São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2008

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Aliança PSDB-DEM deve se repetir em apenas 4 capitais

Na eleição de 2004, tucanos e democratas estiveram juntos em dez capitais; cúpulas dos partidos têm dado aval para o distanciamento

Presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia diz que os problemas atuais podem comprometer o futuro da aliança: "É preciso ter cautela"


MARIA CLARA CABRAL
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Desgastada, a aliança entre os principais partidos de oposição ao governo Lula tende a enfraquecer ainda mais na próxima eleição municipal. O PSDB e o DEM calculam estar coligados em apenas quatro capitais do país. É menos da metade do que ocorreu em 2004, quando "demos" e tucanos estiveram juntos em dez capitais.
Os exemplos mais emblemáticos estão em São Paulo e no Rio, cidades que detêm, respectivamente, em primeiro e segundo lugar, a maior quantidade de eleitores por município.
Há quatro anos PSDB e DEM estiveram juntos nessas duas capitais. Em São Paulo, o tucano José Serra foi candidato a prefeito com Gilberto Kassab (DEM) na vaga de vice. No Rio, Cesar Maia (DEM) concorreu à reeleição e colocou o tucano Otavio Leite como seu vice.
Em grande parte, o distanciamento tem contado com o aval das cúpulas dos partidos. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), foi quem anunciou que Geraldo Alckmin será candidato a prefeito em São Paulo apesar dos esforços de Serra para fazer o partido apoiar a reeleição de Kassab.
No Rio, os tucanos estimularam a candidatura do deputado Fernando Gabeira (PV), o que irritou o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). Ele queria que os tucanos apoiassem Solange Amaral (RJ), lançada por Cesar Maia.
Terceiro e quarto municípios com maior eleitorado, Belo Horizonte e Salvador também estão na lista das capitais em que tucanos e "demos" vão estar em lados opostos. Porém, diferentemente de São Paulo e Rio, o fato é só mais uma repetição do que ocorreu há quatro anos.
No entanto, o processo de formação das chapas está mais danoso para o futuro da relação dos partidos. Na capital baiana, Serra fez uma operação que atrapalhou os planos do deputado ACM Neto, candidato a prefeito pelo DEM. O governador estimulou a aproximação de Antonio Imbassahy (PSDB) e Raimundo Varela (PRB), com quem há meses ACM Neto tentava fechar um acordo. Radialista ligado à Igreja Universal e à Rede Record, Varela aparece bem nas pesquisas, mas não conta com estrutura partidária. Na semana passada, no entanto, o PRB vetou a aliança com o tucano, e Imbassahy anunciou acordo com o PPS.
O deputado baiano reconhece que as questões regionais poderão contaminar a aliança nacional dentre o DEM e o PSDB. "Se as lideranças deixarem correr solto, a fratura e as conseqüências dessas disputas serão inevitáveis", disse.
Oficialmente, as cúpulas do DEM e do PSDB tentam amenizar o racha. Nos bastidores, porém, os ataques são mútuos. Um dirigente tucano chegou a dizer que gostaria que o PPS fosse um partido mais forte para poder substituir o DEM como parceiro. Entre os "demos", há reclamação de que o PSDB não tem se esforçado para promover alianças neste ano. A única exceção é a capital paulista, onde Serra trabalha para fazer o PSDB apoiar Kassab.
Rodrigo Maia admite que os problemas atuais podem comprometer o futuro da aliança: "É preciso ter cautela para que esses movimentos não representem um distanciamento".
Secretário-geral do PSDB, o deputado Rodrigo de Castro (MG) minimiza. "Mantemos a perspectiva de em 2010 caminharmos juntos. Uma coisa [a distância nas principais capitais nas eleições] não exclui as outra [aliança em 2010]", disse.


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