São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Questão de timing

A oposição vai tentar adiar o depoimento à CPI do Apagão Aéreo da Câmara do ex-presidente da Infraero Carlos Wilson, marcado para a próxima quinta.
A data escolhida pelo comando da comissão foi considerada prematura por tucanos, que alegam ser praticamente inócuo ouvir o hoje deputado petista sem ter acesso aos detalhes de auditorias do TCU que apontaram superfaturamento em obras de aeroportos durante sua gestão na estatal, entre 2003 e 2006. PMDB e PT, que tentam esvaziar o potencial desgaste do governo por causa das denúncias de desvios envolvendo a Infraero, alegam não haver problemas na data do depoimento de Wilson, pois as informações conclusivas do tribunal já foram tornadas públicas.

Impossível. Sibá Machado (PT-AC) ligou para José Agripino (RN) logo depois do discurso do líder do DEM contra a demora na definição do novo relator do caso Renan Calheiros (PMDB-AL). Repetiu que não consegue achar voluntários para a missão.

Conversa. Um dos argumentos preferidos dos aliados de Renan, o de que a Polícia Federal teria exorbitado ao examinar os documentos do senador, não resiste nem a um cotejamento histórico: em 2001, coube à Unicamp realizar perícia no violado painel de votações da Casa.

Eu de novo. Romeu Tuma (DEM-SP) já pulou à frente para investigar Joaquim Roriz (PMDB-DF). Sob o argumento de que o telefonema grampeado pela Polícia Civil partiu de um número do Senado, pretende levar o caso para sua corregedoria.

Pela tangente. Questionado por empresários durante palestra em São Paulo a respeito do caso Roriz, o governador José Roberto Arruda (DEM-DF) preferiu tratar de um tema paralelo: defendeu a privatização do BRB, banco onde teria ocorrido o saque de R$ 2 milhões do qual o senador teria se beneficiado.

Aos poucos 1. Sem alarde, o segundo escalão federal vai sendo preenchido. O "Diário Oficial" de ontem trouxe a nomeação de Maya Takagi, da Unicamp e uma das idealizadoras do Fome Zero, para a assessoria especial de Lula.

Aos poucos 2. Também no "DO" de ontem foi publicada a nomeação de Apolinário Rebelo, irmão do deputado e ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PC do B-SP), para a diretoria de programas da Secretaria Executiva do Ministério do Esporte.

Encantado. Presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE) desembarcou ontem no Rio Grande do Sul despejando elogios sobre a governadora e correligionária Yeda Crusius. O senador, porém, chamou-a de Ieda Vargas, a gaúcha que foi Miss Universo em 1963.

Pano rápido. Aliviado com o enterro da CPI da Anatel, o PSDB diz que finalmente partirá para a defesa da privatização das teles. Tucanos usarão a tribuna da Câmara e do Senado para esgrimir números que mostrem a evolução do setor após o processo.

DataCesar. Em visita a Buenos Aires, onde esteve para acompanhar a eleição, Cesar Maia (DEM) usou táxi oito vezes. Em todas, segundo o prefeito do Rio, o tema dos motoristas era a corrupção dos políticos. "Não escapava ninguém de partido nenhum", diz. "Dois deles disseram que votariam no Macri, pois ele é tão rico que a chance de roubar seria menor".

Mais uma. PDT e parte do PSB articulam apoio de PP, PR e PTB, avessos ao sistema de listas, para sua proposta de plebiscito em 2008 sobre a reforma política -que em tese deve ir a voto amanhã.

Didático. Flávio Dino (PC do B-MA), articulador da "lista mista", que une a maioria do PT, do PMDB e do DEM, preparou resumo da proposta e distribui cópias aos colegas.

Tiroteio

Na hora em que mandarem esse processo para o Supremo, os ministros vão fazer um aviãozinho e remetê-lo de volta ao Conselho.


De DEMÓSTENES TORRES (DEM-GO), defendendo a prerrogativa do Conselho de Ética do Senado de investigar o caso Renan Calheiros.

Contraponto

Sem extras

A biografia do ex-governador do Rio Grande do Sul Ildo Meneghetti (1895-1980), "Baile de Cobras", que será lançada nas próximas semanas, narra uma visita do então presidente Getúlio Vargas a Porto Alegre em 1952, quando Meneghetti era prefeito. Adversário político de Meneghetti, o petebista fora convidado a inaugurar um conjunto de casas populares construídas com recursos federais. No evento, o prefeito entregou um cheque ao presidente.
-O que é isso?-, espantou-se Getúlio.
-É o que sobrou da construção das casas.
-Nunca vi sobrar dinheiro em obra pública!
-É que aqui só aplicamos o dinheiro na obra mesmo...


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