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São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2003

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TENSÃO NO CAMPO

Líder dos sem-terra coordena invasão de área do governo de SP

Rainha pede presença da PF no Pontal

CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE DA AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE EPITÁCIO

O líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) José Rainha Jr. disse ontem que vai pedir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ação da Polícia Federal na região do Pontal do Paranapanema para a procura de armas com fazendeiros.
"[O presidente Lula] deve mandar a Polícia Federal dar umas voltas nas beiradas dessas fazendas porque tem milícia armada para tudo quanto é lado. E botar na cadeia os dirigentes dessa organização assassina chamada UDR, que já matou milhares [de pessoas] neste país", disse Rainha durante discurso em Presidente Epitácio (655 km a oeste de SP).
Lá o MST inaugurou com um churrasco o que chama de superacampamento, local em que o movimento espera reunir cerca de 5.000 famílias até agosto próximo. Participaram do evento cerca de 500 pessoas, segundo a PF.
Apesar da denúncia, Rainha acredita que na região não há risco imediato de violência ou temor de "várias mortes", como disse à Folha o ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho. "Nós estamos aqui num local onde há terras públicas já declaradas."
Sobre as invasões, Rainha disse que o Brasil "vive um novo tempo" e que Lula tem o "voto de confiança" da organização. "Estou apostando no diálogo e no entendimento que o Lula está fazendo." Mas o sem-terra faz um alerta: "Se na frente houver ocupação será porque fomos derrotados no entendimento e no diálogo".
Rainha considera baixa a meta do governo paulista de assentar até o fim do ano cerca de mil famílias no Pontal: "O governo paulista poderia ter tomado ações mais enérgicas sobre os 100 mil hectares de terras devolutas no Pontal. Ele também sabe que, se as ocupações acontecerem, é pela negligência e inoperância do governo".
O superacampamento inaugurado ontem por Rainha tem hoje cerca de 250 famílias numa área invadida às margens da rodovia que liga Presidente Epitácio a Teodoro Sampaio. A maioria dos sem-terra pertencia ao grupo Central do Brasil, que após três anos de dissidência, anunciou ontem sua adesão ao MST. "Aqui é um embrião para o início de uma caminhada de luta pela reforma agrária pacífica", disse Rainha.
O cadastramento das famílias começa a ser feito hoje. A coordenação do MST está providenciando medidas para melhorar a infra-estrutura do local. Um poço semi-artesiano será feito às margens da rodovia. Além disso, quatro caixas d'água serão espalhadas ao longo do acampamento. O movimento também pedirá apoio do programa Fome Zero para distribuir alimentos às famílias.


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