|
Texto Anterior | Índice
TODA MÍDIA
Nelson de Sá
O gerente e as bombas
Não foi dos melhores dias
para o presidenciável Geraldo Alckmin, "o gerente". Da
Globo, abrindo o "SPTV" no
meio do dia:
- São Paulo amanheceu relembrando um pesadelo. A
Marginal Tietê debaixo d'água.
Em alguns pontos, rio e pista se
confundiam. Além das vias expressa e local, as ruas do entorno
ficaram submersas.
Pior, "desta vez nem as máquinas da obra de ampliação da
calha escaparam". Ao vivo, diz
então o repórter:
- Governador, fica aquela
sensação de que as obras não deram resultado.
Entra Alckmin:
- Não, as obras deram, sim,
resultado. Ficamos três anos
sem enchente. Tivemos uma
chuva excepcional.
Foi defesa curta e, sem pausa,
"o gerente" passou a responsabilizar a prefeitura:
- Só a ponte das Bandeiras,
onde nós estamos, é que tem sistema de bombeamento. O rio
volta para a calha, mas o trânsito
não libera porque acumula
água... O caminho é colocar
bombas embaixo de todas, e nós
já detectamos as que precisam.
Aí vamos ter um impacto menor na população.
Mais à frente, voltou por contra própria ao assunto:
- Com as bombas, aí nós minimizamos o problema do trânsito nas marginais, que é o que
atrapalha a população.
Falaria mais, mas foi cortado
para as cenas de um resgate com
caiaque e dois botes.
De manhã, ao vivo no "Note e
Anote", da Record, "o gerente"
já havia gasto dez minutos na
mesma tecla:
- O problema agora é debaixo das pontes... Não [falei com o
prefeito], mas o Estado vai ajudar... Só temos bombas aqui na
ponte das Bandeiras... Vamos
entrar em contato com a prefeitura para ajudar na compra ou
aluguel... Vamos ajudar a prefeitura a pôr bomba embaixo de
todas... De todas, só a das Bandeiras tem... O sistema de bombeamento é do município, mas
o Estado vai ajudar.
À noite, ao vivo no "Brasil Urgente", da Band, evitou afinal as
"bombas", mas respondeu sobre a "briga" com o prefeito por
causa da enchente:
- Não há nenhuma briga. O
que nós temos que fazer é trabalhar. Amassar barro, comer
poeira, suar a camisa. No ano
que vem quem vai decidir é o
partido. Aquele que for escolhido, o partido estará junto. Mas
não neste momento.
Minutos depois e, na Globo, lá
estava ele de novo:
- Vamos ajudar a prefeitura
a ter um sistema de bombas e a
erguer as pontes.
Estava encerrando reunião
com os secretários em que, para
a Globo, "ficou decidido que o
governo do Estado vai propor à
prefeitura... bombas".
Foi um dia depois de a Globo,
entre outras, relatar o encontro
dos "quatro presidenciáveis do
PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o prefeito
de São Paulo, José Serra", mais
FHC e Aécio Neves.
E depois de Alckmin, segundo
a Jovem Pan, ser "questionado
sobre uma pesquisa que o aponta como candidato pouco conhecido no restante do Brasil",
ao contrário de Serra.
E depois de um site tucano, o
E-agora, postar uma nota sem
assinatura intitulada:
- Pode não ser Alckmin.
AOS PRANTOS
Reprodução
|
Ilustração ontem no Blog do Colunista |
Os sites noticiosos bem que se
esforçaram, mas muito pouca
coisa aconteceu, desde a leitura
do requerimento da CPI até a
meia-noite.
A Folha Online cobriu o golpe
de teatro, mais um, do senador
petista Eduardo Suplicy, que saiu
anunciando "emocionado", aos prantos, que assinaria o
requerimento da comissão porque assim "é melhor para
o meu partido, é melhor para o presidente Lula, para que
venhamos a refletir melhor".
Foi o pouco que animou também o esforçado "live
blogging" de Ricardo Noblat, no Blog do Colunista, fora
um ou outro parlamentar que tirava ou colocava o nome
no requerimento da CPI. Aqui e ali, Severino Cavalcanti
também chamou a atenção ao anunciar que a comissão
era "fato consumado", na Globo Online. Até Itamar
Franco conseguiu alguma atenção, com críticas à ação
do governo no Congresso.
Finalmente, chegou a Globo News e, três minutos depois da meia-noite, anunciou:
- Pelos cálculos do governo, não foi possível retirar o
número necessário de assinaturas e impedir a instalação
da CPI.
@ - nelsondesa@folhasp.com.br
Pouco imposto
O "New York Times" deu editorial sobre "Crescimento e os
pobres" no Brasil e América Latina. Disse que não tem chegado
aos pobres e responsabilizou o
serviço da dívida externa e o fato
de os governos "tomarem muito
pouco em impostos".
Lucro recorde
O "Financial Times" deu reportagem dizendo que "o forte
crescimento que o Brasil não via
há anos" está "por trás da estelar
performance corporativa":
- As empresas do Brasil informaram lucros recordes no
primeiro trimestre do ano.
Texto Anterior: 2006 em risco: Justiça mantém Rosinha inelegível por três anos Índice
|