São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / SÃO PAULO

São Paulo não é para candidato de garupa e amador, diz Serra

Em discurso, tucano ironiza "aprendiz" e "pau-mandado", em alusão velada a Mercadante e sua dependência de Lula

Convenção adia definição de vice, que ficará a cargo da Executiva; Sidney Beraldo e Goldman são cotados, mas PMDB não foi descartado

DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, adiantou ontem o tom de sua campanha na disputa contra o senador Aloizio Mercadante (PT) pelo Palácio dos Bandeirantes: o da experiência administrativa. Sem citar o adversário, Serra disse que, para administrar São Paulo, "é preciso saber governar. Ter experiência para isso. Feeling".
"São Paulo não é um brinquedo para amadores. Um governador não pode querer pegar carona nem andar na garupa de ninguém. Não é nem pode ser um aprendiz nem pau-mandado", discursou Serra, numa evidente referência à dependência da candidatura do PT à do presidente Lula.
Usando expressões bélicas -como "trincheira" e "batalha decisiva"- Serra anteviu: "A batalha de São Paulo vale a pena ser travada e será uma das maiores da eleição".
Ele antecipou outro argumento de campanha: o da resistência. "São Paulo vai se defender atacando. Sua arma é o voto. São Paulo vai dizer ao país que rejeita o desmando, o uso da máquina pública, o aviltamento das instituições, a corrupção e o loteamento político.
Outra alegação é que -"com a casa arrumada"- não se pode "permitir que o Estado volte para trás". Em 29 minutos de discurso, concluído pelo ex-prefeito às 4h30 de ontem, Serra se emocionou ao citar a história do pai, feirante, como fonte de inspiração. "Todos os dias, eu sabia que meu pai saía de casa ainda de madrugada para a batalha diária de ganhar a sobrevivência...", disse ele, embargando a voz e sendo interrompido por gritos de "Serra".
Enquanto o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, propõe a unificação das alíquotas do ICMS, Serra promete "promover alívios nos impostos e aumentar a eficiência de arrecadação". "Não vacilaremos em utilizar as ferramentas fiscais para facilitar os investimentos produtivos".
O ex-prefeito disse que, se eleito, repetirá no Estado experiências como o de duas professoras por sala de alfabetização" e os AMAs (atendimento médico ambulatorial).
Por insistência de tucanos, como FHC, Alckmin e o secretário Aloysio Nunes Ferreira, Serra adiou a escolha do vice. A decisão foi tomada na tarde de sábado, no gabinete do presidente estadual do PSDB, Sidney Beraldo. Prestes a escolher entre Beraldo e o deputado Alberto Goldman, Serra ouviu que há esperança de acordo com o PMDB.

Sinal enviado
O PSDB enviou um sinal ao PMDB ao delegar à Executiva a escolha do vice. Alckmin chegou a ligar para Michel Temer, presidente da sigla, pedindo para conversarem. Apesar do aceno, tucanos duvidam do sucesso da negociação e apostam na chapa puro-sangue.
Aberta a disputa, ontem, os 49 coordenadores regionais do partido assinaram um documento propondo que o escolhido seja do interior: Beraldo. Aliados de Goldman lembram sua origem, inclusive no PMDB, para defender sua escolha. Serra deve encerrar o assunto nos próximos dias. Até lá, o PSDB tentará evitar que o PMDB se aproxime do PT.
Ontem, Mercadante convidou a vereadora Nádia Campeão (PC do B) para ocupar sua vaga de vice. Além dela, o partido ofereceu o nome do ex-prefeito Gilson Menezes ao petista. Mas o fato de ser mulher e atuar na capital pesou em favor de Nádia, que foi secretária de Esporte do governo Marta.

NA INTERNET - Leia a íntegra do discurso de José Serra
www.folha.com.br/061764


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