São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 2009

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Família Sarney emprega mais nove aliados

Entre os beneficiados está Chiquinho Escórcio, "faz-tudo" do clã em Brasília, cujas filha e mulher também têm cargos no Senado

Responsável pelo blog de Sarney, Said Dib está lotado na Direção Geral, segundo ele, por decisão de Agaciel Maia, do grupo do senador

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A teia de nomeações políticas nos gabinetes do grupo liderado pelo senador José Sarney (PMDB-AP) mostra pelo menos nove novos casos de aparelhamento envolvendo o clã. Os dados estão disponíveis desde anteontem na página do Senado na internet.
Principal "faz-tudo" da família em Brasília, o ex-deputado Chiquinho Escórcio foi recompensado com empregos para sua mulher, Alba Leide Nunes Lima, e sua filha, Juliana.
Alba trabalha desde março de 2008 no gabinete pessoal de Sarney. Juliana acaba de ganhar uma nomeação no gabinete do senador Mauro Fecury (PMDB-MA), que assumiu a vaga deixada por Roseana Sarney (PMDB), que assumiu o governo do Maranhão.
Escórcio também está de emprego novo. Foi nomeado por Roseana representante do governo em Brasília, cargo com status de secretário estadual.
Há dois anos, ele foi acusado de espionar os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO) por orientação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), de quem era assessor especial. Escórcio negou a denúncia.
Usando um mecanismo regimental polêmico, Sarney encaixou na estrutura da Direção Geral seu assessor de imprensa para o Amapá, Said Dib. Sem vagas disponíveis em seu gabinete, ele pediu ajuda ao então diretor-geral Agaciel Maia, segundo Dib. "O presidente Sarney pediu para o Agaciel encontrar uma solução para me manter como assessor, e a solução foi uma lotação na Direção Geral", afirmou o assessor, que cuida do blog de Sarney.
Na Direção Geral, ninguém conhece Dib. O regimento interno do Senado é omisso quanto a assessores lotados em um lugar que trabalham em outro. Segundo a assessoria da Casa, casos assim "podem" ser autorizados, mas não houve resposta sobre esse exemplo.
Em seu gabinete, Sarney deu emprego ainda para três antigos aliados políticos: seu suplente Jorge Nova da Costa (conforme revelou ontem a coluna "Painel"), o ex-presidente do PMDB do Amapá Raimundo Azevedo Costa e o ex-secretário estadual no Maranhão Wilson Ramos Neiva.
Uma outra ex-secretária do governo do Maranhão, Marilia Lameiras, trabalha como assessora no gabinete de Fecury.
Fecury, além de dar emprego para a filha de Escórcio, também abriga mais um membro da nova geração do clã. Trata-se de Luiz Carlos Bello Parga Júnior, que é filho do ex-senador maranhense Bello Parga, já morto -o mesmo que ocupou o apartamento funcional destinado a Sarney em Brasília.
No gabinete de Edison Lobão Filho (PMDB-MA), filho do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, está lotado desde junho de 2004 o servidor Antônio Leonardo Gomes Neto.
Gomes Neto é executivo do Sistema Difusora de Comunicação, de propriedade da família Lobão. Segundo a assessoria do senador, ele se afastou das empresas em 2008. Mas, na sede do grupo, em São Luís, a informação é que Gomes Neto ainda é superintendente, com direito a uma sala.
Desde que começou a onda de escândalos do Senado, diversos casos de nomeações políticas do grupo de Sarney vieram à tona. Entre eles, as de um neto e duas sobrinhas do presidente da Casa.
Também foi revelado que a filha do ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, Nathalie Rondeau, foi nomeada em 2005 para um cargo no conselho editorial do Senado.


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