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Justiça remete caso Vavá para São Bernardo
Juiz aceita denúncia contra 39 acusados na Operação Xeque-Mate; empresário nega integrar máfia
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O juiz da 5ª Vara Federal de
Campo Grande (MS), Dalton
Igor Kita Conrado, aceitou, na
sexta-feira, a denúncia do Ministério Público Federal contra
39 acusados de pertencer à máfia dos caça-níqueis, incluindo
Dario Morelli Filho, compadre
do presidente Lula.
A informação é do cartório da
5ª Vara Federal. Com isso, os
denunciados passam a ser réus.
Com relação ao irmão de Lula, o aposentado Genival Inácio
da Silva, o Vavá, que não foi denunciado pelo MPF, o juiz
mandou o caso à Justiça Federal de São Bernardo do Campo
(SP) com cópia do inquérito.
O MPF pediu o envio do processo à cidade onde Vavá mora
para que ocorra investigação
sobre suposto lobby feito pelo
irmão do presidente. A Justiça
Federal de São Bernardo decidirá se haverá nova investigação, provavelmente após consultar o MPF em São Paulo.
Vavá chegou a ser indiciado
pela Polícia Federal sob suspeita de tráfico de influência e exploração de prestígio, no dia 4
de junho, início da Operação
Xeque-Mate, voltada contra a
máfia dos caça-níqueis. Segundo a PF, Vavá pedia dinheiro ao
empresário de jogos Nilton Cezar Servo -que foi denunciado
por formação de quadrilha,
contrabando, falsidade ideológica e corrupção de policiais.
Para o MPF, não "havia informações suficientes" sobre
lobby praticado por Vavá nem
"elementos que indiquem a
participação em qualquer uma
das quadrilhas denunciadas".
Apontado pela PF como sócio de Servo em uma casa de jogos, Morelli responderá por
contrabando de componentes
de caça-níqueis, formação de
quadrilha e falsidade ideológica. Nesse último crime Morelli
foi denunciado porque a casa
de jogos, segundo a PF, estava
em nome de um laranja.
Em depoimento à PF, Morelli afirmou que recebia salário
de R$ 1.500 de Servo para cuidar uma vez por semana "da
parte contábil e financeira" da
casa. Na denúncia, o MPF diz
que na casa de Morelli foram
apreendidas, no dia 4 de junho,
notas fiscais emitidas pela Paradise Games, fabricante de caça-níqueis, e documentos da
movimentação financeira diária e semanal da casa de jogos.
Outro lado
A reportagem não localizou
ontem o advogado Milton Fernando Talzi. Em entrevistas
anteriores, o advogado disse
que Morelli não é dono de caça-níqueis e que, portando, não
cometeu crimes de contrabando, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
Desde a semana passada, a
reportagem tenta falar com
Nelson Passos Alfonso, advogado de Vavá. Em depoimento à
PF, Vavá disse que não pedia
dinheiro a Servo para fazer
lobby. Disse apenas ter pedido
emprestado R$ 2.000 para pagar uma conta.
Servo confirma a versão de
Vavá, mas diz que o irmão do
presidente pediu de "R$ 10 mil
a R$ 15 mil" e recebeu R$ 6.000
em dinheiro. O empréstimo,
diz Servo, foi por amizade. O
empresário, que ainda está preso, afirma que operava os caça-níqueis com autorização judicial. Ele nega pertencer à suposta máfia dos jogos.
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