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ELEIÇÕES 2006 / SÃO PAULO
São Paulo não é para candidato de garupa e amador, diz Serra
Em discurso, tucano ironiza "aprendiz" e "pau-mandado", em alusão velada a Mercadante e sua dependência de Lula
Convenção adia definição de vice, que ficará a cargo da Executiva; Sidney Beraldo e Goldman são cotados, mas PMDB não foi descartado
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra,
adiantou ontem o tom de sua
campanha na disputa contra o
senador Aloizio Mercadante
(PT) pelo Palácio dos Bandeirantes: o da experiência administrativa. Sem citar o adversário, Serra disse que, para administrar São Paulo, "é preciso saber governar. Ter experiência
para isso. Feeling".
"São Paulo não é um brinquedo para amadores. Um governador não pode querer pegar carona nem andar na garupa de ninguém. Não é nem pode ser um aprendiz nem pau-mandado", discursou Serra,
numa evidente referência à dependência da candidatura do
PT à do presidente Lula.
Usando expressões bélicas
-como "trincheira" e "batalha
decisiva"- Serra anteviu: "A
batalha de São Paulo vale a pena ser travada e será uma das
maiores da eleição".
Ele antecipou outro argumento de campanha: o da resistência. "São Paulo vai se defender atacando. Sua arma é o voto. São Paulo vai dizer ao país
que rejeita o desmando, o uso
da máquina pública, o aviltamento das instituições, a corrupção e o loteamento político.
Outra alegação é que -"com
a casa arrumada"- não se pode
"permitir que o Estado volte
para trás". Em 29 minutos de
discurso, concluído pelo ex-prefeito às 4h30 de ontem, Serra se emocionou ao citar a história do pai, feirante, como fonte de inspiração. "Todos os dias,
eu sabia que meu pai saía de casa ainda de madrugada para a
batalha diária de ganhar a sobrevivência...", disse ele, embargando a voz e sendo interrompido por gritos de "Serra".
Enquanto o candidato do
PSDB à Presidência, Geraldo
Alckmin, propõe a unificação
das alíquotas do ICMS, Serra
promete "promover alívios nos
impostos e aumentar a eficiência de arrecadação". "Não vacilaremos em utilizar as ferramentas fiscais para facilitar os
investimentos produtivos".
O ex-prefeito disse que, se
eleito, repetirá no Estado experiências como o de duas professoras por sala de alfabetização"
e os AMAs (atendimento médico ambulatorial).
Por insistência de tucanos,
como FHC, Alckmin e o secretário Aloysio Nunes Ferreira,
Serra adiou a escolha do vice. A
decisão foi tomada na tarde de
sábado, no gabinete do presidente estadual do PSDB, Sidney Beraldo. Prestes a escolher
entre Beraldo e o deputado Alberto Goldman, Serra ouviu
que há esperança de acordo
com o PMDB.
Sinal enviado
O PSDB enviou um sinal ao
PMDB ao delegar à Executiva a
escolha do vice. Alckmin chegou a ligar para Michel Temer,
presidente da sigla, pedindo para conversarem. Apesar do aceno, tucanos duvidam do sucesso da negociação e apostam na
chapa puro-sangue.
Aberta a disputa, ontem, os
49 coordenadores regionais do
partido assinaram um documento propondo que o escolhido seja do interior: Beraldo.
Aliados de Goldman lembram
sua origem, inclusive no
PMDB, para defender sua escolha. Serra deve encerrar o assunto nos próximos dias. Até lá,
o PSDB tentará evitar que o
PMDB se aproxime do PT.
Ontem, Mercadante convidou a vereadora Nádia Campeão (PC do B) para ocupar sua
vaga de vice. Além dela, o partido ofereceu o nome do ex-prefeito Gilson Menezes ao petista. Mas o fato de ser mulher e
atuar na capital pesou em favor
de Nádia, que foi secretária de
Esporte do governo Marta.
NA INTERNET - Leia a íntegra do
discurso de José Serra
www.folha.com.br/061764
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