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Aparelhamento do Estado é herança de Lula, diz Aécio
Petista não aproveita sua alta popularidade e a base de apoio no Congresso para aprovar projetos como a reforma política, diz tucano
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Um dos cotados para disputar a Presidência em 2010, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), afirmou ontem em Curitiba que o aparelhamento do Estado pelo PT é
"a principal herança" que o governo Lula deixa para o país no
campo político.
Aécio criticou o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva por
"perder a oportunidade" de se
valer da popularidade elevada e
da sustentação ampla no Congresso para tocar projetos como a reforma política.
"A principal herança que o
governo do PT vai deixar, falando apenas na abordagem política, é o aparelhamento indiscriminado da máquina pública e a
criação de cargos sem necessidade, que leva o Brasil a ter gastos correntes crescendo mais
que a economia", afirmou.
Aécio disse ainda que o aparelhamento supostamente promovido nos governos do PT
"não se traduz em eficiência e
gera outros problemas que, infelizmente, quase que nos acostumamos a ter, que são os problemas de ética". Segundo ele,
"as gorduras ganhas no setor
público" com os ministérios
criados por Lula "podem ser o
que justifica o Brasil [estar]
com um crescimento muito
pouco expressivo em relação ao
crescimento mundial".
A caminho de um encontro
do PSDB em Porto Alegre -o
partido completou 19 anos ontem-, Aécio parou na capital
paranaense para participar de
uma homenagem de industriais de Curitiba ao prefeito da
cidade, Beto Richa (PSDB).
O encontro foi num almoço
em que o governador Aécio teve espaço para discursar para
cerca de 300 empresários e administradores municipais. Em
seu discurso, ele disse que o governo Lula e sua base aliada foram lentos na condução da reforma tributária no Congresso.
O governador mineiro foi
questionado se estava viajando
na condição de pré-candidato.
"Em absoluto. O PSDB é um
partido ajuizado", disse, afirmando que, por ser governador
de um Estado com mais de 20
milhões de pessoas, "seria um
desrespeito se invertesse a ordem das prioridades".
Depois de dizer que sua prioridade é fazer os mineiros que
lhe deram a reeleição "terem
orgulho" de seu segundo mandato, Aécio afirmou que o
PSDB "não acredita em candidato fruto de vontade pessoal
ou de um grupo".
Aécio disse achar que o candidato presidencial "precisa ter
uma grande dose de naturalidade". "O PSDB tem que construir não uma candidatura mas
um projeto de transformação e
uma aliança política", afirmou,
para voltar a criticar o presidente Lula: "Assistimos a duas
eleições sucessivas nas quais
houve provavelmente um projeto de poder, não de governo".
Recentemente chegou a se
cogitar que o governador mineiro poderia trocar o PSDB
pelo PMDB, dentro de uma estratégia de costura de aliança
para sua candidatura presidencial. Ele e a cúpula do PSDB negaram essa possibilidade.
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