. O novo presidente,
Norberto Hoffman, deve ser mais
flexível nas negociações.
Espera-se que Rigoni, também
crítico à fusão, seja em breve demitido. "Meu cargo é de confiança. É natural que queiram me
substituir", disse Rigoni. O executivo afirmou que não recebeu nenhum comunicado sobre sua saída da FRB-par até ontem.
O governo tem pressionado a
Varig a aceitar a fusão, mesmo
que a Fundação Ruben Berta fique com apenas 2,5% da nova
companhia (outros 2,5% ficariam
com outros acionistas da Varig).
As saídas de Imagawa e de Rigoni do conselho curador da Fundação Ruben Berta fortalecem a estratégia do governo de fazer com
que a fundação aceite as atuais
condições impostas para a fusão.
A expectativa na Varig é a de
que o ex-presidente Manoel Guedes, que se demitiu em abril, após
desentendimentos com Imagawa,
volte para a companhia aérea ou
para a FRB-par.
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