São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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Aparelhamento do Estado é herança de Lula, diz Aécio

Petista não aproveita sua alta popularidade e a base de apoio no Congresso para aprovar projetos como a reforma política, diz tucano

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Um dos cotados para disputar a Presidência em 2010, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), afirmou ontem em Curitiba que o aparelhamento do Estado pelo PT é "a principal herança" que o governo Lula deixa para o país no campo político.
Aécio criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por "perder a oportunidade" de se valer da popularidade elevada e da sustentação ampla no Congresso para tocar projetos como a reforma política.
"A principal herança que o governo do PT vai deixar, falando apenas na abordagem política, é o aparelhamento indiscriminado da máquina pública e a criação de cargos sem necessidade, que leva o Brasil a ter gastos correntes crescendo mais que a economia", afirmou.
Aécio disse ainda que o aparelhamento supostamente promovido nos governos do PT "não se traduz em eficiência e gera outros problemas que, infelizmente, quase que nos acostumamos a ter, que são os problemas de ética". Segundo ele, "as gorduras ganhas no setor público" com os ministérios criados por Lula "podem ser o que justifica o Brasil [estar] com um crescimento muito pouco expressivo em relação ao crescimento mundial".
A caminho de um encontro do PSDB em Porto Alegre -o partido completou 19 anos ontem-, Aécio parou na capital paranaense para participar de uma homenagem de industriais de Curitiba ao prefeito da cidade, Beto Richa (PSDB).
O encontro foi num almoço em que o governador Aécio teve espaço para discursar para cerca de 300 empresários e administradores municipais. Em seu discurso, ele disse que o governo Lula e sua base aliada foram lentos na condução da reforma tributária no Congresso.
O governador mineiro foi questionado se estava viajando na condição de pré-candidato. "Em absoluto. O PSDB é um partido ajuizado", disse, afirmando que, por ser governador de um Estado com mais de 20 milhões de pessoas, "seria um desrespeito se invertesse a ordem das prioridades".
Depois de dizer que sua prioridade é fazer os mineiros que lhe deram a reeleição "terem orgulho" de seu segundo mandato, Aécio afirmou que o PSDB "não acredita em candidato fruto de vontade pessoal ou de um grupo".
Aécio disse achar que o candidato presidencial "precisa ter uma grande dose de naturalidade". "O PSDB tem que construir não uma candidatura mas um projeto de transformação e uma aliança política", afirmou, para voltar a criticar o presidente Lula: "Assistimos a duas eleições sucessivas nas quais houve provavelmente um projeto de poder, não de governo".
Recentemente chegou a se cogitar que o governador mineiro poderia trocar o PSDB pelo PMDB, dentro de uma estratégia de costura de aliança para sua candidatura presidencial. Ele e a cúpula do PSDB negaram essa possibilidade.


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