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PT quer punir quem apoiou comissão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A cúpula do PT decidiu que tratará os deputados federais que
mantiveram a assinatura no pedido de criação da CPI dos Correios
como "bancada paralela", dando
início a um processo de punição
que pode resultar num novo expurgo de rebeldes do partido. Segundo a direção petista, 8 dos 19
petistas que aderiram acabaram
recuando. Sobraram 11, número
considerado alto -mais de 10%
da bancada de 91 deputados.
Em relação ao senador Eduardo
Suplicy (SP), que anunciou que
assinaria o pedido de CPI depois
de a bancada ter decidido em reunião de manhã que não endossaria a investigação, a cúpula do governo espera que ele desista de
concorrer a senador pelo PT. O
próprio Suplicy disse ontem que
poderia pagar esse preço.
A reação ao ato de Suplicy, que
chegou a chorar no Senado, contrariou o ministro José Dirceu
(Casa Civil) e o presidente do PT,
José Genoino, que tentavam retirar assinaturas de petistas e de
aliados ao pedido de CPI. O gesto
enfraqueceu essa operação.
Os 11 deputados que mantiveram o apoio serão internamente
responsabilizados pela cúpula do
PT como os principais responsáveis pelo fracasso do esforço para
retirar as assinaturas. O governo
avalia que foi mais ou menos esse
o número de assinaturas que não
conseguiu reverter.
No final de 2003, primeiro ano
da gestão Luiz Inácio Lula da Silva, radicais petistas, entre eles a
senadora Heloisa Helena (hoje no
PSOL), foram expulsos do PT por
terem se oposto a posições do governo no Congresso.
De início, a intenção da cúpula
petista é excluir esses deputados
das atividades da bancada, impedindo que sejam indicados para
relatorias e postos importantes na
Câmara. Ao longo do ano, durante o processo eleitoral petista para
escolha do novo comando partidário, poderão ser forçados a deixar o partido.
Essa estratégia foi acertada em
reunião ontem de manhã em Brasília da qual participaram Genoino e um grupo de ministros petistas, entre os quais Dirceu, Luiz
Gushiken (Comunicação de Governo), Ricardo Berzoini (Trabalho), Paulo Bernardo (Planejamento) e Nilcéia Freire (Política
para as Mulheres). A reunião
aconteceu na casa de Nilcéia.
Para um membro da cúpula do
PT, os petistas e os aliados que
mantiveram o apoio à CPI passarão a receber um duro tratamento
do governo. "Será um divisor de
águas na relação com o PT e o governo", disse à Folha.
Parte dos 19 parlamentares que
assinaram o pedido de CPI (dois
tiveram sua assinatura questionada) cedeu ao argumento de que a
Comissão Parlamentar de Inquérito passou de questão ética a política. Os discursos duros da oposição na leitura do requerimento
de criação da CPI dos Correios
contribuíram para alguns petistas
recuarem. Os dirigentes petistas
disseram aos membros do partido no Congresso que, se mantivessem as assinaturas, dificultariam a pressão sobre os aliados e
ajudariam a oposição a minar o
PT para as eleições de 2006. Outro
argumento: a Polícia Federal já está agindo rapidamente.
"A CPI é um palco político e pode prejudicar a agenda positiva do
governo federal, da Câmara e do
Senado", disse o líder do PT, o senador Delcídio Amaral (MS).
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ligou para o líder do governo, senador Aloizio Mercadante
(PT-SP), e contribuiu para que
petistas, com exceção de Suplicy,
não mudassem de idéia até a
meia-noite, prazo final para assinar e retirar apoio à CPI. Não aderiram à CPI os senadores Paulo
Paim (RS), Cristovam Buarque
(DF), Serys Slhessarenko (MT),
Tião Viana (AC), Ana Júlia Carepa (PA) e Flávio Arns (PR).
(KENNEDY ALENCAR E FERNANDA KRAKOVICS)
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