|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GOVERNO SOB PRESSÃO
Ex-diretor dos Correios diz que interlocutor sabia de licitações e de indicações políticas
"Consultor" conhecia os bastidores, diz Marinho
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Principal personagem do inquérito que investiga um suposto
esquema de corrupção nos Correios, o servidor Maurício Marinho disse, em depoimento à Polícia Federal, que um suposto consultor que se apresentou como
Goldman -e provavelmente o
filmou- demonstrava conhecer
"todas as licitações passadas e em
andamento da ECT e de outros
órgãos do governo" e "trouxe informações políticas sobre novas
indicações para a Diretoria de
Tecnologia".
De acordo com o que Marinho
disse à PF, Goldman esteve quatro
vezes em seu gabinete, sempre
portando uma maleta preta tipo
007. No terceiro encontro, Goldman "começou a tratar de licitações que tinham ocorrido na área
de tecnologia" dos Correios.
No depoimento à PF, Marinho,
ex-diretor responsável pelas contratações nos Correios -afastado
do cargo, a pedido, desde que a
revista "Veja" divulgou um vídeo
no qual ele recebe R$ 3.000 do suposto consultor- contou que
atendeu Goldman, que disse ser
representante da "Goldman
Equipment", "que daria suporte a
uma multinacional" interessada
no mercado nacional de produtos
e soluções tecnológicos.
Do segundo encontro teria surgido o embrião de um trabalho de
consultoria: Marinho contou à PF
que "falou para o sr. Goldman
que estava prestes a se aposentar e
que tinha interesse em continuar
negócios fora da ECT". Goldman,
então, teria proposto uma parceria para desenvolver projetos.
Na terceira reunião, no fim de
março de 2005, teriam discutido
as nomeações políticas nos Correios. Marinho disse ter informado que Osório, ex-diretor de Administração, era indicação do
PTB e que "as outras diretorias seriam indicação do PMDB, exceto
a Ditec [Tecnologia e Infra-estrutura] e a Diop [Operações], ocupadas por funcionários da ECT".
Na última reunião, Marinho,
usando o que hoje chama de "bravatas" para superfaturar o poder
que realmente tinha, disse que
contava com o aval de Jefferson
para negociatas e recebeu dos interlocutores R$ 3.000. A explicação não convenceu e Marinho
saiu da PF indiciado por corrupção passiva e fraude em licitações.
Texto Anterior: Itamar defende CPI e diz ser "erro fatal" manter Jucá e Meirelles no governo Próximo Texto: Ex-diretor diz ter ficado estarrecido com os Correios Índice
|