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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/O PUBLICITÁRIO
Marcos Valério diz para revista que fez negócios com pecuaristas; em nota, afirma que só se pronunciará na quarta-feira
Publicitário diz que dinheiro era para gado
DA REDAÇÃO
O publicitário mineiro Marcos
Valério Fernandes de Souza afirmou à revista "Veja" ter feito altos
saques em dinheiro para comprar
gado. "Reconheço que já fiz vultosas movimentações financeiras
no Banco Rural. Tenho fazendas,
compro animais. Lido com gado.
Há fazendeiros que simplesmente
não aceitam cheque", afirmou o
publicitário.
Segundo a revista "Veja" desta
semana, técnicos do Banco Central em Belo Horizonte detectaram diversos saques em dinheiro,
de "valores vultosos", de contas
de Valério e empresas suas, no
Banco Rural, na capital mineira.
Reportagem da revista "IstoÉ"
reproduz papéis que mostram saques das empresas do publicitário
no total de R$ 20,9 milhões, entre
julho de 2003 e maio de 2005, nos
caixas do mesmo Banco Rural. De
acordo com a "IstoÉ", os documentos foram entregues ao Ministério Público Federal de São
Paulo e ao Ministério Público Estadual de Minas Gerais, que investigam supostas irregularidades nas movimentações.
Valério disse também ter visitado a assessora-chefe da Casa Civil,
Sandra Cabral, na ante-sala do então ministro da Casa Civil José
Dirceu, "quatro ou cinco vezes".
Segundo o empresário, eles discutiam a possibilidade de Delúbio
Soares, tesoureiro do PT, ser candidato a deputado federal pelo Estado de Goiás. "A Sandra é amiga
do Delúbio e estava preocupada
com a campanha dele", disse à revista "Veja".
O publicitário afirmou não ser
amigo de José Dirceu. "No período em que foi ministro, [estive
com ele] três ou quatro vezes, no
máximo. Por telefone, devo ter falado duas vezes, logo no início do
governo." Segundo ele, os encontros aconteceram "por acaso". "O
Zé é professor de Deus, um cara
muito formal. Temos um relacionamento esparso", disse.
Ministros e BC
Valério afirmou à "Veja" que
freqüentou o Banco Central. "O
Rural [banco] é meu cliente e eu
fiz um favor a ele", disse. Segundo
Valério, existiam alguns títulos de
interesse do Banco Rural no BC.
Ele disse ainda que visitou os gabinetes do ex-ministro dos Transportes, Anderson Adauto, e de
Humberto Costa, da Saúde, para
"discutir política".
"Uma única vez, [estive] com o
ministro Humberto Costa. Discutimos a política em Pernambuco.
Todo mundo sabe que ele quer
ser candidato a governador."
Ao explicar porque foi 13 vezes à
sede do PT em Brasília, Valério
disse: "Fui tomar cafezinho com
meu amigo Delúbio. Discutíamos
futilidades e um pouco de política". "Nunca neguei que sou muito, mas muito amigo mesmo do
Delúbio. Eu sou do interior, bicho
do mato. O Delúbio é goiano, bicho do mato também."
Em nota oficial enviada ontem à
imprensa, a assessoria de Valério
diz que esclarecimentos relativos
"à movimentação financeira e patrimonial" serão feitos na próxima quarta-feira, em depoimento
à comissão de sindicância da Câmara, em Brasília.
Leia a íntegra da nota:
"A propósito das notícias publicadas, neste fim de
semana, em veículos de comunicação, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza informa
que todos os esclarecimentos relativos à movimentação financeira e patrimonial -dele e das
empresas das quais ele participa- serão prestados nos foros adequados, entre os quais a Comissão de Sindicância, instalada pela Corregedoria da
Câmara Federal, em Brasília, onde deporá na próxima quarta-feira."
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