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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS PROVAS
Retiradas de beneficiários identificados pela CPI dos Correios já ultrapassam R$ 35 milhões
CPI identifica sacadores de mais R$ 9,6 mi de Valério
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
MARTA SALOMON
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Correios identificou
novos saques e transferências milionários nas contas de empresas
das quais o publicitário mineiro
Marcos Valério de Souza é sócio.
As transações, destinadas a
duas empresas, duas associação
de juízes, uma associação de organizações não governamentais e
uma frente de prefeitos, somam
pelo menos R$ 9,6 milhões.
Com isso, as retiradas das empresas de Marcos Valério com beneficiários já identificados ultrapassam R$ 35 milhões.
A Guaranhuns Empreendimentos, Intermediações e Participações Ltda., cujo endereço anotado
no banco é o de uma galeria na
avenida São Luiz, na região central de São Paulo, retirou mais de
R$ 6 milhões em 2003. Os saques
foram feitos por meio de cheques
nominais, na agência do Banco
Rural em Brasília.
A CPI também localizou ontem
o primeiro dos grandes depósitos
feitos na conta da DNA Propaganda no Banco do Brasil.
A empresa de telefonia Telemig
Celular, de Minas Gerais, controlada pelo banqueiro Daniel Dantas, depositou cerca de R$ 13 milhões na conta da agência.
A Telemig é cliente da DNA
mas, mesmo assim, os pagamentos feitos pela companhia telefônica foram descritos em relatório
do Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras) como
"operações atípicas".
O deputado Antonio Carlos
Magalhães Neto (PFL-BA) e o senador Álvaro Dias (PSDB-PR),
integrantes da comissão, desconfiam das transferências para a
Guaranhuns. "É a terceira maior
beneficiária de saques da agência
de Marcos Valério e vamos ter de
identificar quem é quem", afirmou ACM Neto.
Maiores saques
Até ontem, os maiores saques
identificados nas contas das empresas de Marcos Valério eram os
realizados pela diretora financeira
da SMPB, Simone Vasconcelos,
que retirou R$ 6,1 milhões, e pelo
policial civil Davi Rodrigues Alves, que sacou R$ 4,9 milhões.
Além disso, novas movimentações bancárias da corretora Bonus-Banval, de São Paulo, onde
trabalhou a filha do líder do PP na
Câmara, José Janene (PR), complicam ainda mais a situação do
parlamentar.
Ele é acusado pelo deputado
Roberto Jefferson (PTB-RJ) de
participar do "mensalão".
O Coaf já havia identificado um
saque de R$ 255 mil da conta da
DNA Propaganda, em 10 de setembro de 2004, feito por Benoni
Nascimento de Moura, funcionário da corretora onde trabalhou
Michelle Kremmer Janene.
Agora, dados do Banco Rural
demonstram que a corretora foi
destinatária de R$ 2,940 milhões
da 2S Participações. Segundo relatório do Coaf, a 2S movimentou
R$ 26,4 milhões em cerca de dois
anos. A empresa foi montada em
nome de funcionários de Valério
e seu capital é de R$ 1.000. Em
2004, a movimentação de seu caixa foi de R$ 20,2 milhões.
A maioria dos transações financeiras envolvendo a Bonus-Banval e a 2S Participações aconteceu
em maio do ano passado. Das cinco operações, quatro foram registradas nesse mês e uma em fevereiro do mesmo ano.
Entidades
Segundo parlamentares que tiveram acesso aos documentos, a
Abong (Associação Brasileira de
Organizações Não Governamentais) recebeu R$ 500 mil da DNA
Propaganda na conta do Banco
do Brasil.
A Frente Nacional de Prefeitos
recebeu, em 7 de janeiro deste
ano, uma transferência da DNA
no valor de R$ 90,5 mil. O responsável pela organização é o ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Velloso
Lucas (PSDB).
A DNA também repassou R$ 70
mil para a Ajufer (Associação de
Juízes Federais da 1ª Região) e
R$ 140 mil para o Instituto dos
Magistrados do Distrito Federal,
segundo os parlamentares que
analisaram os documentos.
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