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TENSÃO NO CAMPO
Líder dos sem-terra coordena invasão de área do governo de SP
Rainha pede presença da PF no Pontal
CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE DA AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE EPITÁCIO
O líder do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) José Rainha Jr. disse ontem
que vai pedir ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva a ação da Polícia Federal na região do Pontal do
Paranapanema para a procura de
armas com fazendeiros.
"[O presidente Lula] deve mandar a Polícia Federal dar umas
voltas nas beiradas dessas fazendas porque tem milícia armada
para tudo quanto é lado. E botar
na cadeia os dirigentes dessa organização assassina chamada
UDR, que já matou milhares [de
pessoas] neste país", disse Rainha
durante discurso em Presidente
Epitácio (655 km a oeste de SP).
Lá o MST inaugurou com um
churrasco o que chama de superacampamento, local em que o
movimento espera reunir cerca
de 5.000 famílias até agosto próximo. Participaram do evento cerca
de 500 pessoas, segundo a PF.
Apesar da denúncia, Rainha
acredita que na região não há risco imediato de violência ou temor
de "várias mortes", como disse à
Folha o ouvidor agrário nacional,
Gercino José da Silva Filho. "Nós
estamos aqui num local onde há
terras públicas já declaradas."
Sobre as invasões, Rainha disse
que o Brasil "vive um novo tempo" e que Lula tem o "voto de
confiança" da organização. "Estou apostando no diálogo e no entendimento que o Lula está fazendo." Mas o sem-terra faz um alerta: "Se na frente houver ocupação
será porque fomos derrotados no
entendimento e no diálogo".
Rainha considera baixa a meta
do governo paulista de assentar
até o fim do ano cerca de mil famílias no Pontal: "O governo paulista poderia ter tomado ações mais
enérgicas sobre os 100 mil hectares de terras devolutas no Pontal.
Ele também sabe que, se as ocupações acontecerem, é pela negligência e inoperância do governo".
O superacampamento inaugurado ontem por Rainha tem hoje
cerca de 250 famílias numa área
invadida às margens da rodovia
que liga Presidente Epitácio a
Teodoro Sampaio. A maioria dos
sem-terra pertencia ao grupo
Central do Brasil, que após três
anos de dissidência, anunciou ontem sua adesão ao MST. "Aqui é
um embrião para o início de uma
caminhada de luta pela reforma
agrária pacífica", disse Rainha.
O cadastramento das famílias
começa a ser feito hoje. A coordenação do MST está providenciando medidas para melhorar a infra-estrutura do local. Um poço
semi-artesiano será feito às margens da rodovia. Além disso, quatro caixas d'água serão espalhadas
ao longo do acampamento. O
movimento também pedirá apoio
do programa Fome Zero para distribuir alimentos às famílias.
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