São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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Justiça remete caso Vavá para São Bernardo

Juiz aceita denúncia contra 39 acusados na Operação Xeque-Mate; empresário nega integrar máfia

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O juiz da 5ª Vara Federal de Campo Grande (MS), Dalton Igor Kita Conrado, aceitou, na sexta-feira, a denúncia do Ministério Público Federal contra 39 acusados de pertencer à máfia dos caça-níqueis, incluindo Dario Morelli Filho, compadre do presidente Lula.
A informação é do cartório da 5ª Vara Federal. Com isso, os denunciados passam a ser réus.
Com relação ao irmão de Lula, o aposentado Genival Inácio da Silva, o Vavá, que não foi denunciado pelo MPF, o juiz mandou o caso à Justiça Federal de São Bernardo do Campo (SP) com cópia do inquérito.
O MPF pediu o envio do processo à cidade onde Vavá mora para que ocorra investigação sobre suposto lobby feito pelo irmão do presidente. A Justiça Federal de São Bernardo decidirá se haverá nova investigação, provavelmente após consultar o MPF em São Paulo.
Vavá chegou a ser indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de tráfico de influência e exploração de prestígio, no dia 4 de junho, início da Operação Xeque-Mate, voltada contra a máfia dos caça-níqueis. Segundo a PF, Vavá pedia dinheiro ao empresário de jogos Nilton Cezar Servo -que foi denunciado por formação de quadrilha, contrabando, falsidade ideológica e corrupção de policiais.
Para o MPF, não "havia informações suficientes" sobre lobby praticado por Vavá nem "elementos que indiquem a participação em qualquer uma das quadrilhas denunciadas".
Apontado pela PF como sócio de Servo em uma casa de jogos, Morelli responderá por contrabando de componentes de caça-níqueis, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Nesse último crime Morelli foi denunciado porque a casa de jogos, segundo a PF, estava em nome de um laranja.
Em depoimento à PF, Morelli afirmou que recebia salário de R$ 1.500 de Servo para cuidar uma vez por semana "da parte contábil e financeira" da casa. Na denúncia, o MPF diz que na casa de Morelli foram apreendidas, no dia 4 de junho, notas fiscais emitidas pela Paradise Games, fabricante de caça-níqueis, e documentos da movimentação financeira diária e semanal da casa de jogos.

Outro lado
A reportagem não localizou ontem o advogado Milton Fernando Talzi. Em entrevistas anteriores, o advogado disse que Morelli não é dono de caça-níqueis e que, portando, não cometeu crimes de contrabando, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
Desde a semana passada, a reportagem tenta falar com Nelson Passos Alfonso, advogado de Vavá. Em depoimento à PF, Vavá disse que não pedia dinheiro a Servo para fazer lobby. Disse apenas ter pedido emprestado R$ 2.000 para pagar uma conta.
Servo confirma a versão de Vavá, mas diz que o irmão do presidente pediu de "R$ 10 mil a R$ 15 mil" e recebeu R$ 6.000 em dinheiro. O empréstimo, diz Servo, foi por amizade. O empresário, que ainda está preso, afirma que operava os caça-níqueis com autorização judicial. Ele nega pertencer à suposta máfia dos jogos.


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