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Lula e Chávez se reúnem em meio a impasses
Agenda inclui financiamento do BNDES à Venezuela, entrada do país no Mercosul e parceria entre petroleiras
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
O presidente venezuelano,
Hugo Chávez, estará hoje em
Salvador para outro de seus encontros trimestrais com o colega Luiz Inácio Lula da Silva. A
ampliação de linhas de financiamento do BNDES à Venezuela será a novidade em meio
a antigos impasses da agenda
bilateral, como a entrada da Venezuela no Mercosul e a parceria entre Petrobras e PDVSA na
refinaria de Pernambuco.
Com problemas de caixa por
causa do baixo preço do petróleo, a Venezuela quer financiamento do BNDES para obras já
em andamento tocadas por
empresas brasileiras. A negociação mais avançada envolve o
empréstimo de US$ 732 milhões para o metrô de Caracas,
sob responsabilidade da Odebrecht. Para garantia dos eventuais empréstimos, Chávez oferece suas reservas de petróleo
como uma das alternativas.
O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia,
afirmou ontem que o Brasil não
teria problema em aceitar petróleo como garantia. Segundo
ele, o Brasil já opera sistema similar com Angola "há anos".
Segundo Garcia, os presidentes também discutirão em Salvador o imbróglio envolvendo a
refinaria Abreu e Lima (PE). O
negócio previa 40% de participação da PDVSA, mas isso até
hoje não se concretizou.
Segundo fontes diplomáticas, as duas partes chegaram a
um acordo sobre a definição do
preço do petróleo venezuelano
a ser importado, mas ainda falta negociar o plano de negócios
da refinaria. Por isso os presidentes devem assinar mais um
acordo para prorrogar por 90
dias o prazo vencido ontem.
Por meio de sua assessoria, a
Petrobras informou que as
obras de terraplanagem e de
construção da casa de força,
que suprirá toda a necessidade
de energia da refinaria, já estão
em andamento. Esses dois contratos somam R$ 1,38 bilhão.
Recentemente, segundo a Petrobras, foram celebrados outros seis grandes contratos no
valor total de R$ 3,04 bilhões
para outras obras da refinaria.
Tampouco havia acordo até
ontem em outro impasse antigo, as negociações técnicas para a entrada da Venezuela no
Mercosul, que deve ser votada
em breve no Senado brasileiro.
No final de abril, o chanceler
Celso Amorim se reuniu com
Chávez e obteve o compromisso de encerrar um programa de
isenção tarifária de cerca de
500 produtos. Na semana passada, porém, uma reunião entre os dois lados realizada em
Brasília não conseguiu encerrar as negociações, que devem
ser retomadas novamente hoje.
O assessor de Lula também
disse que deve ser formalizada
a entrada da Caixa Econômica
Federal na Venezuela para assessorar projetos de habitação.
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