São Paulo, sábado, 26 de junho de 2004

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SALÁRIO PETISTA

Ex-presidente diz que sempre deixava "margem" para negociar com o Congresso, mas não quis entrar em detalhes

Lula não negociou o mínimo, afirma FHC

DA FOLHA ONLINE

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) disse nesta sexta-feira que faltou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma negociação maior no Congresso na votação do salário mínimo e a criação de uma "margem" para discutir a proposta na Câmara e no Senado.
"Eu sempre negociava no Congresso. Lula insistiu nos R$ 260 o tempo todo. Eu sempre deixei uma margem para negociar com o Congresso. Eu não abria negociação dentro do governo, mandava para o Congresso e sempre deixava uma certa margem de negociação", avaliou.
No seu governo, porém, o ex-presidente sempre conseguiu fazer valer o mínimo que sua equipe econômica julgava viável. Em 2000, por exemplo, a equipe econômica venceu até a resistência do PFL, aliado do governo, que defendia a elevação para R$ 180 (ficou em R$ 151).
No ano anterior, o governo chegou a manobrar para que dois deputados que votariam a favor de um mínimo de R$ 180 cedessem o lugar aos seus suplentes na Comissão de Trabalho da Câmara, que rejeitou a proposta (naquele ano, o valor foi para R$ 136).
Apesar da crítica de ontem, FHC afirmou "não querer entrar em detalhes por saber que as coisas são delicadas". Ele disse que, "propositadamente", não participou das discussões sobre o mínimo no PSDB.
Segundo o ex-presidente, os próprios senadores encontraram, no Orçamento, uma alternativa viável aos R$ 260 determinados por Lula em medida provisória.
"Foram eles [os senadores] que chegaram à conclusão de que tinham de onde tirar os R$ 15 a mais. Como o governo disse "não tenho mais do que isso", o problema é fiscal, de onde é que tira? Eu não sei se tinha ou não tem. Eu não participei dessa discussão de propósito", afirmou.
Ontem, em Nova York, Lula disse que o salário mínimo não pode ser usado "para fazer discurso em época de campanha eleitoral". O presidente voltou a dizer que é "o primeiro brasileiro a querer dar um mínimo maior".
Fernando Henrique falou a jornalistas na sede do instituto que leva o seu nome no Vale do Anhangabaú (região central de São Paulo), depois de uma visita à Bolsa de Mercadorias e Futuros. (VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)


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