São Paulo, terça-feira, 26 de maio de 2009

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Lula e Chávez se reúnem em meio a impasses

Agenda inclui financiamento do BNDES à Venezuela, entrada do país no Mercosul e parceria entre petroleiras

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, estará hoje em Salvador para outro de seus encontros trimestrais com o colega Luiz Inácio Lula da Silva. A ampliação de linhas de financiamento do BNDES à Venezuela será a novidade em meio a antigos impasses da agenda bilateral, como a entrada da Venezuela no Mercosul e a parceria entre Petrobras e PDVSA na refinaria de Pernambuco.
Com problemas de caixa por causa do baixo preço do petróleo, a Venezuela quer financiamento do BNDES para obras já em andamento tocadas por empresas brasileiras. A negociação mais avançada envolve o empréstimo de US$ 732 milhões para o metrô de Caracas, sob responsabilidade da Odebrecht. Para garantia dos eventuais empréstimos, Chávez oferece suas reservas de petróleo como uma das alternativas.
O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou ontem que o Brasil não teria problema em aceitar petróleo como garantia. Segundo ele, o Brasil já opera sistema similar com Angola "há anos".
Segundo Garcia, os presidentes também discutirão em Salvador o imbróglio envolvendo a refinaria Abreu e Lima (PE). O negócio previa 40% de participação da PDVSA, mas isso até hoje não se concretizou.
Segundo fontes diplomáticas, as duas partes chegaram a um acordo sobre a definição do preço do petróleo venezuelano a ser importado, mas ainda falta negociar o plano de negócios da refinaria. Por isso os presidentes devem assinar mais um acordo para prorrogar por 90 dias o prazo vencido ontem.
Por meio de sua assessoria, a Petrobras informou que as obras de terraplanagem e de construção da casa de força, que suprirá toda a necessidade de energia da refinaria, já estão em andamento. Esses dois contratos somam R$ 1,38 bilhão. Recentemente, segundo a Petrobras, foram celebrados outros seis grandes contratos no valor total de R$ 3,04 bilhões para outras obras da refinaria.
Tampouco havia acordo até ontem em outro impasse antigo, as negociações técnicas para a entrada da Venezuela no Mercosul, que deve ser votada em breve no Senado brasileiro.
No final de abril, o chanceler Celso Amorim se reuniu com Chávez e obteve o compromisso de encerrar um programa de isenção tarifária de cerca de 500 produtos. Na semana passada, porém, uma reunião entre os dois lados realizada em Brasília não conseguiu encerrar as negociações, que devem ser retomadas novamente hoje.
O assessor de Lula também disse que deve ser formalizada a entrada da Caixa Econômica Federal na Venezuela para assessorar projetos de habitação.


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