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CAMPO MINADO
Comissão apura transferência de R$ 400 mil da Anca para plano de previdência de dois funcionários da entidade
CPI da Terra identifica "laranjas" do MST
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Como resultado da quebra dos
sigilos fiscal e bancário, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)
da Terra identificou a movimentação de R$ 3,5 milhões da Concrab (Confederação das Cooperativas de Reforma agrária do Brasil), entidade vinculada ao MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra), em nome de
três supostos "laranjas".
A investigação da CPI, cujos trabalhos foram prorrogados ontem
até novembro, também identificou a transferência de R$ 400 mil
da Anca (Associação Nacional de
Cooperação Agrícola) para um
plano de previdência privada de
dois funcionários da entidade.
"Não estamos prejulgando nem
muito menos condenando, mas
há indícios fortes de corrupção
nos caixas dessas entidades", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), presidente da comissão, que
reúne deputados e senadores.
A Folha tentou localizar ontem
os responsáveis pela Anca e pela
Concrab. Deixou recados nas
duas entidades durante o dia, mas
não obteve resposta até o fechamento desta edição.
As duas entidades tidas como
principais braços financeiros do
MST tiveram os sigilos fiscal e
bancário quebrados no ano passado pela CPI da Terra. Anca e
Concrab recorreram ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas
não conseguiram impedir o rastreamento do dinheiro, com origem sobretudo em doações do exterior e verbas públicas. Em seis
anos, as duas entidades teriam
movimentado pelo menos R$
29,9 milhões. Posteriormente, a
CPI também quebrou os sigilos
de uma terceira entidade igualmente ligada ao MST, o Iterra
(Instituto de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária).
"Esse dinheiro é destinado aos
assentamentos, houve pelo menos um desvio de finalidade", disse Álvaro Dias. Ele reconvocou
para a próxima quarta-feira o ex-secretário-executivo da Anca, José Trevisol, o presidente da Concrab, Francisco Dalchiavon, e as
três pessoas identificadas como
responsáveis por movimentações
milionárias: Emerson Rodrigues
da Silva, Edmilson José de Pinho e
Orlando Vieira de Araújo.
"A Polícia Federal já foi acionada caso eles não apareçam no dia
1º", adiantou Álvaro Dias. Os depoentes haviam sido convocados
para anteontem, mas faltaram.
José Trevisol aparece como beneficiário de um depósito de R$
200 mil em plano de previdência
de um banco privado, feito em janeiro de 2003. No mesmo dia, a
Anca depositou mais R$ 200 mil
em plano semelhante em nome
de Selma Aparecida dos Santos,
tesoureira da entidade que mais
movimenta recursos públicos entre as ONGs ligadas ao MST. Entre janeiro de 1998 e abril de 2003,
a CPI identificou a movimentação
de R$ 3,5 milhões por um grupo
de três pessoas, supostos laranjas.
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