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CIRCO POLÍTICO
Após instalação da CPI dos Correios, oposicionistas ironizam petistas; em discurso, Goldman lança o "Fica Lula"
Câmara tem dia de vaias, aplausos e cartazes anti-PT
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A rigor, a instalação da CPI dos
Correios, demorou apenas dois
minutos. Foram outros dois minutos para começar a gritaria, a
tensão e o escracho, numa sessão
que reuniu faixas de gozação,
crianças retiradas das galerias e
muitas vaias e aplausos.
Garantida a criação da comissão, os oposicionistas, triunfais,
tripudiavam e ironizavam os petistas, que, acuados em suas manobras, só podiam reclamar.
Depois de meia hora de clima
pesado, alunos da rede pública
em excursão ao Congresso, foram retirados das galerias pelas
professoras. Isso não constrangeu o vice-líder do governo, João
Leão (PL-BA), que insistia, sem
microfone, que o requerimento
de CPI não era válido.
Alheio, um deputado lia notícias de jornal sobre liberação de
verbas pelo governo para abafar
a CPI e gritou: "Eu também quero minha emenda! Eu também
assinei, também posso revisar
minha assinatura".
No ponto alto da bagunça e
dos discursos inflamados, três
deputados subiram e ficaram
trocando risos e olhares conspiratórios que denunciavam o trote iminente.
Quando o líder do PSDB na
Câmara, Alberto Goldman (SP),
subiu à tribuna para discursar,
abriram uma larga faixa com
uma foto de José Genoino, presidente do PT, e Miro Teixeira
apontando para um mural que
dizia: "Roupa suja se lava na CPI:
Eduardo Jorge, Eletrogangue,
Lalau". No topo: "PT, quem te
viu, quem te vê".
Foi o que bastou para petistas
irromperem em gritos. Henrique Fontana (PT-RS), ao microfone, queixou-se da deslealdade
no ataque. "Isso é muito pior que
a gente no passado!", berrava.
Irritado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), passou a bronca em tom
professoral: "Não vamos permitir esse espetáculo nesta Casa".
Como se nada tivesse ocorrido,
Goldman seguiu falando. Negou
as acusações de que a CPI serviria para "derrubar" governo e
criou novo slogan: "Fica Lula",
contraponto ao "Fora FHC".
"Vamos gritar nas ruas "fica
Lula, fica Lula" até 31 de dezembro de 2006. Queremos derrotá-lo nas urnas", disse, sob aplausos
de oposicionistas.
Não demorou muito para surgir outra faixa. Era o deputado
Jair Bolsonaro (PP-RJ) que exibia o nome "Lulla", fazendo alusão ao logo eleitoral do ex-presidente Fernando Collor de Melo.
O presidente da Câmara, Severino Calvalcanti (PP-PE), impassível durante toda a sessão, não
abriu a boca para falar. Mas ao
seu lado, Renan perdia a paciência, se não o controle total da sessão. Em certo momento, quase
bateu boca com a senadora petista Ideli Salvatti (SC), que exigia a palavra, sob vaias, para falar
de um requerimento já rejeitado.
Aplaudido pela oposição, Renan já tinha pedido para não ser
interrompido, mas teve de cortar
a senadora. "Vossa excelência
não vai mais trazer essa questão
de ordem. Essa questão já foi decidida", disse.
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