São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2005

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GOVERNO SOB PRESSÃO

Ex-diretor dos Correios diz que interlocutor sabia de licitações e de indicações políticas

"Consultor" conhecia os bastidores, diz Marinho

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Principal personagem do inquérito que investiga um suposto esquema de corrupção nos Correios, o servidor Maurício Marinho disse, em depoimento à Polícia Federal, que um suposto consultor que se apresentou como Goldman -e provavelmente o filmou- demonstrava conhecer "todas as licitações passadas e em andamento da ECT e de outros órgãos do governo" e "trouxe informações políticas sobre novas indicações para a Diretoria de Tecnologia".
De acordo com o que Marinho disse à PF, Goldman esteve quatro vezes em seu gabinete, sempre portando uma maleta preta tipo 007. No terceiro encontro, Goldman "começou a tratar de licitações que tinham ocorrido na área de tecnologia" dos Correios.
No depoimento à PF, Marinho, ex-diretor responsável pelas contratações nos Correios -afastado do cargo, a pedido, desde que a revista "Veja" divulgou um vídeo no qual ele recebe R$ 3.000 do suposto consultor- contou que atendeu Goldman, que disse ser representante da "Goldman Equipment", "que daria suporte a uma multinacional" interessada no mercado nacional de produtos e soluções tecnológicos.
Do segundo encontro teria surgido o embrião de um trabalho de consultoria: Marinho contou à PF que "falou para o sr. Goldman que estava prestes a se aposentar e que tinha interesse em continuar negócios fora da ECT". Goldman, então, teria proposto uma parceria para desenvolver projetos.
Na terceira reunião, no fim de março de 2005, teriam discutido as nomeações políticas nos Correios. Marinho disse ter informado que Osório, ex-diretor de Administração, era indicação do PTB e que "as outras diretorias seriam indicação do PMDB, exceto a Ditec [Tecnologia e Infra-estrutura] e a Diop [Operações], ocupadas por funcionários da ECT".
Na última reunião, Marinho, usando o que hoje chama de "bravatas" para superfaturar o poder que realmente tinha, disse que contava com o aval de Jefferson para negociatas e recebeu dos interlocutores R$ 3.000. A explicação não convenceu e Marinho saiu da PF indiciado por corrupção passiva e fraude em licitações.


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